14.10.2018 | 11h:10

EM FAMÍLIA


Cabeça de boi é tradição que passa de pai para filho em Cuiabá

Rivelton Campos aprendeu a fazer iguaria com o pai, já falecido, e recebe de 7 a 10 encomendas por semana

Alair Ribeiro/MidiaNews

Rivelton Campos, o filho Lucas e a sua mãe, Evanil Campos, em frente aos fornos de barro usados para preparar a iguaria

Picanha, costela, contrafilé e fraldinha são cortes básicos de carne bovina presentes nos churrascos de final de semana. Apesar da resistência de muitos, o cupim tem seu sabor e é sempre uma opção nas churrascarias. Enfim, do músculo ao rabo, do filé mignon ao tutano, quase tudo pode ser aproveitado no boi. Mas e a cabeça?

 

Dona de um sabor forte e único, a cabeça de boi tem seus apreciadores. A carne das bochechas, por exemplo, é macia. A língua e os miolos também são aproveitados e podem ser acompanhados por vinagrete, mandioca e farinha. Em cada cabeça, há nada menos que três quilos de carne, que podem servir até oito pessoas.

 

Na casa de Rivelton Campos, a cabeça de boi assada no forno de barro é uma tradição de família que, aos poucos, foi virando uma fonte de renda.

 

Rivelton aprendeu a preparar a iguaria com o pai, Rivaldo Campos, desde pequeno. O costume de fazer a carne nos finais de semana e em festas despertou em Rivelton a vontade de aprender. Seu Rivaldo, que morreu há três anos, passou ao filho todas as técnicas que sabia.

Arquivo Pessoal

Cabeça de boi assada pronta para ser consumida: carne tem como principal característica o sabor forte e intenso

 

É nos fundos da sua casa, no Bairro Santa Helena, que Rivelton prepara o assado.

 

Os fornos de barro são de construção rústica e simples, mas são fortes o suficiente para trabalhar à lenha na preparação do prato, que é vendido sob encomenda e preparada desde sexta-feira para que seja entregue no final de semana.

 

“Tem muita gente que assa no buraco, mas eu faço no forno de barro. O sabor é outra coisa”, orgulha-se.

 

Cada cabeça passa de 8 a 12 horas no fogo, com pele e tudo, sem nenhum tipo de tempero. O sabor forte e natural da carne é algo que intriga o paladar de quem come pela primeira vez.

 

O movimento varia conforme o mês, mas, em média, Rivelton vende de 7 a 10 cabeças por semana.

 

O sucesso da empreitada exigiu que ele formalizasse a empresa e construísse um local maior para a produção, que terá mais dois fornos de barro.

 

Ele conta que,entre seus clientes de Cuiabá e Várzea Grande, muitas pessoas encomendam para experimentar o prato, principalmente os mais jovens.

 

À reportagem, dona Evanil, mãe de Rivelton, destaca que os jovens também aprendem a comer com os pais. "É uma tradição que está passando”, afirma.

 

O reconhecimento dos clientes é recorrente, segundo Rivelton.

 

“Tem gente que me liga me dando os parabéns por ajudar a manter a tradição, dizendo que é uma coisa que não pode acabar”, declara.

 

Se depender de Rivelton, o costume de fazer e comer a cabeça de boi não vai acabar tão cedo. Tanto pelo seu trabalho, que já atingiu várias pessoas que não conheciam a iguaria e viraram fãs, quanto pelos ensinamentos que já passa para seu filho.
 
Lucas, de 10 anos, também começou a comer cabeça de boi cedo, como seu pai. “Eu gostei bastante, mas a parte que eu mais gostei foi a língua, porque é mais saborosa e macia”, conta. Ele já ajuda em alguns momentos no preparo do prato e pretende seguir os passos do pai.

 

Não se sabe exatamente qual a origem da cabeça de boi assada. Mas o homem pantaneiro a tem como uma tradição, já que a carne bovina é o principal alimento desde o século XIX.

 


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