O secretário de Estado de Cidades, Wilson Santos (PSDB), afirmou que irá sugerir ao governador Pedro Taques (PSDB) aumentar a cobrança do Fethab (Fundo Estadual de Transporte e Habitação) sobre o setor do agronegócio, como forma de destinar recursos à Saúde Pública.
Ele avaliou que a resistência do setor não será problema para adequações.
"Se há um segmento em Mato Grosso, se há um setor da economia estadual que pode ajudar o Estado é o agronegócio. O Eraí pode espernear, mas está bilionário. O Blairo pode espernear, mas esta trilionário”, afirmou (leia abaixo).
De acordo com Wilson, há muito tempo o agronegócio vem sendo beneficiado por conta da Lei Kandir, que desonera o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) sobre exportações de produtos primários e semielaborados.
“Como o agronegócio não paga impostos, é beneficiado pela Lei Kandir desde setembro de 1995, o agro poderia bancar, através do Fethab, esse acréscimo em favor da Saúde. Qual seria a solução? Aumentar a cobrança do Fethab sobre o agronegócio”, disse o secretário, em entrevista à Capital FM, nesta quarta-feira (31).
O tucano lembrou que para este ano, por exemplo, há uma estimativa de R$ 1,3 bilhão de faturamento com o Fethab, conforme a Lei Orçamentária Anual (LOA).
Esse montante, segundo ele, poderia ser elevado caso houvesse maior “contribuição” dos produtores.
“A previsão é de R$ 1,3 bilhão este ano. Por que não passar para R$ 1,8 bilhão? Para R$ 2,6 bilhões? Esse dinheiro viria todo do agronegócio, que é o setor da economia estadual mais capitalizado, que tem condições, que há mais de 20 anos não paga impostos no País. Todo produto primário que é exportado, o dono não paga impostos, é isento. Quer dizer, o setor tem uma gordura para queimar, tem uma margem”, afirmou.
“Minha proposta, se fosse governador de Mato Grosso, era aumentar os percentuais sobre óleo diesel, sobre soja, milho... Enfim, que o setor aumente a sua contribuição em relação ao Fethab”, disse.
Distribuição
Segundo Wilson, existe, inclusive, um projeto tramitando na Assembleia Legislativa, de sua autoria, que reconfigura a distribuição dos valores arrecadados com o Fethab.
“A proposta é destinar 20% para Saúde, 10% para habitação, 70% para transportes. Com o dinheiro de hoje, com o orçamento atual, seria R$ 260 milhões ano para a Saúde”, afirmou.
“Vou sugerir ao governador Pedro Taques, também ao presidente da Assembleia, deputado Eduardo Botelho, que possam colocar essa matéria em apreciação. Caso haja algum problema com a matéria, que o Governo encaminhe, seja autor do projeto, porque não tenho nenhuma vaidade em ser o autor, mas a Saúde precisa ter uma solução”, disse o secretário.
"Trilionário"
Wilson também disse ver com normalidade eventuais resistências por parte de pessoas ligadas ao setor do agronegócio, como é o caso do ministro da Agricultura Blairo Maggi (PP) e do produtor Eraí Maggi, conhecido como "rei da soja".
Ambos, em conversas com a imprensa, já se mostraram contrários à proposta.
“Essa resistência é natural, ninguém quer pagar mais impostos. Quando o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a Lei Kandir, também houve resistência. O setor industrial não admitia, muitos políticos não aceitavam, mas o agronegócio conquistou essa vitória, que foi a isenção total de toda a tributação de seus produtos primários quando exportados”, disse.
“Agora, uma coisa é resistência, outra é história. Se há um segmento em Mato Grosso, se há um setor da economia estadual que pode ajudar o Estado é o agronegócio. O Eraí pode espernear, mas está bilionário. O Blairo pode espernear, mas esta trilionário”, cutucou.
Para Wilson, Mato Grosso contribuiu para o crescimento econômico desses produtores. Ele defendeu que está na hora deles retribuírem o favor.
“Todos estão muito ricos e esse Estado que propiciou todo esse crescimento. Será que agora, neste momento, não é possível ajudar municípios carentes a ter uma ambulância? A reformar sua UPA, contratar médico? Ter emergência? Claro que é. E é ai que tem que entrar a mão forte do Estado, para fazer esse equilíbrio e essa compensação”, completou.
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23 Comentário(s).
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Luiz Gonzaga 01.06.17 19h05 |
Luiz Gonzaga , seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas |
Benedito campos 01.06.17 10h00 | ||||
porque essas propostas não foram apresentadas, quando o nobre estava deputado. Se não pagam imposto a culpa é de vocês que aprovam os incentivos. | ||||
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Marcya Ramyrez 31.05.17 23h07 | ||||
Quando falta dinheiro, daí começam subir os impostos, aumento de IPTU, e assim vai, Wilson deixou a prefeitura e agora quer falar de quem trabalha, o dinheiro do Blairo é dele, é trilionário mas é pelo esforço dele e da família dele, e agora vc? | ||||
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Norival 31.05.17 20h51 | ||||
O ilustríssimo deputado deveria se informar melhor e ver de que setor vem o maior volume das receitas do estado. E poderia, não só ele, mas todos deputados, usarem o tempo ocioso que não é pouco, para estudarem maneiras de tornar o estado menos burocrático para tentar atrair investimentos, e não afugentar o empresariado com uma fala hostil e ignorante dessas. | ||||
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Carol 31.05.17 16h09 | ||||
Você também! A diferença é que eles trabalharam para isso!!! | ||||
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