Cuiabá, Domingo, 2 de Novembro de 2025
LOUREMBERGUE ALVES
19.10.2012 | 07h08 Tamanho do texto A- A+

Desfiliação e prejuízo

Debandada no PT revela que a sigla se encontra bastante fragilizada

No jogo político-eleitoral se vê de tudo um pouco. Bem mais, por exemplo, que o próprio cenário do cotidiano pode oferecer. Aquele produz disque-disque, permite a “plantação” de notícias e os mais variados bate-bocas. Estes levam as cisões, separações sem volta.

Foi, aliás, o que se presenciou recentemente, com as desfiliações de duas ou três centenas de filiados do PT/MT.

Partido político do Estado que se encontra bastante fragilizado. Fragilidade que vem de algum tempo, e se tornou pública a partir da queda de braços entre suas duas maiores lideranças. Cada uma delas visualizava unicamente seus objetivos, ainda que em alguns momentos beirasse a grupais, e, por conta disso, em torno delas passaram a gravitar muitos petistas.

A disputa pela candidatura ao Senado deixou isso muito claro. Seu desfecho, porém, não poderia ser outro senão os desastres eleitorais da senadora e do deputado. Não só deles, mas também da sigla, que ficou sem representante algum no Congresso Nacional.


De lá para cá, este partido mato-grossense continuava a navegar em águas turvas e distintas. Embora chefie uma secretaria de Estado, ocupe cargos no governo federal e tenha nomes nos Parlamentos regional e municipais.

Mas isso não cicatrizou as feridas. Pois apenas uma banda dele, capitaneada pelo ex-deputado, se usufrui de tais benefícios. O que não deixa dúvidas a respeito de que a outra banda, liderada pela ex-senadora, era e é preterida. Daí o seu alheamento sobre uma possível candidatura do partido à prefeitura da Capital.

Distanciada mesmo com a pretensão do único vereador petista, mais próximo da banda preterida. Candidatura que ganhou corpo e força com a atabalhoada condução da concessão dos serviços de água e esgoto, somada as desastrosas manifestações dos parlamentares da base do prefeito e a aproximação obrigatória do PMDB, que tinha sido excluído como parceiro de chapa do PSB.

Apesar disso, e nem por conta disso, os petistas – divididos e as turras – se viram levados “a juntar os panos de prato”. Nem poderiam, uma vez que a banda excluída das benesses não se via representada na candidatura, até em razão da sua própria ausência na campanha, na disputa.

Em seu lugar estão figuras de outro partido, bem como de personagens sem filiação partidária alguma, ainda que tenham sido recentemente.

São estas presenças que serviram de “desculpas” para a desfiliação dos quase trezentos membros do PT, entre os quais alguns dos chamados históricos, e que já se colocaram a favor do candidato socialista.

Estas desfiliações e manifestação de apoio trazem prejuízos significativos na candidatura petista-peemedebista. Equivocam-se os que pensam diferentemente. Sobretudo porque em uma disputa, acirrada como a deste ano, os desfalques registrados enfraquecem o partido cabeça de chapa.

Desfalques que podem pesar na balança de reflexão de muitos eleitores. Principalmente se o petista-candidato opinar a respeito, o que alimentaria a mídia, e transformaria os ditos atos – desfiliações e apoios – em obstáculos de sua caminhada.

De todo modo, ainda que o candidato petista não venha prolongar os efeitos de tais atos na mídia, ele não pode evitar os desgastes. Pois nada é pior, numa campanha político-eleitoral, do que a imagem de fraqueza, de incapacidade do diálogo e da inabilidade em manter junto de si, ao seu lado os próprios integrantes de seu partido.

Resta saber se o adversário, o socialista, saberá aproveitar disso tudo. Existem dúvidas nesse sentido.

LOUREMBERGUE ALVES  é professor universitário e articulista político em Cuiabá.
[email protected]

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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marco antonio veiga  19.10.12 19h21
Professor, precisa conhecer mais do PT e seus militantes. Como o senhor sempre ensinou que a história se faz e se reconstrói permanentemente. Penso que com todos erros e todos os pecados que o PT possa ter cometido. Sou do Conselho de Ética e Disciplina Partidária, entendo que para se dizer petista, não basta a filiação, é preciso agir como tal e, direito de minoria se respeita, quando a minoria isonomicamente respeita a decisão da maioria. Aos que se foram, nossas respeitosas preces.
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Medeiros  19.10.12 18h11
Professor, o senhor já escreveu coisas melhores. Um artigo "bastante fragilizado"!!!
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JOAO NOLASCO DE SOUZA  19.10.12 17h52
Muitas pessoas só vão dar valor no Partido dos Trabalhadores, quando o EX-PRESIDENTE LULA partir deste mundo ingrato, que não sabe dar valor nas pessoas que merecem, esse foi o caso do EX-PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS e o PTB no passado, mas hoje restaram SAUDADES do mundo em que GETULIO VARGAS viveu deixando muitas conquistas para nós trabalhadores. Esse é o caso do Partido dos Trabalhadores HOJE.
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Paulinho  19.10.12 11h25
Que me desculpe Professor Louremberg Alves, mas entendo que a saída desse pessoal ligado a Serys, à essa altura, não provoca nenhum tipo de prejuízo eleitoral a Lúdio nesse segundo turno. Primeiro porque desde a convenção para escolha do candidato a prefeito, esse pessoal se opuseram a Lúdio e tumultuaram a convenção. Segundo, já no primeiro turno, esse abraçou e trabalhou a campanha do Mauro Mendes.terceiro, amsociedade cuiabana já considerava esse grupo fora do palanque eleitoral do Lúdio e fora do PT. Outra coisa, não se trata de poder de articulação, negociação ou composição. O caso é muito mais complexo. Alí não há possibilidade de diálogo porque não se trata de questões ideolóicas, mas de interesses grupais antagônicos inconciliáveis. Outra coisa, eles estão sendo vistos como "traidores", alías esse é o adjetivo mesmo.
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Ademar Adams  19.10.12 07h53
Como fragilizada meu amigo? Concorrendo a prefeitura com chances de vitória e está fragilizada. Amigo Louremberg, faço como eu, declare seu voto.
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