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EFEITO REDE GLOBO
31.01.2011 | 08h56 Tamanho do texto A- A+

Governador quer mudar o nome de Mato Grosso do Sul

Perda da sede da Copa de 2014 e gafes na Rede Globo irritaram André Puccinelli

Secom-MT/Campo Grande News

Cuiabanos comemoram escolha da Capital para a Copa 2014; Puccinelli não chupou a manga

Cuiabanos comemoram escolha da Capital para a Copa 2014; Puccinelli não chupou a manga

ANTONIO DE SOUZA
DA REDAÇÃO

A mudança do nome de Mato Grosso do Sul já é considerada assunto prioritário na agenda política das autoridades do vizinho Estado. Depois de secretários de Estado e deputados manifestarem revolta com as constantes comparações entre essa unidade da Federação e Mato Grosso, até o governador André Puccinelli (PMDB) resolveu entrar diretamente na discussão.

Com efeito, em entrevista ao portal viamorena.com.br, no fim da semana que passou, o peemedebista afirmou que aceita rediscutir a mudança de nome do seu Estado. Pucccinelli revelou que vai colocar o assunto em discussão e pediu sugestões sobre critérios de ouvir a população, admitindo que aceita, até mesmo, a ideia de realização de um plebiscito.

"[Um plebiscito] pode ser um dos métodos. Pode apresentar, liminarmente, uma ideia melhor que essa. Na época, foi pesquisado e surgiram os ícones que não queriam a mudança do tradicional. Vamos discutir. Dêem sugestões", disse o governador ao site.

Como MidiaNews revelou, uma mudança do nome de Mato Grosso do Sul voltou à pauta depois de uma gafe da Rede Globo, em um diálogo da novela "Insensato Coração". Uma conversa entre as personagens Luciana (Fernanda Machado) e Pedro (Eriberto Leão) deu a entender que a cidade sul-mato-grossense de Bonito, a mais importante riqueza turística da região, estaria localizada em Mato Grosso.

Não é a primeira vez que o autor Gilberto Braga troca as bolas em relação aos dois Estados. Em 2004, durante a exibição de um capítulo da novela "Celebridade", a personagem de Malu Mader, em um diálogo, também sugeriu que iria para "Bonito, Mato Grosso".

Na semana passada, o deputado estadual Paulo Duarte (PT) disse que a solução para que a Rede Globo aprenda, de uma vez por todas, a não confundir o nome de Mato Grosso do Sul com seu Estado irmão seria o Governo estadual cortar as verbas publicitárias destinadas à emissora. 

O secretário de Turismo de Bonito, Augusto Mariano, disse que sua cidade e o Pantanal são mais conhecidos no Brasil e no mundo que o nome de Mato Grosso do Sul, e isso é complicado para o Estado.

"O que deve ocorrer é um debate, sem focar emoções ou saudosismos, onde vamos analisar os prejuízos da confusão entre os estados irmãos, aí depois podemos pensar na mudança de nome", disse.

A proposta de mudança do nome de Mato Grosso do Sul, na verdade, foi levantada na gestão de Zeca do PT, como governador do Estado. Desengavetada, a idéia ganhou apoio do governador André Puccinell e do prefeito de Campo Grande, Nelson Trad (PMDB). Também mereceu o apoio da maioria dos deputados estaduais, do senador Delcídio Amaral (PT) e de várias entidades ligadas a setor produtivo do Estado.

Velha rixa

A campanha pela mudança do nome de Mato Grosso, em verdade, é antiga, mas ganhou ênfase em maio de 2010, quando a Fifa anunciou Cuiabá entre as 12 cidades que sediarão jogos da Copa do Mundo de 2014.

A "briga" para ser sede do Mundial trouxe à tona uma velha rivalidade entre Cuiabá e Campo Grande. Historicamente, as duas cidades travam batalhas, tanto no aspecto político quanto geográfico. Dizem que brigam, até mesmo, para saber quem tem o Pantanal mais bonito.  O fato de o Governo Federal decidir que uma das sedes seria no Pantanal reacendeu a rivalidade entre os dois Estados, que, até 1977, quando foi criado o Mato Grosso do Sul, eram um só. 

A disputa era acirrada, principalmente pelo legado deixado pelo Mundial. A cidade escolhida vai herdar com a Copa de 2014 um estádio moderno, novas avenidas, hospitais e rede hoteleira, além de explorar a imagem como centro turístico. 

Nos meses que antecederam a escolha das 12 sedes da Copa, Campo Grande e Cuiabá, definitivamente, entraram em guerra. Tanto uma coma a outra, por meio de seus representantes legais, revelavam confiança sobre a escolha da sede do que se convencionou chamar de "Copa do Pantanal". Curiosamente, no meio dessa guerra, reportagens de publicações especializadas em assuntos esportivos - casos do jornal Lance e da revista Placar - davam como certa a escolha de Cuiabá.

Em mais de uma oportunidade, o prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho (PMDB), afirmou que as reportagens não passavam de "meras especulações da mídia" e apostava que sua cidade seria a escolhida. "Temos uma infraestrutura melhor que as outras cidades. Todo mundo que nos visita nos elogia e sabe que estamos muito mais preparados que nossas concorrentes diretas. Se for pela questão técnica, não tenho dúvidas de que Campo Grande está dentro",  disse Trad, em entrevista.

