A Polícia Militar informou que não poderá tomar nenhuma providência ou investigar o disparo acidental de uma arma de fogo que atingiu o sargento J.G.A., de 50 anos, na semana passada.
Isso porque, conforme a PM, o policial - que atua no 4º Batalhão de Várzea Grande - não estava de serviço e a pistola modelo Taurus 740 é particular.
Por meio de nota, a Corregedoria da PM informou que o incidente é "questão privativa", ou seja, as medidas cabíveis deverão ser tomadas pelo prório sargento.
Como o PM também não estava a serviço, já que está em período de licença-prêmio, de acordo com levantamento realizado pela própria Corredoria, a ocorrência não se enquadra na atuação do órgão.
Ao MidiaNews, o sargento contou que o disparo acidental da arma, que estava em sua cintura, aconteceu próximo à sua residência, em Várzea Grande, por volta das 20h, da última quinta-feira (18).
"Estava voltando de uma lanchonete quando houve uma explosão", lembrou. Após o estampido, o sargento disse que sentiu sangue escorrendo pelas suas pernas.
Após ser socorrido, J.G.A. precisou passar por uma cirurgia de retirada do testículo direito e ficou internado durante três dias. Ele teve alta no domindo (21).
"Senti uma queimação muito forte no corpo, uma sensação de algo quente escorrendo pela minha perna. Quando olhei, tinha muito sangue jorrando. Não entendi o que estava acontecendo. Pensei que poderia ser a pistola, mas achei que não seria possível. Na mesma hora tirei ela da cintura e ela estava travada, totalmente", contou.
Apuração
A Corredoria da PM explicou que, caso o sargento estivesse a serviço e utilizando uma arma de propriedade do Estado, um inquérito policial militar seria instaurado para apuração dos fatos.
Nestes casos, a arma é enviada para a Politec, cujo laudo leva de 10 a 20 dias para ser devolvido para a PM. Caso a perícia constatasse falha humana ou da pistola, o fabricante seria notificado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
De acordo com a PM, uma audiência pública foi realizada no dia 15 de agosto de 2017 para debater um relatório sobre a padronização bélica para as forças armadas de Mato Grosso. Na ocasião, representantes das empresas Taurus, Sig Sauer e Glock estiveram presentes no evento.
O sargento da Polícia Militar J.G.A. passou por cirurgia
O relatório sugeria a troca de armas curtas .40 por 9mm com base em uma série de quesitos técnicos. O documento está disponível no site da Sesp.
Trava de segurança
O sargento explicou que, geralmente, a Taurus modelo 740 recarrega automaticamente após o disparo, porém o PM contou que isso não aconteceu com a arma dele. Após o tiro acidental, a cápsula continou dentro da pistola.
"Nesse caso foi muito estranho, porque a trava de segurança estava ativada, estava tudo certo, então houve o disparo. Ela [a pistola] não jogou a cápsula fora, ela permaneceu lá dentro. O gatilho também não estava acionado", lembrou.
J.G.A. contou que tem a arma há cerca de cinco anos e que a última manutenção foi realizada no mês passado.
"A manutenção estava em dia, faço no próprio batalhão. Estava entrando de férias e aprovei para fazer a manutenção da arma. Nunca passou pela minha cabeça que um dia isso pudesse acontecer comigo. Já tinha visto em reportagens, mas jamais achamos que vai ser acontecer com nós mesmos. Sempre saio com a arma, é minha segurança", contou.
Leia a nota da PM:
A Polícia Militar informa que o acidente com arma de fogo em que um sargento lotado no 4º Batalhão da Polícia Militar de Várzea Grande acabou ferido, no dia 18 deste mês, é uma questão privativa, ou seja, que requer adoção de medidas pelo próprio policial.
O sargento, conforme levantamento feito pela Corregedoria da PMMT, está em período de licença prêmio, portanto não estava em serviço, e também portava uma arma particular. Sendo assim, essa não é uma ocorrência que se enquadra na atuação da Corregedoria.
Caso ele estivesse em serviço e com arma do Estado, seria instaurado um Inquérito Policial Militar (IPM) para apuração dos fatos. A arma é enviada para a Politec, cujo laudo leva de 10 a 20 dias para ser devolvido para a PM.
Já houve outros registros de disparos acidentais, e após a perícia concluindo se houve falha da arma ou humana, a fabricante é notificada pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
Em fevereiro de 2017 foi criada uma comissão para a padronização bélica para as forças de segurança pública de Mato Grosso. Em junho daquele ano o relatório foi apresentado sugerindo a troca de armas curtas .40 por 9 mm por uma série de quesitos técnicos. O relatório, inclusive, consta desde 2017 na página da Sesp
http://www.seguranca.mt.gov.br/divulgacao/calibres.pdf
No dia 15 de agosto de 2017 foi realizada audiência pública para debater o relatório e contou com a participação de representantes das empresas Taurus, Sig Sauer e Glock.
O próximo passo foi a definição de regras feitas pelo Estado de Mato Grosso, contudo, houve dificuldades orçamentárias e financeiras para o investimento da troca do armamento, inclusive em razão do contingenciamento de recursos para os exercícios de 2018 e 2019. Os recursos públicos para a Sesp contemplam custeio e a folha de pagamento, o que reduz os investimentos.
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