A Hypermarcas, dona da Risqué, da Monange e da Doril, informou na noite de quarta-feira que Nicolas Fischer, até então presidente da Nivea no Brasil, assumirá o comando da divisão de produtos de consumo a partir de fevereiro. Fischer entra no lugar de Nelson Mello, que se tornará diretor de relações institucionais da empresa.
Sob o comando de Fischer, a Nivea dobrou de tamanho entre 2005 e 2010. O Brasil ocupava a décima primeira colocação entre as operações mundiais da Nivea e tornou-se a segunda, atrás apenas da Alemanha. De 2006 a 2011, o crescimento médio da Nivea no Brasil foi de 15% ao ano.
A Hypermarcas atravessa um período de dificuldades. Após fazer várias aquisições nos anos anteriores, a companhia passou a ter problemas de liquidez. Isso fez com que a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixasse sua nota. Segundo a própria agência, a empresa teve desempenho operacional e financeiro fraco nos últimos trimestres de 2011 e deveria permanecer com as margens pressionadas no início de 2012.
Na última divulgação de resultados, o presidente da empresa, Claudio Bergamo, reconheceu que a companhia atravessava um ano difícil. O prejuízo foi duas vezes maior do que o estimado pelos analistas. As projeções futuras da empresa também foram reduzidas.
Para resolver o problema de caixa, a Hypermarcas vendeu, no fim do ano passado, a Etti e a Assolan por R$ 310 milhões. A companhia também vendeu marcas de limpeza, que incluiam Assim, Sim, Gato, Fluss, Sanifleur e Mat Inset, um pouco antes, por R$ 140 milhões. Em junho, ela já também já havia vendido uma subsidiária do laboratório Mantecorp por R$ 35 milhões.
No início de janeiro, boatos de que a Hypermarcas seria vendida ao banco BTG fizeram com que suas ações disparassem 8% num único dia.
Na opinião de analistas, a troca do comando da divisão de consumo (a empresa está dividida em duas áreas de negócios, consumo e farma) é uma sinalização positiva, mas não é suficiente para que as ações da companhia subam na bolsa de valores.
"A entrada de Nicolas Fischer contribui para melhorar o sentimento do mercado, uma vez que ele tem um perfil de executivo mais parecido com o Luiz Violland [diretor da área de farma] e tem em seu currículo a passagem por grandes empresas, sempre em posições de liderança," diz Iago Whately, analista da Fator Corretora. Na opinião dele, o novo executivo pode trazer uma nova visão para a empresa.
Felipe Miranda, analista da Empiricus Research, concorda que a experiência de Fischer no setor favorece a Hypermarcas. "O movimento é interessante porque o novo diretor é experiente nesta área. Com isso, a companhia está se mostrando disposta a manter seu crescimento na divisão de consumo," afirma.
No entanto, ele acredita que a empresa precisará melhorar sua capacidade de elevar suas vendas e, ao mesmo tempo, manter uma boa geração de caixa. Só assim irá agradar, de fato, os investidores. "A demanda final da divisão de consumo estava muito forte, mas as vendas não estavam crescendo na proporção. Agora, com um novo diretor, a Hypermarcas precisa mostrar algo mais concreto neste sentido," afirmou.
Nicolas Fischer foi diretor-presidente da BDF Nivea no Brasil nos últimos 6 anos, presidente da Wella no Chile, onde esteve por quatro anos, e diretor de Marketing da Procter & Gamble por um ano após a aquisição da Wella.
A Nivea informa que Ricardo Basque, diretor financeiro da BDF NIVEA Brasil, responderá interinamente pelo cargo de presidente da empresa no Brasil.
O principal objetivo de Fischer, segundo a Hypermarcas, será promover crescimento sustentável e rentável dos negócios da divisão de consumo da Hypermarcas, em linha com o plano estratégico de crescimento da companhia.
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