Em abril, o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a vestir a camisa da campanha de Campo Grande pela Copa de 2014, após a viagem inaugural do Trem do Pantanal. 

Estratégia errada

O Governo de Mato Grosso do Sul contratou o renomado marqueteiro Chico Santa Rita para a campanha visando à Copa. O trabalho começou de forma agressiva, com comparativos com a capital Cuiabá e com Mato Grosso. "Se você entrar em bola dividida com a canela mole quebra a tua, não quebra a dele. Pode ser que a nossa quebre, mas não por vontade nossa. Tem que entrar rasgando", havia declarado o governador André Puccinelli, no dia 26 de janeiro de 2010.

Um dos indicadores explorados foi o da violência, mostrando que Mato Grosso ocupava, em 2007, o 2º lugar no índice de mortes violentas na Pesquisa de Registro Civil mais recente do IBGE, enquanto Mato Grosso do Sul estava na 11ª posição. Foram explorados ainda o fato de Mato Grosso do Sul concentrar a maior área do Pantanal, cerca de 70%, e de Campo Grande ter população maior que Cuiabá.

Até mesmo a briga política entre o então governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), e o então prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB), foi usada como argumento.

Mas, no meio do percurso, a estratégia mudou. Nélson Trad reconheceu em entrevista que os comparativos estavam desagradando o comitê organizador do evento. Desde então, Campo Grande passou a falar mais sobre ela mesma. Talvez já fosse tarde ou o destino já estava selado e ele não sabia.

No dia 30 de abril de 2010, o presidente da Fifa anunciou a escolha das 12 sedes do Mundial 2014. Entre elas, Cuiabá, para desespero dos sul-mato-grossenses.

 "Foi tapetão", afirmou, categórico, o governador André Puccinelli (PMDB) sobre a decisão da Fifa, de excluir Campo Grande da Copa 2014. "Cumprimos os critérios técnicos, o Pantanal é no Estado, o legado da Copa seria para os universitários, a Folha de São Paulo mostrou que temos 2 mil leitos a mais que Cuiabá", citou o governador, durante entrevista ao jornal "Bom Dia, MS", da TV Morena (Rede Globo), no dia 1º de maio. "Foi tapetão, foi politicagem e disseram que não haveria politicagem", lamentou.

Conforme o governador, Campo Grande já ultrapassou Cuiabá e, agora, será a vez de trabalhar para Mato Grosso do Sul ultrapassar Mato Grosso. "Temos o desafio, a honra ferida". E complementou: "Se nos tiraram a Copa, não nos tiram o Pantanal".

A manga

"Tchupa esta manga, Campo Grande! A Copa é nossa..." A frase, dita pelo então prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB), e que começou como uma brincadeira, durante a comemoração pela escolha mato-grossense para sede uma das sedes do Mundial 2104, fez aflorar a velha rixa entre campo-grandenses e cuiabanos.

A verdade é que o governador André Puccineli e o prefeito Nelson Trad se recusam a engolir a fruta.

Com reportagens dos sites Midiamax e Campo Grande News

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COMENTÁRIOS
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Jose Almeida  17.11.11 10h16
Acho que seria muito mais salutar se o MT adotasse o nome de Mato Grosso do Norte, assim a simples expressão "Mato Grosso", tão bela aos ouvidos de quem conhece a importância histórica do antigo segundo maior Estado brasileiro, poderia sem problema algum ser dita referindo-se a qualquer um dos dois Estados irmãos, como muito bem diz a reportagem em seu início, tal como ocorre com os Rios Grandes do Sul e do Norte: conforme o contexto, pode-se dizer simplesmente "Rio Grande", que soa muito bem. Se necessário, diferencia-se: "do Sul ou do Norte?".
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Arnaldo Valeriano Traldi  02.02.11 09h21
e precizo sim m.t.sul mudar o nome porque nos aqui do m.t somos conciderado m.t. do norte e a maior polemica na ora de fazer cadastro em s.p.muitas vezes fazemos pedido para padre de caceres vai para na padre cacemiro de campo grande isso tudo por cauza de m.t.sul eles comsidera m.t.do norte
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JânioMorais  01.02.11 15h33
QUERO AQUI DEIXAR DOIS NOMES PARA O FUTURO ESTADO. 1º ESTADO DO PARAGUAIZINHO 2º ESTADO DO TERERÉ, POIS LÁ SÓ SE BEBE TERERÉ.
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Edriso Kifalts  01.02.11 15h14
Mato Grosso só ganhou essa disputa porque é melhor, vejam: em que lugar há mais buracos nas ruas? onde os governantes só pensam em livrar o deles em detrimento da população? onde os problemas da saúde pública são um verdadeiro caos? onde tem um grande rio poluído e fidido dentro da cidade? onde as avenidas vão do nada a lugar nenhum? onde os guardas de transito só conseguem fazer confusão no trânsito, não conseguem cordenar nem um cruzamento? onde não existe nenhuma sinalização de trânsito nos bairros? vou parando por aqui, senão fico cansativo.
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mario marcio  01.02.11 14h30
Ainda estão chorando por leite derramado, não adianta mais chorar campograndense a copa é de Mato Gross capital de cuiabá terra abençoado por Deus.
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