O primeiro réu a ser ouvido, nesta terça-feira (4), no julgamento da Chacina de Matupá, foi Valdemir Pereira Bueno. Ele é um dos acusados de atear fogo aos assaltantes Osvaldo José Bachmann e dos irmãos Arci e Ivanir Garcia dos Santos, em 1990.
Os três foram queimados vivos, após assaltarem uma residência e fazerem uma família de refém por mais de 15 horas, em Matupá (695 km ao Norte de Cuiabá).
Antes de iniciar o interrogatório, o juiz Tiago Souza Nogueira de Abreu, que presidente o Tribunal do Júri, informou ao réu sobre o seu direito de permanecer calado.
Ele declinou do direito e contou que tinha uma padaria na época dos fatos e que o grupo tinha assaltado seu estabelecimento. Ele foi amarrado com cordas e só foi libertado horas depois, quando um cliente chegou para comprar pão.
“Depois disso, eu ouvi pelo rádio que três homens tinham sido presos e fui ao local para saber se eram os mesmo que me assaltaram. Achei que estivessem mortos quando cheguei e recebi um galão, que não sei dizer se era álcool ou gasolina, e joguei neles. Não sei quem ‘tacou’ fogo. Estou arrependido do que fiz, não sei explicar o que senti naquela hora”, revelou o acusado.
O Ministério Público questionou se o acusado tinha confessado o crime como na oportunidade. Ele disse que sim, como ocorreu em todas as fases do processo. O magistrado perguntou se o acusado respondeu algum outro processo criminal nesse período, e a resposta foi negativa. Em seguida, foi liberado.
O acusado Santo Caione disse que ficou sabendo do seqüestro quando estava em casa. “Fiquei sabendo que os assaltantes seriam embarcados em um avião. Quando cheguei ao local, vi que eles já estavam queimando“, sustentou.
A promotora questionou sobre um grito nas gravações: “Quem gritou: É a família Caione dando força?”, questionou a promotora Daniele Crema da Rocha.
A promotora também questionou o fato de testemunhas atribuírem a ele a prática de ter amarrado um cinto em volta da perna de uma das vítimas e a arrastado.
O acusado disse que foram pessoas que ele deixava de atender em seu mercado. “Tinha um monte de gente que eu não vendia sem dinheiro pra eles. Eles que disseram que eu fiz isso“, disse o acusado.
O réu, de 62 anos, respondeu emocionado quando seu advogado perguntou sobre o tratamento que teve de um delegado que apurou os fatos à época. “Ele me chamou de gaúcho, e eu não sou gaúcho”, disse.
O juiz Tiago Souza Nogueira passou, em seguida, ao período de debates entre a defesa e a acusação. Cada um terá duas horas para suas explanações.
Denúncia
No dia 9 de fevereiro de 1998, a Justiça determinou que 18 denunciados deviam ir a Júri Popular. Entre as pessoas denunciadas no processo estão: Valdemir Pereira Bueno, Alcindo Mayer, Elo Eidt, Luiz Alberto Donim, Faustino da Silva Rossi, Santo Caione, Arlindo Capitani, Mario Nicolau Schorr, Donizete Bento dos Santos, Mauro Pereira Bueno, Paulo César Turcatto, Elymd da Silva, Gerson Luiz Turcatto e Airton José de Andrade.
Além dos populares, sete policiais militares foram denunciados pelo MPE, por supostamente não terem agido adequadamente para conter a população.
Os sete PMs denunciados pelo Ministério Público Estadual são: Edyr Bispo Santos, Lúcio da Silva, Juraci Messias dos Santos, Valter Benedito Soares, Lucir Ramos da Silva, Ciro Lopes e Jacles George de Melo.
Caso o veredito do juiz seja pela condenação, cada pessoa poderá pegar de 12 a 30 anos de prisão, por homicídio qualificado. A pena está prevista no artigo 121 do Código Penal Brasileiro.
Tudo filmado
A principal prova do crime é uma fita que mostra os assaltantes sob a escolta da Polícia Militar. As cenas são chocantes e mostram os três feridos e amontoados em um campo, a população grita e vibra quando um dos moradores joga gasolina e ateia fogo nas vítimas.
Uma das vítimas, Osvaldo Bachmann, mesmo depois de ter tido o corpo queimado por 15 minutos, continua vivo e, agonizando, chega a pedir perdão a Deus e à sua mãe.
A população em volta ironiza e pergunta: "Esta quente aí?".
