Enquanto os contraventores que controlam o jogo ilegal no Rio de Janeiro faturam aproximadamente R$ 115 milhões por mês, principalmente com bingos e máquinas caça-níqueis, os apostadores amargam prejuízos. Segundo a PF (Polícia Federal), as máquinas caça-níqueis são programadas para dar a quem aposta apenas 5% de chances de ganhar.
Titular da Delefaz (Delegacia de Combate aos Crimes Fazendários), o delegado Marcelo Daemon explica que em países onde o jogo é legal e os equipamentos são submetidos à fiscalização, a possibilidade de ganho para os apostadores é de, no mínimo, 20%.
- Laudo feito por peritos da Polícia Civil constatou que as máquinas são viciadas e que a possibilidade de ganho é mínima, de 5%. Por mais que uma pessoa ganhe dinheiro em algum momento, vai acabar perdendo porque os lucros da contravenção são muito maiores.
Uma máquina de vídeo bingo chega a faturar R$ 4 mil em um dia, segundo a PF. Para se ter ideia dos lucros exorbitantes, em apenas duas horas de funcionamento, um bingo com 81 máquinas estourado recentemente pelos federais já tinha faturado R$ 36 mil, em São Conrado, na zona sul da capital.
Geralmente, 20% do lucro fica com o dono do estabelecimento, enquanto que os 80% restantes são divididos meio a meio entre o intermediário, uma espécie de gerente da área, e o grande contraventor que domina a região. Cada máquina tem um selo, um adesivo com uma marca característica de cada contraventor, o que garante autorização para o equipamento funcionar em determinada área.
De acordo com a PF, os equipamentos usados nas máquinas são produtos de contrabando. Os noteiros, locais onde as notas são depositadas, vêm de Taiwan e dos Estados Unidos e entram no Brasil por meio de fraude na importação. As placas de vídeo, iguais às usadas em computadores, são de origem russa e israelense, que também chegam através de contrabando. Os equipamentos são montados aqui, em oficinas do jogo.
- Muitas vezes a compra desses produtos é lícita porque equipamentos desse tipo são usados em máquinas de refrigerante e que tocam músicas. O problema é que a destinação não é essa, mas sim o jogo ilegal.
'Se fechar um bingo por dia, vou levar 20 anos'
De janeiro a novembro deste ano, a Delefaz apreendeu 3.025 máquinas em 107 estabelecimentos comerciais, com um montante de R$ 423.785 apreendidos. Ao todo, 102 pessoas foram presas, entre elas um policial que trabalhava como segurança.
Marcelo Daemon disse que a Delefaz tem uma lista de mais de 5.000 estabelecimentos onde há bingos ou máquinas caça-níqueis em funcionamento.
- É um número impressionante. Se nós fecharmos um estabelecimento desses por dia, vamos levar 20 anos para acabar com esse problema.