É uma profissão que surgiu com a evolução da sociedade e o aumento da expectativa de vida. Antigamente, os idosos eram cuidados pelos próprios familiares — filhos, netos, irmãos, primos.
Minha mãe ficou vinte anos viúva, morando sozinha por opção.
Só aceitou ter uma cuidadora pouco antes de falecer, aos noventa e dois anos.
Hoje, ter cuidadoras virou moda.
Todo idoso com recursos possui as suas, que se revezam em plantões, nunca deixando o assistido só.
Muitos acabam partindo nos braços dessas profissionais dedicadas.
Os idosos sem recursos ou família são acolhidos pelos Abrigos de Velhos, mantidos por instituições de caridade.
Já os que dispõem de meios procuram as Casas de Repouso — verdadeiros hotéis de luxo, com serviços médicos, de enfermagem, nutrição, fisioterapia, salão de jogos e muito mais.
Em Cuiabá já existe cerca de seis Casas de Repouso particulares, e o prognóstico é de expansão.
Montei o meu próprio abrigo há sete anos, com assistência de cuidadoras vinte e quatro horas por dia.
A coordenação do serviço, incluindo a compra de medicamentos e o controle dos horários está sob a chefia de uma enfermeira universitária.
Acompanhamentos aos consultórios médicos, odontológicos e hospitalares, assim como estar sempre ao meu lado são funções delas.
Existem empresas que fornecem técnicos de enfermagem especializados no cuidado de idosos, e as universidades já formam profissionais nessa área.
Tive sorte com as cuidadoras que passaram por aqui — todas me trataram com carinho e respeito, sem jamais me causarem aborrecimentos.
Meus filhos, netos, bisnetos, irmãos e sobrinhos, quando não estão viajando, sempre me visitam e ajudam.
Uma vez por semana almoçam comigo.
Durmo bem à noite com auxílio de medicamentos.
A cuidadora verifica meus sinais vitais pela manhã e ao deitar.
Tomo meu cafezinho e sigo para o escritório, onde escrevo até o almoço.
Depois da pequena sesta, volto ao trabalho, tomo banho e vejo um pouco de televisão.
Faço o lanche na cama e logo vou dormir.
Duas vezes por semana, recebo fisioterapia em casa, sempre acompanhado pela cuidadora, com campainhas ao alcance da mão e outra fixa no quarto dela.
Por enquanto, tudo está dando certo. Permaneço lúcido, cuidando dos compromissos domésticos, pelo celular e pelos aplicativos bancários — e, claro escrevendo duas crônicas por dia.
Até quando?
Não sei.
Gabriel Novis Neves é médico e ex-reitor da UFMT
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