O empresário do ramo de combustíveis Aldo Locatelli denunciou que a facção criminosa Comando Vermelho controla ao menos três postos em Cuiabá. A informação foi dada na manhã desta terça-feira (23) aos deputados estaduais da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Renúncia e Sonegação Fiscal.
Conforme Locatelli, que também é presidente Sindpetróleo (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo), a faccção usa os empreendimentos para lavar dinheiro levantado com as ações criminosas. Além disso, eleva seus lucros promovendo a sonegação fiscal.
“Temos notícias de três postos em Cuiabá do Comando Vermelho, mas não posso entrar muito em detalhes até por questão de segurança”, disse Locatelli.
De acordo com a procuradora de Justiça Ana Cristina Bardusco – que prestou depoimento à CPI na semana passada -, as empresas de combustíveis são as que mais sonegam impostos no Estado.
Locatelli, no entanto, disse que apesar de haver um alto tributo, o que encoraja o empresário a sonegar, há exceções.
“Grandes companhias, como a Shell, Petrobras, Ipiranga não fazem isso. Mas elas têm que ficar brigando. Tirando dinheiro lá, põe aqui. Pois não tem lucro”, disse.
A carga tributária média do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) sobre os combustíveis é de 20%. Para Locatelli, a alta carga tributária impulsiona os empresários a sonegarem. O valor projetado de sonegação é de aproximadamente R$ 450 milhões ao ano.
"'Quanto mais caro o imposto, mais se sonega’. Isso é uma lei escrita por todos os economistas. O valor sonegado daria mais um FEX por ano”, afirmou.
A sonegação
Locatelli lembrou em seu discurso que há 15 anos a Secretaria de Fazenda (Sefaz), junto à Polícia Civil investigou o que se chamava à época de “Máfia dos Combustíveis”.
Na ação foram presos dois coronéis da Policia Militar acusados de receberem propina no valor de US$ 200 mil para liberar a entrada e distribuição, em Mato Grosso, de combustível adulterado na Bolívia.
Para o empresário, que atua há mais de 50 anos no ramo, a prática ainda continua no Estado.
“’Tudo como dantes, no quartel de Abrantes’. Se sonega, se tem vantagem de sonegar e nada acontece. A gente não sabe onde está o defeito dessa engenharia. A gente sabe que é muito dinheiro, e um lucro muito fácil”, afirmou.
A maneira mais recorrente se sonegar, segundo o empresário, é por meio da confecção de “notas frias”.
“Exemplificando: quando uma nota diz que o combustível vai para Mato Grosso Sul, mas na verdade vem para cá, a diferença é de R$ 0,36 por litro. Você ganhou isso sem fazer nada”, disse.
CPI
O empresário foi a terceira pessoa a ser ouvida pela CPI. Na semana passada, os deputados ouviram a procuradora Ana Cristina Bardusco e o auditor do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Joel Bino.
Já nesta quinta-feira (25), os deputados que compõem a CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal devem ouvir o secretário-chefe de Casa Civil, Mauro Carvalho, o procurador-geral do Estado, Francisco de Assis, o secretário de Estado de Fazenda, Rogério Gallo, o secretário-adjunto, Fábio Pimenta e o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, César Miranda.
Leia mais sobre o assunto:
Com legislação atual, vale a pena sonegar, diz chefe do Gaeco
Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).
1 Comentário(s).
|
Paulo Boss 24.04.19 08h36 | ||||
O Sucateamento promovido nos Posto Fiscais de Fronteira, ao Longo de vários Governos, contribui muito com esta prática. | ||||
|