Pequenos, intimistas e com decoração criativa - mesmo que simples -, os bistrôs conquistaram o gosto cuiabano e tem se firmado como um braço forte da cultura gastronômica na Capital.
Ainda que sem dados oficiais, empresários do ramo indicam que nos últimos três anos, entre 10 a 20 bistrôs ou restaurantes de pequeno formato foram abertos em Cuiabá.
Grande parte tem sua área definida: estão na Rua 24 de Outubro ou em suas proximidades.
A via, que já foi tema de reportagem especial no
MidiaNews, foi “redescoberta” e hoje tem um comércio pujante e variado.
Com sua origem na França, o bistrô tem destaque por agradar pelo simples e fugir do óbvio: a proposta não está unicamente em servir a comida, mas na proximidade do chef com seus clientes e também na transformação do local, por exemplo, em uma galeria de arte informal.
Um dos primeiros locais a fazer isso foi a Casa Ferraz, na Rua 24 de Outubro. Do artista plástico Ronei Ferraz, o ambiente misturava uma pequena livraria – de editora local – com suas produções.
Ronei, no entanto, mudou-se para o Nordeste e, lá, tem feito uma proposta parecida com a Casa Ferraz.
Tony Ribeiro/MidiaNews
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Bistrô Vitta, na Rua Marechal Deodoro: local abriu as portas há dois meses na Capital
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Mais do que uma modaCom uma proposta parecida, há dois meses surgiu o Bistrô Vitta, na Rua Marechal Deodoro, na Galeria Hélio Palma.
As donas são Cilene Márcia, 43, e a filha, Hiasmyn Lorrayne, de 22 anos.
Com todos os móveis reciclados – e que também podem ser encomendados para a venda – as duas resolveram abrir o local unindo qualidades: enquanto Cilene toma conta da parte salgada das refeições, cabe a Hiasmyn fazer os doces.
“Eu sou consultora empresarial e, há um tempinho, minha mãe começou a trabalhar com móveis reciclados de pallet e pediu para que eu pensasse em alguma coisa de comida, para que um ambiente que unisse os dois fosse feito. Foi aí que montamos o cardápio e abrimos o Bistrô”.
O local é pequeno e tem capacidade de 20 pessoas. A simplicidade também impera na divulgação: com Instagram, Facebook e o marketing “boca a boca”, o Vitta, segundo Hiasmyn, tem superado as expectativas.
Para a empresária, mesmo com muitos espaços parecidos, se sobressai quem se diferencia.
“Eu acho que sempre tem espaço. Cuiabá é uma cidade que tem muito nicho e o principal pra qualquer tipo de segmento é tentar fazer coisa diferente. Se você se propõe a fazer diferente, não tem concorrência. Além disso, com o tempo se constrói público. Sim, leva tempo e o começo é difícil, mas é preciso foco”, avaliou.
OlharDireto
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Hugo Rodas: diferencial está em entender desejos do cliente
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Conheça o clienteCom mais tempo de mercado, o chef Hugo Rodas, dono do bistrô Seu Majó, na Rua Sírio Libanesa (próximo à Praça Popular), garante que o diferencial é a ferramenta essencial para qualquer empreendimento.
“Abre muito bistrô, paleteria mexicana, e hamburgueria também está na moda agora. Falo que sempre tem espaço, mas é preciso se preocupar e entender seu cliente”, afirmou o chef, que já passou por restaurantes de grande e pequeno porte em São Paulo e também no cuiabano Mahalo.
Há, segundo o chef, as dificuldades de mercado, que não são poucas.
“Temos problemas com mão de obra e com fornecedores, principalmente. Ficamos refém do Big Lar, por exemplo, que geralmente tem mais coisas, mas que tem dias que simplesmente não tem itens que precisamos”, afirmou.
Tony Ribeiro/MidiaNews
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Bistrô Vitta: ambiente agradável, simples e intimista
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Ainda assim, Seu Majó, aberto no início deste ano, tem colhido os louros: entrará em reforma e aumentará a atual capacidade de 30 para 60 pessoas e, neste semestre, abriu uma filial em Tangará da Serra.
“O negócio está, sim, indo bem. Trabalhando com honestidade, e isso em qualquer ramo, se vai longe. Não faço preços exorbitantes e trabalho com seriedade, humildade e sinceridade. O legal é sempre conhecer e entender seu cliente. Ele faz parte do seu negócio”.
Planejamento e criatividade
Mais do que uma moda passageira, para a gerente da unidade de Comércio do Sebrae em Mato Grosso, Érika Cunha, a palavra chave é planejamento.
“Não é possível dizer se existe ou não mercado para tantos bistrôs em Cuiabá. Primeiro, porque tudo depende do negócio que a pessoa vai montar, tudo depende de planejamento, como está pensando o negócio”, disse.

"Se você se propõe a fazer diferente, não tem concorrência. Além disso, com o tempo se constrói público"
“O empresário não pode se restringir e falar ‘ah, não tem mercado’. É possível abrir algo tão inovador que vai residir ali o diferencial de mercado que ele vai ter. Uma pergunta essencial para quem quer abrir qualquer empreendimento: qual é o diferencial que o meu negócio vai ter?”, completou.
Neste sentido, não importa quantos bistrôs abram, mas sim quais diferenciais cada um abarcará para sobreviver aos dois anos de mercado, tempo que as pesquisas de comércio indicam ser necessário para indicar se o negócio vai bem ou não.
“Esse tempo é o que chamamos de mortalidade das empresas. É claro, a pessoa pode montar seu negócio e seis meses depois a empresa pode ir à falência, assim como uma que abrir do nada pode ser um sucesso. Tudo depende e são vários os fatores. O essencial é sempre planejar”, afirmou Érika.
Segundo a gerente, as pessoas não querem apenas um local legal, mas sim com um bom ambiente e que seja agradável de se visitar.
"O cliente não quer apenas comer, quer ter uma experiência interessante. Então, atendimento também é essencial”, afirmou.