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Flávio Henrique Lucas e da cirurgiã dentista Kenia Dier Lucas são alvos da PF
A organização acusada de traficar drogas em fundo falso de veículos, que seria comandada pelo empresário Flávio Henrique Lucas, de Cuiabá, começou a ser desbaratada após a apreensão de 155 quilos de entorpecentes, em três ocasiões, segundo a Polícia Federal.
A investigação teve início com a prisão de John Carlos Lemos da Silva, em 18 de agosto de 2023, com 26 tabletes de cocaína e 11 de pasta base.
Ele atuava como “mula” e transportava as drogas de Cuiabá para Barra do Garças, quando foi preso pela Polícia Rodoviária Federal.
A esposa de Flávio, a cirurgiã dentista Mara Kenia Dier Lucas - que também foi presa -, é acusada de dar apoio logístico ao esquema.
Segundo a PF, era ela quem alugava os carros que seriam usados no transporte das drogas e armas a outros estados.
Ainda conforme a investigação, o casal é dono da empresa Premium Multimarcas, que comercializa carros em Cuiabá.
A principal suspeita é que a droga vinha da Bolívia, chegava a Cuiabá e era redistribuída para outros estados, como Goiás e Bahia, nos carros alugados.
“O modus operandi consiste basicamente no transporte da carga ilícita em fundo falso de veículos alugados, previamente preparado em uma funilaria ligada ao grupo criminoso, veículos estes que, após preparados, são carregados de entorpecentes e conduzidos por meio de “mulas” do tráfico previamente contratados”, diz trecho da decisão, assinada pelo juiz Douglas Bernardes Romão.
Depois que John Carlos Lemos da Silva foi flagrado pela PRF, Flávio Lucas foi contatado pelo advogado do traficante preso, ficando claro para a Polícia que ele “seria, de fato, o responsável pela droga apreendida”.
Mara Kenia ficou a cargo de realizar o pagamento dos honorários para o advogado, diz a investigação da PF.
Ainda conforme as investigações, em uma das ocasiões Flávio teria oferecido ao seu sócio, João Paulo Figueiredo Couto, o serviço de levar drogas para outros estados. João Paulo, no entanto, teria dito que não tinha coragem para realizar o trabalho.
"E, então, passou para Thiago de Oliveira, seu sócio em outra loja, o qual, por sua vez, foi o recrutador de John Carlos, pessoa de confiança do seu amigo Diego Minott Egue, para realizar o transporte", relata a decisão.
O juiz determinou o bloqueio de R$ 25 milhões de bens e valores de Flávio e Mara.
Além dos valores apreendidos do casal, a Justiça determinou ainda o bloqueio de valores de outros investigados. Entre eles Marco Aurélio Prado, cujo nome verdadeiro é Marco Antônio da Silva. O juiz bloqueou R$ 50 milhões de cada um dos CPFs usados por ele.
Marco Antônio seria um dos possíveis líderes do esquema, uma vez que, conforme o juiz, era constantemente chamado de "Zero Um" nas conversas telefônicas.
Veja quanto foi bloqueado de cada investigado:
Marco Antônio da Silva: R$ 50 milhões
Marco Aurélio Prad: R$ 50 milhões
Gabrieli Alves Araújo: R$ 5 milhões
Grazielli Ferraz dos Santos: R$ 5 milhões
Flávio Henrique Lucas: R$ 20 milhões
Mara Kenia Dier Lucas: R$ 5 milhões
Thiago de Oliveira: R$ 10 milhões
O esquema
O veículo em que John Carlos foi preso era de propriedade da Locadora Localiza Rent A Car S.A, que havia sido locado em nome de Mara Kenia em Cuiabá.
“A conduta da investigada Mara Kenia Dier Lucas consistiu em alugar o veículo para ser utilizado no transporte dos entorpecentes”, diz trecho do documento.
Ao todo foram 13 mandados de busca e apreensão e 7 de prisão preventiva, expedidos pela Justiça Estadual de Mato Grosso.
As ações foram cumpridas em Cuiabá, Várzea Grande, Vitória da Conquista (BA) e Hidrolândia (GO).
As averiguações tiveram início em agosto de 2023, durante a prisão em flagrante de uma pessoa transportando cerca de 40 quilos de entorpecentes em um fundo falso de um veículo. As investigações foram aprofundadas, fazendo com que a polícia chegasse aos líderes do grupo criminoso.
Estima-se que o grupo tenha transportado toneladas de entorpecentes e diversas unidades de armas de fogo de uso permitido e restrito para outros estados da federação.
A operação Escamotes contou com aproximadamente 50 policiais federais e oito membros do Gaeco de Mato Grosso.
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