Com informações do TJMT
Comentários (13)
Isso sim, foi uma verdadeira EXECUÇÃO PENAL. Que, por sinal, nós, cidadãos de bem, pagadores de IMPOSTOS, diante da INOPERANCIA da IN-SEGURANÇA PUBLICA, deveriamos praticar mais vezes, à começar pelo conluio dos políticos.
enviada por: Karluf Data: 05/10/2011 08:08:20
As leis deste País são muito brandas, ou seja, os bandidos sabem que ficarão impunes ou, no máximo, cumprirão alguns anos de prisão e terão direito à progressão de regime. OS ILUSTRES POLÍTICOS DESTE PAÍS NÃO FAZEM NADA PARA MUDAR ESTA SITUAÇÃO. PORTANTO, ENTENDO QUE OS ENVOLVIDOS NO CRIME OCORRIDO NO MUNICÍPIO DE MATUPÁ DEVEM SER ABSOLVIDOS. CABE RESSALTAR, AINDA, QUE O PT ESTÁ NO PODER HÁ 09 ANOS E NÃO PROCURA ATUALIZAR O CÓDIGO PENAL E DE PROCESSO PENAL. O CITADO PARTIDO AINDA ESTÁ IMPORTANDO BANDIDOS, POR EXEMPLO, O SENHOR BATISTTI ESTÁ NUMA BOA. O PT É UMA MÉR...
enviada por: José Freitas Data: 05/10/2011 08:08:07
O fato em si é repugnante e inaceitável, porém seus autores agiram sob forte e incontrolável emoção. Na época a região vivia sob o estigma da violência. Lá a vida valia menos que o disparo de uma pistola. O Estado era a ausência mais presente e, não raro, os agentes do proprio estado, estavam no topo e no comando da deliquência generalizada. O ouro, a madeira e a grilagem de terras eram os ingredientes mais explosívos da realidade então existente. Trata-se, portanto, de um crime de massas, um ato multifacetário carregado de medo, insegurança e uma infinidade de outros sentimentos contraditórios. Neste cenário, inexiste consciência individual. As pessoas mergulham na consciência coletiva e, como um turbilhão, praticam atos não pretendidos. Qual pena merecem?
enviada por: EDESIO DO CARMO ADORNO Data: 05/10/2011 07:07:58
trabalhamos a vida inteira, pagamos altos impostos, e em determinado momento vem esses vagabundos e levam tudo e ainda somos humilhados, e não temos a quem recorrer, e temos que de alguma forma pagar nossos compromissos, ninguem vem nos ajudar, se os ladrões tem direitos nos so temos deveres, inclusive na manutenção desses proprios com lanches e comida na hora certa, dá vergonha de ser Brasileiro
enviada por: vicente Data: 05/10/2011 06:06:16
Se a população fizessem sempre isso, os presidios não estariam superlotados, o estado não gastaria com alimentação, nem tampouco com segurança pública. Sobraria mais dinheiro para investir na educação. Infelizmente o que assistimos é o contrário, o cidadão de bem sendo encurralado pelos bandidos e pelos corruptos.
enviada por: juquinha Data: 04/10/2011 23:11:56
Gostaria que vcs soubesse que antes de acontecer tudo isso eles estava entrando dentro de um avião ja ligado para ir para colider quando um reporte perguntou quem era o mandante,qual foi a resposta um policial de Terra nova,o que aconteceu foram colocados no carro novamente e levados ao encontro da população e abrindo a porta do carro atirara nas vitimas que para mim eram bandidos eu sei o terror daquela noite e manhã,os laudo medicos confirman que els ja estavam atirados e sem vidas, e ai a policia sumiu,quem esta no banco dos reus a sociedade que continua construindo e levando a cidade com agricultura e pecuaria,gente que trabalha...
enviada por: simone Data: 04/10/2011 23:11:02
Que comentário mais chulo sr. Antonio, não é com este tipo de Justiça que os grandes homens fazem nascer uma sociedade de bem, isso é um bando de covardes, que por um roubo que não se originou em estrupo, morte, agressão, nada, fez reféns e iam pagar pelos seus atos na prisão, estavam presos com a polícia, tiraram deles e queimaram vivos, pobres de espírito e agora se borram na frente do Juiz que vai dar a pena à vocês, é?? Cadê os machões de jogar gasolina em gente viva e rindo dos mesmos sendo queimados igual à churrasco humano, todos tem de apodrecer na cadeia para aprenderem a ser pelo menos 1/5 de um humano com cérebro.
enviada por: Gean Carlo Data: 04/10/2011 22:10:02
E vão ser condenados, o mundo está esperando o resultado deste júri.
enviada por: joaozinho Data: 04/10/2011 20:08:25
Aqueles. que cometeram este crime simplesmente se igualaram aos criminosos que assassinaram. Pertencem a mesma corja... sao da mesma laia.
enviada por: Josue Souza Data: 04/10/2011 20:08:09
Realmente um ato de barbarie e selvageria!
enviada por: Edson Silva Data: 04/10/2011 19:07:46
Olha o tempo para o julgamento. nada justifica tanto tempo. O poder judiciário deveria ter vergonha dessa lentidão. Pelo tempo o fato até perde o mérito. Ninguém lembra mais.
enviada por: Donizete Leite Data: 04/10/2011 19:07:23
Cana nestes assassinos! Quem julga é juiz ou DEUS! Ninguém tem direito de julgar pessoas sumariamente e condenar à morte (mesmo sendo bandidos). Não se paga o mal com o mal. Justiça seja feita e que estes que praticaram essa barbárie sejam condenados!
enviada por: Veríssimo Data: 04/10/2011 19:07:00
Há 21 anos atrás a população já não confiava no Estado para punir os bandidos... O que mudou nos dias de hoje? O que avançamos em termos de Direito Penal e execuções penais para dar mais segurança ao cidadão de bem? NADA!!
enviada por: Antonio Data: 04/10/2011 18:06:30