A promotora Ana Cristina Bardusco será responsável pela investigação de denúncia anônima de suposta venda de sentença no Poder Judiciário de Mato Grosso, envolvendo o atual grão-mestre da Loja Maçônica Grande Oriente do Brasil de Mato Grosso, o advogado Júlio Tardin.
Conforme a denúncia, ele teria sido acusado de utilizar-se do título de grão-mestre para intermediar a compra de sentenças, no Tribunal de Justiça.
O denunciante cita, como exemplo, uma decisão favorável à empresa Centro América de Medicamentos Ltda., que teria como advogado o próprio grão-mestre. Ainda de acordo com a denúncia, a decisão teria sido resultado do agravo de instrumento 36511/2009, que teve como relator o juiz Antonio Horácio da Silva Neto, mesmo após parecer contrário do MPE.
O magistrado foi aposentado em fevereiro deste ano, compulsoriamente, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), após ser acusado de integrar um suposto esquema que desviava dinheiro do TJ, para salvar uma cooperativa de crédito ligada à Maçonaria.
Conforme o MPE, o autor da denúncia diz ser membro do Judiciário e, por isso, não se identificou, temendo represálias. "Sou membro do Poder Judiciário e tenho medo de ser assassinado, como foi o juiz Leopoldino Marques do Amaral. Estou cansado de ver as coisas acontecerem com essa quadrilha e poder paralelo de maçons, sem poder fazer nada. Peço, por favor, que a [empresa] Centro América e o denunciado sejam devidamente investigados", diz um trecho da denúncia, à qual o MidiaNews teve acesso.
De acordo com a Assessoria de Imprensa do MPE, Ana Cristina Bardusco foi designada pela Procuradoria-Geral de Justiça para acompanhar o caso, que chegou ao conhecimento do Ministério Público no início deste mês.
A denúncia também havia sido encaminhada para o Ministério Público Federal (MPF), que declinou da competência, por entender que não cabe à instituição investigar o fato, conforme entendimento da procuradora Ana Carolina de Oliveira Diniz.
Outro lado
Ao MidiaNews, o advogado Júlio Tardin afirmou que irá falar sobre o assunto somente após tomar conhecimento do fato, por meio de notificação do MPE. Ele alegou que desconhece o teor da denúncia.
Operação Asafe
A pedido do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a Polícia Federal (PF) deflagrou, no último dia 18, a Operação Asafe, para investigar suposta prática de venda de sentença no Tribunal de Justiça (TJ) e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Mato Grosso.
Durante a operação, foram expedidos nove mandados de prisão, 30 de busca e apreensão em escritórios de advogados, em residências de juízes e desembargadores, em Cuiabá, Alto Paraguai e Várzea Grande. Além disso, diversas intimações para esclarecimentos foram expedidos.
Tiveram a prisão temporária decretada:
Célia Cury - advogada e esposa de Tadeu Cury, desembargador aposentado (presa)
Jarbas Nascimento - advogado e ex-chefe de gabinete de Tadeu Cury (preso)
Cláudio Emanuel Camargo - empresário e genro de Tadeu Cury (preso)
Alessandro Jacarandá - advogado e sócio de Célia Cury (preso)
Alcenor Alves de Souza - advogado e ex-prefeito de Alto Paraguai (preso)
Rodrigo Vieira - advogado (preso)
Santos de Souza Ribeiro - advogado (preso)
Ivone Siqueira - autônoma (teve a prisão revogada)
Max Mendonça - advogado (preso)
Comentários (2)
A INSTITUIÇÃO MAÇONARIA ESTÁ ACIMA DE DENUNCIAS ANONIMAS. ISSO PRECISA FICAR BEM CLARO.
enviada por: Carlos Eduardo Magalhães Data: 20/05/2010 17:05:50
Para galgar postos de juizes e desembargadores é necessário, antes, ser advogados. A OAB é como uma sementeira onde fecunda a árvore da justiça. Toda árvore boa produz frutos bons, e toda árvore má produz frutos maus - Mateus 7:17. É triste constatar o envolvimento de advogados em todos os escândalos, desde aqueles relacionados ao tráfico de drogas até os de corrupções. Os advogados de hoje são os juizes e desembargadores de amanhã. A imagem, no leito da UTI, do desembargador aposentado, retrata o desesperador estado de saúde da própria sementeira.
enviada por: VALFRAN DOS ANJOS Data: 20/05/2010 09:09:25