Na noite desta terça-feira (11), após participação em uma marcha sobre saúde e clima que ocorria nas ruas de Belém, um grupo de manifestantes invadiu a zona azul da COP30, centro diplomático da conferência climática da ONU. Os manifestantes foram expulsos do local após confronto com seguranças.
A segurança da UNFCCC (o braço sobre clima da ONU) isolou a área da entrada principal da zona azul com dois cordões humanos e retirou todas as pessoas que estavam lá.
Dois seguranças tiveram ferimentos leves e houve também danos superficiais ao local, segundo porta-voz da UNFCCC.
"A equipe de segurança brasileira e da ONU tomou medidas para proteção do local, seguindo todos os protocolos de segurança estabelecidos. Autoridades do governo brasileiro e da ONU estão investigando o incidente. O local está seguro e as negociações da COP continuam", diz porta-voz da UNFCCC.
Correndo da polícia e gritando que era necessário "taxar os bilionários", pois "é culpa deles que está quente", o grupo conseguiu entrar no Parque da Cidade, sede do evento. Os manifestantes também entoaram canto contra a exploração de petróleo na bacia Foz do Amazonas: "Governo Lula, que papelão, destrói o clima com essa perfuração".
Manifestantes gritavam que as mulheres estavam sendo tratadas com violência pelos agentes de segurança.
"Governo está mentindo que a amazônia está bem, que os indígenas estão bem. Se a gente estivesse com saúde, não estaria aqui reivindicando", diz pajé Nato Tupinambá, presente no momento da confusão.
Tudo começou quando um grupo se separou da mobilização principal da Marcha Global de Saúde e Clima. O trio elétrico com palestrantes virou à direita ao se deparar com uma barreira da polícia —mesmo em contextos que não são de manifestação, carros não podem entrar em determinados trechos da avenida Duque de Caxias, que dá acesso ao Parque da Cidade.
Entretanto, indígenas do baixo Tapajós e jovens do coletivo Juntos correram para romper a primeira barreira aos gritos de "vamos para a zona azul". Mesmo com policiais militares em motos e carros tentando impedir a passagem, o grupo continuou correndo.
Quando entrou no Parque da Cidade, o grupo fez um ritual indígena e, ao ver os policiais se aproximando, voltou a correr. Ao chegar na zona de credenciamento, os seguranças da UNFCCC fecharam as portas, mas os manifestantes forçaram a entrada.
Na confusão, ficaram no espaço entre o check-in e a entrada definitiva para a zona azul. Ao tentarem reiniciar o ritual, foram impedidos por um cordão de policiais da UNFCCC que forçaram sua saída e pediram que a área fosse esvaziada.
Um grupo continuou na frente da entrada principal da zona azul, esperando a devolução de materiais que se perderam durante a confusão. Os manifestantes pediam a entrega de bolsas, celulares e uma bandeira da Palestina.
Dentro das áreas da COP30, a segurança é feita por profissionais contratados pelas Nações Unidas, não por forças policiais do Brasil.
O presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, não estava na zona azul no momento em que os manifestantes conseguiram entrar.
Em nota, as organizações que integram a Marcha Global de Saúde e Clima disseram não ter "qualquer relação com o episódio ocorrido na entrada da zona azul da COP30 após o encerramento da marcha". "O ato foi pacífico, público e previamente comunicado às autoridades competentes", disseram.
A manifestação reuniu profissionais de saúde e organizações sociais para cobrar maior destaque aos impactos da crise climática na saúde durante a conferência da ONU. A mobilização havia saído da Embaixada dos Povos, há cerca de três quilômetros da zona azul.
Após três anos, essa é a primeira vez que a COP acontece em um país que não reprime (mesmo que parcialmente) manifestações populares —as últimas edições ocorreram no Egito, nos Emirados Árabes Unidos e no Azerbaijão. Esse fato foi celebrado por integrantes do governo Lula, que defendem que a conferência precisa incluir a participação da sociedade em seus debates e ocorrer sob regimes democráticos.
Por regra, porém, a zona azul é administrada pela ONU e, dentro dela, o órgão não permite que sejam realizados atos ou protestos sem aviso prévio e consentimento.
A segurança no entorno dessa área, no entanto, está sob responsabilidade do governo Lula, que decretou uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para que as Forças Armadas auxiliem no policiamento. Inclusive, foi colocado um blindado militar brasileiro no início das barricadas de rua feitas pela segurança brasileira, e soldados foram espalhados em postos pela área.
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