Cuiabá, Segunda-Feira, 8 de Dezembro de 2025
POUCOS INCENTIVOS
21.11.2014 | 15h58 Tamanho do texto A- A+

“CNJ condena MT a ter juízes medíocres no futuro”

Para Arimatéa, juízes precisam ter atrativos para atuar em locais distantes

Divulgação

José Arimatéa defende pagamento diferenciado a juízes em comarcas de difícil acesso

José Arimatéa defende pagamento diferenciado a juízes em comarcas de difícil acesso

LUCAS RODRIGUES
DO MIDIAJUR
A atual política do Conselho Nacional de Justiça em padronizar os salários e benefícios concedidos aos magistrados foi duramente criticada pelo juiz José Arimatéa, que dirige o Departamento de Defesa de Prerrogativas da Associação Mato-grossense de Magistrados (Amam) e concorre à presidência da associação.

Arimatéa acredita que o fato de um juiz receber a mesma remuneração para atuar em São Paulo ou em uma cidade do interior de Mato Grosso irá fazer com que os bons profissionais não tenham interesse em ingressar na magistratura mato-grossense.

“O cara vai querer ser juiz lá em Araçatuba (SP) ou em Apiacás (MT), ganhando o mesmo valor? O que acontece é que para o Amazonas, Pará, Mato Grosso, Amapá, vão sobrar os piores profissionais. Os melhores vão ficar em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul. Por quê? Porque tem uma melhor qualidade de vida, mais acesso à saúde, educação, menos dificuldades”, disse ele.

Daqui a 10 ou 20 anos, segundo Arimatéa, esse sistema poderá fazer com que os Estados com maiores dificuldades geográficas, como é o caso de Mato Grosso, só recebam juízes “medíocres ou desonestos”.

“Ou o cara é ruim tecnicamente e virá para cá porque não consegue emprego em lugar nenhum ou virá só para fazer rolo e praticar atos de desonestidade, usar a magistratura para ficar rico”, opinou.

Equiparação questionada

Caso vença a disputa para a presidência da Amam, que será realizada no dia sete de dezembro, Arimatéa assegurou que irá buscar junto ao CNJ mais autonomia aos Estados no que tange à remuneração e benefícios dados aos juízes.

“Temos que abrir os olhos do CNJ e mostrar que ele está condenando alguns estados como Mato Grosso e Amapá a ter os piores profissionais da área jurídica. O tribunal paga o auxílio-moradia, que muitos Estados não pagavam, o que aliviava um pouco. Agora todos os Estados estão pagando. Se Mato Grosso quer pagar melhor para ter melhores profissionais, o CNJ deveria deixar pagar”, apontou.

Para o juiz, uma das medidas que podem ser tomadas, a nível estadual, para evitar esse “estrago”, é a própria discussão de maiores benefícios aos magistrados que atuam em comarcas de difícil acesso.

“A atual verba paga ao magistrado que atua em comarcas distantes é pontual, em um percentual muito baixo. O Código de Organização Judiciária Estadual (COJE) poderia prever algumas vantagens a juízes que atuam em comarcas que exigem muito sacrifício. Não só a juízes, mas a todos os servidores públicos, para compensar. Para a gente manter esse equilíbrio e ter o mesmo nível de profissionais que têm em São Paulo e Rio de Janeiro, temos que pagar mais”, ressaltou.

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COMENTÁRIOS
8 Comentário(s).

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Ricardo Kawasaki  23.11.14 01h04
Ricardo Kawasaki, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas
Dr. JOÃO OSORIO DOS SANTOS  22.11.14 09h33
Parabens Dr. Arimateia pela reportagem, critica forte, só esqueceu dizer que o Brasil foi colonizado por Bandeirante Portugueses e habitado por escravos chefiados por prisioneiros dos paises da Europa que foram trazidos para a terra descoberta Brasil. O defeito da Justiça brasileiro, vem desdes seu descobrimento. Pais que tem leis com entendimentos e interpretações diferente. A exemplo da nova lei de Mandado de Segurança. Art. 23, prazo de 120 dia para sua impetração, para uns tipo de brasileiro começa contar da data da ciência do ato praticado pela Autoridade, para outros da data da Publicação do Ato. Brasil de dois tipo de pessoa. Essa e do STF. CELSO DE MELO. Esse tipo de coisa faz com que parabenizo pela sua comentário.
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André   22.11.14 08h13
Ate era a favor de que o magistrado tivesse uma alta remuneração e com ótimos benefícios mas depois que ingressei com uma ação judicial no juizado, e depois de muito, a liminar concedida pela magistrada esta operadora nao cumpri sendo que a magistrada nessa mesma sentença,devido ao nao cumprimento da liminar,aumentou o valor da multa.A operadora de telefonia recorreu como sempre,para protelar o cumprimento da decisão e para ferrar ainda mais o pobre do consumidor.Peticionei com pedido de e execução das astreintes ou seja da multa,sabe o que aconteceu?Aminha juíza que sentenciou para o pagamento da multa,revogou a liminar,Ah!querem saber qual foi a decisão na turma recursal?Depois de anos de espera ,o magistrado reduziu para 2 mil reais o valor da condenação, e ainda disse que esse valor era mais que suficiente para o caso.Diante disso,depois que pagar por três anos um serviço de internet que nunca me foi disponibilizado,contratar advogado,gastos na locomoção mudei minha opinião e quero que esses magistrados sobrevivam com esses 2 mil reais que o juiz disse que é o mais que suficiente, se o juiz acha que ganham pouco,imagina o advogado?Que além de ter todo o trabalho técnico na defesa dos direitos do consumindor vê se diante de uma sentença de 2 mil reais,como que o advogado trabalha desse jeito?ele nao trabalha de graça,assim como os magistrados,os advogados tem família,gastos pessoais e agora os magistrados brigando por causa do salário de 28 mil,que é pouco!va viver com os desapontado com os magistrados,saudades do Dr.Yale Sabo,era o único órgão para quem podia recorrer,despois dessa,fiquei órfão.
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Welinton Giovane Pasdiora  22.11.14 07h37
A remuneração atual dos Juízes, atrelado ao "status" da toga já são atrativos suficientes para que o profissional atue em qualquer região. O poder da remuneração como fator motivacional é limitado e isso já foi bem comprovado nos estudos de Maslow. Além disso, se remuneração e benefícios fossem o remédio contra corrupção, não haveriam casos recorrentes de Desembargadores aliando-se aos "maus feitos" como se costuma dizer hoje.
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Renato  21.11.14 22h15
O nobre juiz acha que salário alto é sinônimo de honestidade. Basta olhar a quantidade de magistrados que atuam em capitais e estão ou serão aposentados compulsoriamente por venda de sentenças ou desvio de conduta. Arimatéia, nenhum salário alto pode comprar a honra e honestidade de um homem. Se ele já tem propensão à desonestidade, não importa o salário e os benefícios que ele receba, sempre será corruptível.
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