Cuiabá, Sexta-Feira, 21 de Novembro de 2025
DEMARCAÇÕES DE TERRAS
21.11.2025 | 16h39 Tamanho do texto A- A+

Mendes aciona STF e diz que decreto de Lula “afronta Constituição”

Petista aumenta número de hectares da terra indígena em Brasnorte; ação está sob relatoria de Gilmar

Victor Ostetti/MidiaNews

O governador Mauro Mendes, que ingressou com ação no Supremo para derrubar decreto

O governador Mauro Mendes, que ingressou com ação no Supremo para derrubar decreto

DA REDAÇÃO

O Governo de Mato Grosso entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (21), para suspender os efeitos do decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que amplia a terra indígena Manoki, em Brasnorte, de 46 mil para 252 mil hectares. 

 

O pedido foi protocolado nesta quarta-feira (19) e está anexado na Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) nº 87, sob relatoria do ministro Gilmar Mendes.

 

Não há vestígios materiais, registros ou presença cultural que indiquem ocupação indígena na data constitucionalmente exigida

Na ação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) alegou que o ato do presidente viola a lei que estabelece o marco temporal.

 

“A tentativa de ampliação revela grave afronta ao princípio da legalidade, pois desconsidera o artigo 13 da nova lei, que veda de forma expressa a ampliação de terras já homologadas”, diz trecho do documento.

 

Outro ponto-chave da ação é a ausência de comprovação de ocupação indígena na nova área até 5 de outubro de 1988, que é o marco estabelecido para reconhecimento de terras tradicionais. 

 

A PGE afirmou que há registros históricos e jurídicos que comprovam que a área “foi ocupada por famílias não indígenas desde a década de 1950, com plena ciência do poder público”.

 

“Não há vestígios materiais, registros ou presença cultural que indiquem ocupação indígena na data constitucionalmente exigida”, relatou.

 

Outro ponto de atenção apontado na ação foi o impacto social e fundiário gerado pela medida. O governo afirma que a ampliação atinge diretamente centenas de produtores e famílias com títulos legítimos, Cadastros Ambientais Rurais (CAR) ativos e, em alguns casos, decisões judiciais reconhecendo sua ocupação regular. 

 

“A ampliação promovida por decreto desestrutura a malha fundiária da região e instaura o caos jurídico, penalizando cidadãos que sempre atuaram conforme a lei”, disse.

 

A PGE também criticou a ausência de diálogo com o Estado e o município de Brasnorte, que são diretamente afetados pelo decreto. 

 

“Não houve qualquer consulta ou notificação formal aos entes federativos diretamente afetados, o que compromete a legitimidade do processo e afronta o pacto federativo”, pontuou.

 

"Não aceitaremos"

 

De acordo com o governador Mauro Mendes (União), a ação não questiona os direitos dos povos indígenas, mas sim o desrespeito à legislação e às garantias fundamentais. 

 

“Não aceitaremos que um decreto presidencial, editado de forma açodada e sem respaldo legal, prejudique quem produz e vive há décadas nessas regiões”, declarou.

 

Atualmente, Mato Grosso possui 73 terras indígenas demarcadas, que somam mais de 15 milhões de hectares, o equivalente a 16% de todo o território estadual. 

 

“Defendemos o meio ambiente, respeitamos as comunidades indígenas, mas exigimos que tudo seja feito dentro da lei. A Constituição não pode ser ignorada para atender interesses ideológicos”, concluiu o governador.

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
0 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Preencha o formulário e seja o primeiro a comentar esta notícia