Primeiro estabelecimento a usar o nome de lan house no Brasil, a loja Monkey Paulista, em São Paulo (SP), encerra suas atividades nesta quinta-feira (1º). No final da tarde, quando os últimos funcionários deixarem o local, encerra-se a trajetória de 12 anos de um espaço que fez história entre os gamers brasileiros.
O estabelecimento na Alameda Santos, inaugurado em 1998, foi projeto piloto de da franquia Monkey LAn4Fun, que chegou a ter 60 lojas em todo o país. O conceito de um local exclusivo para jogos, com computadores ligados em rede, foi trazido da Coreia do Sul naquele ano e ganhou força com uma geração que se acostumou a jogar interagindo com o adversário lado a lado.
Ao recordar momentos vividos nesta ou em outras unidades da rede, fãs de games lamentam o fechamento da loja.
"Jogo videogame desde que me dou por gente. Eu era um cliente da Monkey Paulista e frequentava bastante. Antes de tudo, era um lugar para se encontrar os amigos. Não precisava nem combinar, era só aparecer e estavam todos lá", conta Leo De Biase, 37 anos.
Leo participou ativamente da história da lan house. Foi cliente, funcionário e organizou dezenas de campeonatos de games em diferentes unidades.
"Lembro até hoje, em junho de 99, quando ajudamos a instalar a primeira versão de um jogo então desconhecido, chamado ‘Counter-Strike'", recorda. Maior sucesso entre os jogos de tiros de todos os tempos, o "CS" foi um dos responsáveis por lotar lan houses em todo o país.
Torneios de jogos como Counter-Strike movimentavam unidades da Monkey pelo país. (Foto: Arquivo Pessoal)
Mas não eram apenas os jogos de tiro que mobilizavam dezenas de marmanjos - e algumas garotas. "De 'Half Life' a 'Counter-Strike', 'Age of Empires' a 'Civilization'. Tudo era motivo para um torneio. O clima era de uma verdadeira farra", diz De Biase.
Outro que organizou campeonatos no estabelecimento foi Marcelo de Oliveira Bressiani, de 39 anos, especialmente as "Ligas Monkey".
"Liga sempre foi o 'CS', mas cheguei a organizar algumas com 'Battlefield' e 'Need for Speed'. A liga tinha duas fases: a de classificação, na qual os times jogavam na própria loja, e as finais, quando todos os classificados vinham jogar em São Paulo", relata Bressiani, mais conhecido como TC. Entre uma rodada de tiros e outra, criaram-se laços de amizade. "Até hoje conheço bastante gente daquela época", diz TC.
A efervescência das lan houses focadas em games é destacada por De Biase. "A fase das lans revolucionou a maneira de as pessoas verem a internet e os games. Elas mudaram o conceito e passaram mais para o lado de inclusão digital e cyber café do que propriamente para games. A banda larga e os equipamentos mais baratos levaram as pessoas de volta para casa", analisa.
Doze anos depois de importar o conceito das lan houses da Coreia do Sul, a diretoria da Monkey não quis comentar os motivos para o fechamento da primeira unidade da rede no Brasil - a última que ainda estava em atividade.
Em seu site, a loja publicou uma relação dos móveis e equipamentos eletrônicos que estavam no local, todos à venda. Na mesma página, a empresa afirma que seguirá com as atividades de eventos e consultoria.
Apesar de ser o último dia de funcionamento da Monkey, não haverá ninguém jogando nesta quinta-feira. Os computadores com configuração para jogos foram os primeiros a serem vendidos. Na tarde desta quarta-feira, restavam apenas dois deles em uma das salas que eram reservadas para os jogos, no primeiro andar.
No térreo, menos de 20 computadores com acesso a internet ainda estavam à disposição para quem quisesse ler e enviar e-mails, acessar redes sociais ou outros sites. Na manhã desta quinta, esses equipamentos também serão desligados para o fechamento da loja.
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