Ronaldo Rodrigues
Localizada na Rua 24 de Outubro, a Casa das Molduras consolidou-se como um dos principais espaços de venda e restauro de obras de arte em Mato Grosso.

Com mais de três décadas desde a sua fundação, a empresa tem aberto espaço para artistas emergentes e consolidados no estado, atuando como um importante ponto de mediação entre criadores e entusiastas das artes plásticas mato-grossenses.
Diante da experiência acumulada no setor, a empresária Márcia Roque destacou o crescimento da arte mato-grossense e sua consolidação como um meio de expressão de relevância nacional.
“Quem gosta, quem entende um pouco mais de arte, já vinha de fora para comprar nossas obras aqui. Hoje, com a divulgação nas redes sociais, isso ficou ainda mais fácil. Vendo muita coisa para fora de MT, até fora do Brasil”, afirmou Márcia.
O interesse crescente pelas obras produzidas em Mato Grosso se deve, principalmente, à acessibilidade e à divulgação proporcionadas pelas redes sociais, além da participação frequente de artistas locais em exposições de relevância nacional e internacional.
Um exemplo é o do artista plástico Gervane de Paula, que no início do ano teve 58 obras expostas em três salas no Museu de Arte Pinacoteca (SP) e, atualmente, participa da 36ª Bienal de Arte de São Paulo, considerada a maior da América Latina.
Yasmin Silva/MidiaNews
“Tem vários galeristas de fora que estão fechando com artistas nossos. O Gervane [de Paula] está na Bienal; o Paulo Pires, que é escultor de Rondonópolis, está com uma galeria de fora; Miguel Penha, Humberto Espíndola... Os galeristas têm vindo buscar nossos artistas aqui”, relatou Márcia Roque.
Segundo a empresária, um dos traços que mais atraem os entusiastas de outras regiões é o uso intenso das cores e a estética naïf presente nas produções locais. A arte naïf se caracteriza pela originalidade e valorização de processos autodidatas ou espontâneos, muitas vezes desvinculados das técnicas acadêmicas tradicionais.
“Eles usam cores puras. Você não vê muita mistura; é uma arte muito alegre. Enquanto em outros lugares predominam tons pastéis, aqui sempre se pintou com cores vivas. Talvez seja por causa do nosso calor”, comentou.
Diante do crescimento do interesse pela produção artística local, Márcia avaliou o mercado como um setor em potencial para investimentos e reforçou: “É hora de comprar [produções artísticas]”.
Casa das Molduras

Essa relação com o espaço e as obras de arte é antiga. Criada há mais de três décadas pelo empresário Ronaldo Rodrigues, a Casa das Molduras começou como uma vidraçaria simples, inaugurada em meados de 1989.
Yasmin Silva/MidiaNews
Pouco tempo depois, um funcionário sugeriu que a loja expandisse suas áreas de atuação e começasse a oferecer molduras aos clientes. Anos mais tarde, ocorreu uma nova repaginada natural no negócio, alinhando serviços à crescente demanda por arte na região.
O estabelecimento também se beneficiou da proximidade de ateliês de artistas locais, como Jonas Barros, Benedito Nunes e Gervane de Paula, que se instalaram próximo ao centro da cidade. Essa convivência impulsionou a criação de um espaço para exposição e venda de obras de arte.
“A gente tinha como vizinho Jonas Barros. Logo depois montaram aqui na rua um ateliê do Gervane, do Jonas e do Benedito Nunes. Fomos pegando esse amor, essa amizade, conhecendo outras pessoas como Adir Sodré. Isso levou a nos apaixonar por obras de arte. E daí surgiu o que temos hoje: um pequeno acervo”, relatou Márcia.
Com a expansão dos serviços, o espaço também cresceu. Hoje, a Casa das Molduras está repleta de obras de artistas locais e exibe trabalhos de nomes como Julio Cesar, Adir Sodré, Dalva de Barros, Benedito Nunes, Gervane de Paula, Rita Ximenezes, Humberto Espíndola e Sebastião Silva, entre outros de relevância regional.
Diante da oferta de obras, surgiu também a demanda pelo restauro das peças que se deterioram com o tempo. Foi então que Ronaldo se especializou e atualmente atua com o restauro de obras de arte.
“Tem bastante trabalho. A gente tem muita demanda em telas para restauro, porque a própria loja já atrai as peças — elas chegam até aqui com a moldura”, relatou Ronaldo.
Yasmin Silva/MidiaNews
Ronaldo também se dedica à gestão e produção da loja, exibindo entre as obras itens de relevância histórica, como a caixa de gravação de sua infância, a primeira nota promissória da loja e uma fotografia da fachada original, preservando a memória do espaço que hoje é ponto de encontro entre artistas.
A história da loja está em exposição, assim como obras marcantes da arte mato-grossense. Diante da relevância do setor, Márcia destacou a falta de espaços públicos para visitação no estado.
“Nós não temos nem galeria, nem museu para você… Por isso o pessoal vem aqui. Os artistas falam: ‘Vai lá na Casa das Molduras’. Não existe um espaço aberto e contínuo com o acervo do estado ou da prefeitura. Onde está isso? Para as pessoas verem. E nós temos um acervo muito bom no estado”, concluiu.
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