O ex-prefeito de Cuiabá, Chico Galindo (PTB), aparece em relatório da Polícia Federal que investiga uma quadrilha que fraudava fundos de previdência municipal. A informação é do jornal
O Globo, do último sábado (21).
Segundo o jornal, o documento da PF cita gravações, com autorização judicial, feitas em agosto de 2012, em que seriam narrados encontros de Galindo, então prefeito da Capital, com integrantes da quadrilha.
O relatório faz parte das investigações que deflagraram a Operação Miquéias, na última quinta-feira (19). No total, a Polícia Federal cumpriu 27 mandados de prisão e 75 de busca e apreensão em Mato Grosso, no Distrito Federal e em mais oito estados.
O objetivo era desarticular duas organizações criminosas com atuações distintas: uma de lavagem de dinheiro e outra de má gestão de recursos de entidades previdenciárias públicas.
De acordo com
O Globo, a PF obteve autorização para que Galindo fosse conduzido “coercitivamente para prestar depoimento”.
Ainda segundo o jornal, nas conversas, aparece o processo de suposta cooptação do então prefeito. Luciane Hopers, suposta integrante da quadrilha, veio a Cuiabá para o encontro.
Ela relata a um doleiro de nome Fayed que o ex-prefeito “quer fazer. Só que ele foi viajar para o Chile”.
Luciane ainda informou que o então presidente do Instituto de Previdência Municipal passou a cuidar do caso de maneira burocrática e foi preciso recorrer a um secretário municipal, cujo nome não é citado na conversa, para resolver.
“O relatório da PF afirma que, três dias após a última conversa entre os integrantes da quadrilha, houve reunião do Conselho Fiscal do Instituto de Previdência Social dos Servidores de Cuiabá (Cuiabá-Prev). E a ata registra que o prefeito tinha feito um pedido pessoal para alteração do perfil de investimentos do fundo no valor de R$ 21 milhões”, diz
O Globo.
Outro ladoAo
MidiaNews, o ex-prefeito Chico Galindo (PTB) confirmou que Luciane Hopers foi até a Prefeitura no ano passado, porém negou que tenha deixado claro que se tratava de um esquema.
“A vi uma vez na vida, por cinco minutos. Ela chegou afirmando que tinha um fundo que pagaria melhor. Pensei que, se pagaria melhor, seria ótimo. Procurei o presidente do Cuiabá-Prev na época, Ronaldo Taveira, que sabiamente, encaminhou para o Conselho estudar e viram que não era viável. Dessa forma, não fizemos”, disse.
Galindo ainda negou que tenha sido chamado pela Polícia Federal para prestar depoimentos.
“Não fui chamado e, se tivesse, teria ido sem problema algum. Não tenho nada a esconder”, garantiu.
Confira na íntegra matéria do jornal O Globo:
"Ex-prefeito de Cuiabá é suspeito de participar de quadrilha que fraudava fundos de pensãoFrancisco LealiRelatório da Polícia Federal levanta suspeita sobre envolvimento do ex-prefeito de Cuiabá Francisco Galindo (PTB) com a quadrilha que fraudava fundos de previdência municipais. O documento cita gravações com autorização judicial em agosto do ano passado narrando encontros que Galindo teria tido com integrantes da quadrilha.
Na época ele ainda estava no cargo e, segundo a PF, pode ter tentado beneficiar os integrantes da quadrilha comandada pelo doleiro Fayed Traboulsi.
A decisão judicial que deflagrou a operação Miqueias esta semana autorizou que o ex-prefeito fosse conduzido coercitivamente para prestar depoimento. Nas conversas gravadas, os integrantes da quadrilha discutem, segundo a PF, o processo de suposta cooptação do então prefeito.
Luciane Hoepers, apontada na investigação como integrante da quadrila, foi a Cuiabá para o encontro. Ela relata o resultado ao doleiro Fayed:
— Conversei com o prefeito. Ele quer fazer. Só que ele foi viajar para o Chile — diz Luciane, na gravação.
Ela conta que o então presidente do instituto de previdência municipal passou a cuidar do caso de maneira burocrática e foi preciso recorrer a um secretário municipal, cujo nome não é citado na conversa, para resolver.
O relatório da PF afirma que, três dias após a última conversa entre os integrantes da quadrilha, houve reunião do Conselho Fiscal do Instituto de Previdência Social dos Servidores de Cuiabá (Cuiabá-Prev). E a ata registra que, o prefeito tinha feito um pedido pessoal para alteração do perfil de investimentos do fundo no valor de R$ 21 milhões. As aplicações deveriam ser destinadas aos fundos Eslovênia, Vitória-régia e Elo.
O mesmo relatório da PF informa, no entanto, que a mudança no perfil de investimentos foi rejeitada pelo conselho, tendo em vista que os fundos recomendados pelo prefeito eram muito recentes e tinham pouquíssimos cotistas.
Segundo a PF, a quadrilha oferecia às prefeituras nomes de fundos de investimento para aplicação dos recursos que tinham títulos inflados e acabavam gerando prejuízo.
Documentos da PF sustentam ainda que a quadrilha acusada de fraudar fundos de previdência de servidores de prefeituras também atua em fundos estaduais. O documento cita conversas telefônicas gravadas pela PF com autorização judicial sobre contatos feitos por lobistas ligados ao grupo para atrair recursos do fundo de previdência dos servidores do Piauí.
A PF diz que nesse estado a quadrilha teria contato com a ajuda do ex-procurador-geral da Fazenda Nacional Manoel Felipe Brandão, incluído na lista dos lobistas utilizados pelo grupo comandado pelo doleiro Fayed Traboulsi.
O ex-prefeito Galindo não retornou ligação do jornal. O ex-procurador Manoel Brandão não foi localizado".