30.10.2013 | 13h:30

"CRIME DA CASA DE SUSPENSÃO"


Testemunha diz que comerciante tem "perfil violento"

Psicóloga diz, no Júri, que o réu a ameaçou com um revólver

Pedro Alves/MidiaNews

O dono da extinta oficina "Casa de Suspensão", Francisco de Assis, é réu confesso da morte de pai e filho

Começou na manhã desta quarta-feira (30) o julgamento do caso conhecido como “Crime da Casa de Suspensão”.

Senta no banco dos réus o comerciante Francisco de Assis Vieira Lucena, acusado de matar pai e filho: o professor da UFMT, Dário Luiz Schener, 46, e seu filho, Pedro Cesar Scherner, de 17 anos, em 27 de dezembro de 1991.

O julgamento do duplo homicídio ocorre durante todo o dia de hoje  no Fórum de Cuiabá.

Pela manhã, o julgamento foi marcado pelos depoimentos das testemunhas de acusação Marinês Fortes de Barros e Beneti Cristovan Rondon.

Marinês, que é psicóloga, não é parente da família das vítimas. Ela contou que, na época, ficou sabendo do caso por meio da imprensa e solidarizou com a família das vítimas.

"Ele se irritou, disse que eu era mulher e não entendia nada de carro. Puxou a gaveta e pegou uma arma"


“Quando eu vi o caso, percebi que tinha passado pela mesma situação, quando eu levei o meu carro para ser arrumado na oficina Casa de Suspensão”, afirmou.

Ela disse, na época, o dono da oficina, hoje no banco dos réus, também lhe cobrou um orçamento diferente do combinado antes.

“Quando eu fui buscar o meu carro, ele me apresentou o dobro do valor que tinha sido combinado. Eu questionei a situação, e foi aí que ele se irritou: disse que eu era mulher e não entendia nada de carro. Puxou a gaveta da mesa e pegou uma arma. Nisso, eu acabei concordando com o valor abusivo”, relatou.

Segundo Marinês de Barros, o réu não pode ficar impune. “Uma pessoa má como essa não pode ficar solta assim”, afirmou.

Quem também depôs, pela manhã, foi o ex-funcionário do professor assassinado, Beneti Cristovan Rondon.

Ele explicou que o seu depoimento foi no sentido de “desmentir a defesa do réu”, que sustenta que o professor César era uma pessoa agressiva.

“Pelo contrário. Era um excelente patrão: nunca gritou com ninguém”, disse Rondon, que era funcionário do professor, no setor de gráfica da UFMT.

Rondon disse que trabalhou durante quatro anos com o professor e, que nesse período, “ele sempre se demonstrou uma pessoal calma”. “Nós éramos oito funcionários e ele nunca gritou com ninguém”, afirmou.

Quem também depôs e acompanhou o julgamento foi a viúva do professor, Carmen Lúcia Cesar Sherner, que é professora de filosofia da UFMT.

Com relação à expectativa, ele disse que espera que a Justiça seja feita. “Apesar de que participar desse julgamento é um processo muito doloroso para a família, é muito triste, é muito sofrimento”, disse.

Ela ressaltou que o crime reflete até hoje no emocional da família.

“Esse crime deixou marcas profundas. Eu fiquei com depressão, doenças físicas, impossibilitada de desenvolver os trabalhos acadêmicos. Um dos meus dois filhos, por exemplo, começou a tomar remédio de pressão alta antes dos 20 anos. Quando o crime aconteceu, ele tinha apenas 14 anos”, relatou.

“Enfim, acredito que nós cumprimos com o nosso dever de cidadão, de cobrarmos para que o julgamento finalmente acontecesse. E isso vai fazer com que nossa família recupere a dignidade”, concluiu a professora Carmen.

O julgamento do Crime da Casa de Suspensão prossegue durante a tarde de hoje.

O crime

Dário e Pedro foram executados por motivo considerado "torpe", quando se preparavam para sair em férias com a família.

Na época, o duplo assassinato ficou conhecido como "Crime da Casa de Suspensão" e foi cometido por volta das 13h30 do dia 27 de dezembro de 1991, uma sexta-feira.

De acordo com o apurado na época, consta que o duplo homicídio foi praticado pelo proprietário da loja, Francisco de Assis Vieira Lucena.

O crime foi duplamente qualificado, por motivos torpes e sem chance de defesa para as duas vítimas.

Lucena sacou de dois revólveres calibre 38, atirando várias vezes contra as vítimas, que foram atingidas por cinco tiros cada.

No dia do crime, a família Scherner estava saindo de casa em viagem de férias.

Pedro levou o carro da família para fazer checagem na Casa da Suspensão, onde foi combinado um preço, mas o valor foi mudado por Francisco Lucena, na hora do acerto.

Com isso, Pedro chamou o pai, que acabou sendo assassinado. Em seguida, Francisco Lucena matou o filho de Dario.

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