Cuiabá, Terça-Feira, 15 de Julho de 2025
DENÚNCIA À CPI
23.04.2019 | 14h10 Tamanho do texto A- A+

Empresário diz que facção criminosa é dona de postos em Cuiabá

Locatelli falou na Comissão Parlamentar de Inquérito da Renúncia e Sonegação Fiscal nesta terça

Alair Ribeiro/MídiaNews

O empresário Aldo Locatelli:

O empresário Aldo Locatelli: "Quanto mais caro o imposto, mais se sonega"

CÍNTIA BORGES E DOUGLAS TRIELLI
DA REDAÇÃO

O empresário do ramo de combustíveis Aldo Locatelli denunciou que a facção criminosa Comando Vermelho controla ao menos três postos em Cuiabá. A informação foi dada na manhã desta terça-feira (23) aos deputados estaduais da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Renúncia e Sonegação Fiscal.

 

Conforme Locatelli, que também é presidente Sindpetróleo (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo), a faccção usa os empreendimentos para lavar dinheiro levantado com as ações criminosas. Além disso, eleva seus lucros promovendo a sonegação fiscal.

 

“Temos notícias de três postos em Cuiabá do Comando Vermelho, mas não posso entrar muito em detalhes até por questão de segurança”, disse Locatelli. 

 

De acordo com a procuradora de Justiça Ana Cristina Bardusco – que prestou depoimento à CPI na semana passada -, as empresas de combustíveis são as que mais sonegam impostos no Estado. 

 

Temos notícias de três postos em Cuiabá do Comando Vermelho, mas não posso entrar muito em detalhes até por questão de segurança

Locatelli, no entanto, disse que apesar de haver um alto tributo, o que encoraja o empresário a sonegar, há exceções. 

 

“Grandes companhias, como a Shell, Petrobras, Ipiranga não fazem isso. Mas elas têm que ficar brigando. Tirando dinheiro lá, põe aqui. Pois não tem lucro”, disse.

 

A carga tributária média do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) sobre os combustíveis é de 20%. Para Locatelli, a alta carga tributária impulsiona os empresários a sonegarem. O valor projetado de sonegação é de aproximadamente R$ 450 milhões ao ano. 

 

"'Quanto mais caro o imposto, mais se sonega’. Isso é uma lei escrita por todos os economistas. O valor sonegado daria mais um FEX por ano”, afirmou.

 

A sonegação

 

Locatelli lembrou em seu discurso que há 15 anos a Secretaria de Fazenda (Sefaz), junto à Polícia Civil investigou o que se chamava à época de “Máfia dos Combustíveis”.

 

Na ação foram presos dois coronéis da Policia Militar acusados de receberem propina no valor de US$ 200 mil para liberar a entrada e distribuição, em Mato Grosso, de combustível adulterado na Bolívia.

 

Para o empresário, que atua há mais de 50 anos no ramo, a prática ainda continua no Estado. 

 

“’Tudo como dantes, no quartel de Abrantes’. Se sonega, se tem vantagem de sonegar e nada acontece. A gente não sabe onde está o defeito dessa engenharia. A gente sabe que é muito dinheiro, e um lucro muito fácil”, afirmou.

 

A maneira mais recorrente se sonegar, segundo o empresário, é por meio da confecção de “notas frias”. 

 

“Exemplificando: quando uma nota diz que o combustível vai para Mato Grosso Sul, mas na verdade vem para cá, a diferença é de R$ 0,36 por litro. Você ganhou isso sem fazer nada”, disse.

 

CPI

 

O empresário foi a terceira pessoa a ser ouvida pela CPI. Na semana passada, os deputados ouviram a procuradora Ana Cristina Bardusco e o auditor do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Joel Bino. 

 

Já nesta quinta-feira (25), os deputados que compõem a CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal devem ouvir o secretário-chefe de Casa Civil,  Mauro Carvalho,  o procurador-geral do Estado, Francisco de Assis,  o secretário de Estado de Fazenda,  Rogério Gallo, o secretário-adjunto, Fábio Pimenta e o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, César Miranda.

 

Leia mais sobre o assunto:

 

Com legislação atual, vale a pena sonegar, diz chefe do Gaeco

 

 

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Paulo Boss  24.04.19 08h36
O Sucateamento promovido nos Posto Fiscais de Fronteira, ao Longo de vários Governos, contribui muito com esta prática.
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