O projeto de lei em trâmite na Câmara de Vereadores que regulariza prêmio-saúde - benefício dado aos servidores da Saúde de Cuiabá - mantém a política de privilegiar servidores da área meio em detrimento da finalística. Ou seja: quem trabalha em gabinete seguirá ganhando mais do que quem atua nas unidades de saúde, atendendo pacientes.
O pagamento sem critério do prêmio saúde, também chamado "mensalinho", foi um dos motivos que levaram ao afastamento do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) do cargo por 37 dias entre outubro e novembro.
Os valores do benefício variam de R$ 400 a R$ 5,8 mil. Anualmente, serão gastos R$ 80,6 milhões dos cofres públicos com a bonificação.
Os secretários-adjuntos da Pasta receberão, se aprovado o projeto, o maior “mensalinho” da gestão, de R$ 5, 8 mil. E um trabalhador da área finalística, como enfermeiro ou técnico de enfermagem que atua na atenção secundária, receberá R$ 800 e R$ 600, respectivamente.
Uma das críticas ao modelo antigo do benefício era de que a área meio tinha direito a um valor maior, problema que persiste no projeto. O outro problema era a falta de uma regulamentação, o que será resolvido caso a proposta seja aprovada.
O texto foi encaminhado pelo prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) na semana passada à Câmara de Vereadores e deve ser votado nesta quarta-feira (22), no último dia de trabalhos do Legislativo antes do recesso de fim do ano.
O texto tem como objetivo regulamentar o prêmio-saúde, conforme recomendação do Tribunal de Contas do Estado (TCE) feita em 2019. O pagamento desregulamentado do "mensalinho" esteve no centro da Operação Capistrum, em outubro deste ano, que cumpriu o mandado de afastamento do prefeito.
O texto estipula que servidores que atuam na diretoria de administração financeira da Pasta, no cargo de diretor-administrativo e financeiro, por exemplo, receberám R$ 5 mil de “mensalinho”. Já assessores técnicos e coordenador técnico-administrativo, R$ 4,8 mil.
Mas os médicos que atuarem nas Unidades Básicas de Saúde poderão receber R$ 1,2 mil e enfermeiros R$ 3,5 mil, tendo menor remuneração os profissionais de nível médio e auxiliar de saúde, que poderão receber R$ 400 se atuarem nas UBS.
Segundo o texto, o pagamento será mediante avaliação de desempenho do servidor. Essa avaliação quem fara será a "chefia imediata". Conforme a tabela, quem não alcançar 50% da pontuação, não receberá o prêmio.
Veja detalhes do projeto AQUI.
Pagamentos por “bilhetinhos”
Emanuel chegou a ser afastado do cargo por decisão do desembargador Luiz Ferreira Ferreira no dia 19 de outubro, durante a Operação Capistrum, pela acusação de criar um "cabide de empregos" na Secretaria para acomodar indicação de aliados, obter, manter ou pagar por apoio político.
Outra acusação que pesa é a de pagamento ilegal do chamado "prêmio saúde", de até R$ 5,8 mil, sem nenhum critério.
Conforme a denúncia, a ex-secretária de Saúde de Cuiabá Elizeth Lúcia de Araújo revelou, em depoimento ao MPE, que o valor do “prêmio saúde” era pago “sem parametrização alguma quanto ao valor e aos cargos que deveriam fazer jus ao referido benefício”, de acordo com a indicação do prefeito e da primeira-dama.
Ainda segundo Elizeth, o eram entregues “bilhetinhos” definindo o valor que o servidor indicado teria direito.
O prejuízo estimado pelo Ministério Público aos cofres públicos de Cuiabá, segundo o MPE, foi de R$ 16 milhões.
Além do afastamento no âmbito criminal, Emanuel também foi afastado, por 90 dias, numa ação cível por ato de improbidade administrativa que investiga os mesmos fatos.
Capistrum
A Operação foi deflagrada pelo Ministério Público Estadual e a Polícia Civil no dia 19 de outubro contra suposta organização criminosa montada para acomodar indicações de políticos em cargos da Secretaria da Saúde.
Foram afastados dos cargos o prefeito Emanuel Pinheiro, seu chefe de gabinete Antônio Monreal Neto – que chegou a ser preso – e a secretária-adjunta de Governo e Assuntos Estratégicos, Ivone de Souza. Emanuel conseguiu retornar ao cargo também por decisão judicial.
Também foram alvos da operação a primeira-dama Márcia Pinheiro e o ex-coordenador de Gestão de Pessoas da Secretaria Municipal de Saúde, Ricardo Aparecido Ribeiro.
Eles ainda sofreram mandados de busca e apreensão e também tiveram o sequestro de bens decretado até o montante de R$ 16 milhões.
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6 Comentário(s).
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Joana 23.12.21 11h38 | ||||
sera que não tem concursado que tambem recebe por cargo em comissão mas nem horario de trabalho cumpre? quem cuida do ponto? ou o expediente quem faz é o servidor? | ||||
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Tania 22.12.21 22h08 | ||||
Estranho e contratados receber prêmio com valor inferior aos efetivos e sabemos que contratados trabalham em dobro em vista a vários efetivos que vivem encostados. | ||||
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Joao pedro 22.12.21 20h48 | ||||
-Enfermeiro recebendo menos de mil reais na linha de frente do COVID-19 e h3n2 -Tecnico recebendo menos de mil reais na linha de frente do COVID-19 e h3n2 -Médico recebendo menos de 2 mil reais na linha de frente do COVID-19 e h3n2 Acessor de paletó trabalhando no ar condicionado sem ver paciente o dia todo resolvendo b.o de salário atrasado de profissionais da saúde: QUASE 6 MIL REAIS | ||||
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Raquel 22.12.21 20h21 | ||||
É bem isso mesmo, o que trabalha de braço direito do prefeito ganha 5900, nós médicos, não recebemos indenização e nem verba covid, e o prêmio segue em 1900. Diferente do que muitos pensam o salário de um médico de UPA ou policlínica não chega a 3500 reais! | ||||
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joaoderondonopolis 22.12.21 15h45 | ||||
Os adversários, eu não considero adversários e sim inimigos de Emanuel e de Cuiabá observaram que Emanuel voltou mais forte para Prefeitura e continua a perseguição, mas Emanuel faz tudo certo e tem apoio da população de Cuiabá. Parabéns Emanuel. | ||||
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