Cuiabá, Sexta-Feira, 4 de Julho de 2025
VITIMA DA CRUELDADE
03.09.2009 | 07h58 Tamanho do texto A- A+

Filha de jovem morta em Heliópolis pergunta: cadê mamãe Aninha?

Ana Cristina de Macedo foi enterrada na manhã da quarta-feira (2) em SP

Reprodução

Amigos choram no enterro de Ana Cristina

Amigos choram no enterro de Ana Cristina

DO G1

Durante o sepultamento de Ana Cristina de Macedo, de 17 anos, amigos da estudante disseram que ela era uma garota calma, alegre e estudiosa. "Ela estava fazendo o supletivo e queria fazer faculdade de direito para ser advogada ou juíza", afirmou Suellen Gonçalves Alfani, de 23 anos, que disse ser amiga da vítima há um ano. O corpo de Ana Cristina foi enterrado na manhã de quarta -feira (2) num cemitério de Vila Alpina, na Zona Leste de São Paulo. 

A vítima morreu na noite da segunda-feira (31), supostamente atingida por uma bala perdida, na Favela de Heliópolis, na Zona Sul da capital. A autoria do disparo ainda é desconhecida. Isso porque, segundo a Polícia Civil, a estudante estaria em meio a um tiroteio entre guardas-civis de São Caetano do Sul, no ABC, e assaltantes de carro.

Os guardas disseram estar seguindo homens que roubaram um veículo em São Caetano. De acordo com eles, durante a troca de tiros com os bandidos, uma bala atingiu a garota. A morte da adolescente revoltou os moradores de Heliópolis que protestaram nas ruas da comunidade na noite de segunda e de terça-feira (1). Ônibus e carros foram queimados, além disso, os manifestantes montaram barricadas para impedir a entrada da PM.

Estudo

Segundo Suellen, Ana Cristina comentava que queria estudar para dar uma vida melhor para a filha, que tem um 1 ano e 8 meses. Suellen disse que costumava pegar Ana Cristina na escola no semestre passado para que as duas fossem caminhando juntas para casa e que não acompanhou a vítima na noite da segunda-feira (31) porque achou que ela não iria para a escola.

A jovem disse que a morte chocou os amigos. "Foi um baque, um choque, ninguém esperava", afirmou a garota, que chorava bastante em frente à sala do velório. "É uma dor muito forte, não tem como explicar", disse a garota.

Amigos e vizinhos disseram que a garota era uma mãe muito cuidadosa e preocupada com o futuro da criança. "Era uma supermãe, amava muito a neném", afirmou a bordadeira Luciana Oliveira Santos, de 35 anos, que disse ter sido vizinha da família de Ana Cláudia durante seis anos.

Filha da vítima

Com apenas um ano e oito meses, a filha da estudante Ana Cristina sente falta da mãe e pergunta por ela. "Ela diz ‘cadê mamãe Aninha?'", contou a avó do namorado de Ana Cristina, a aposentada Therezinha Lima Souza, de 68 anos. Segundo ela, os parentes dizem para a criança que a mãe saiu, pois ainda não sabem como contar a ela que a mãe morreu. "Ela é muito novinha, não entende ainda, vamos deixar o tempo passar um pouco", afirmou a aposentada logo após o enterro da garota.

De acordo com Therezinha, a criança costumava passar a semana com ela em Carapicuíba, na Grande São Paulo, para que os pais pudessem trabalhar. É vizinho a casa da avó, que o namorado de Ana Cristina, Bruno Lima, estava construindo uma casa para o casal morar com a filha.

Segundo Therezinha, eles pretendiam se casar em dezembro. "Eles queriam morar juntos, porque a menina já está crescendo e era bom para ela", comentou a aposenta, segundo a qual, a família de Bruno e de Ana Cristina devem passar a cuidar da criança agora. No último fim de semana, ela disse que Ana Cristina esteve em Carapicuíba para acompanhar as obras da casa nova.

Para Therezinha, Ana Cristina não aprovaria os protestos que ocorreram após sua morte. "Ela era uma menina muito calma. Essa bagunça não vai trazer a vida dela de volta. Tenho certeza que onde ela estiver não está se sentindo bem com aquilo [os protestos] de ontem", disse a aposentada.

Protestos

No protesto ocorrido na noite de terça, 21 pessoas foram detidas e um PM foi ferido após ser atingido por uma pedra na cabeça. Além disso, três ônibus, dois micro-ônibus e quatro carros foram incendiados. Os detidos foram liberados na manhã de quarta.

Segundo a PM, 600 pessoas participaram da manifestação, que se espalhou por diversos focos da favela. Oitenta policiais da Forca Tática atuaram na ação, que durou cerca de cinco horas. O policial que ficou ferido teve traumatismo craniano após levar uma pedrada na cabeça. Ele segue internado e seu quadro é estável.




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Vinícius  10.12.11 10h12
Aninha fique em paz a justiça será feita.
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