As cidades mato-grossenses de Campo Novo do Parecis e Lucas do Rio Verde foram destaque do programa
Globo Repórter da última sexta-feira (15), entre os municípios que são retrato do Brasil que dá certo.
Ambas as cidades tiveram suas economias impulsionadas pelo agronegócio, e hoje colhem os frutos de uma alta renda per capita com qualidade de vida para a população.
Clique
AQUI para ver a matéria sobre Campo Novo do Parecis, e
AQUI para assistir a matéria sobre Lucas do Rio Verde.
Leia abaixo as reportagens que a Rede Globo exibiu sobre os dois municípios:
Cortador de cana tem casa própria e pode ganhar até R$ 4 mil por mês Nos campos de girassóis uma beleza de encher os olhos e uma fonte de renda para muita gente.
Reprodução
|
 |
Bem pertinho desse mar de flores, um rio de águas claras vira uma opção de lazer para os moradores de uma cidade em crescimento acelerado no interior de Mato Grosso: Campo Novo do Parecis.
Mas essa diversão é só nos domingos e feriados. Durante a semana, a rotina é de muito trabalho.
As lavouras de cana-de-açúcar deram início ao povoado que no fim da década de 1980 ganhou status de município. Hoje, tem pouco mais de 35 mil habitantes e Índice de Desenvolvimento Humano superior à média nacional.
Odílio acompanhou um pouco deste crescimento. Chegou em 1996 como cortador de cana. Aprendeu a pilotar uma sofisticada máquina e hoje ganha um salário que no período de colheita pode chegar a R$ 4 mil.
“Pra mim foi bom porque já vim de lá debaixo. Estou em cima um pouco, um pouco a mais, porque a gente começou do chão e hoje eu estou numa máquina, então pra mim foi bom”, diz Odílio de Sousa Magalhães, operador de máquinas.
Com a fartura de matéria prima os produtores montaram uma usina de etanol, que gera 1,5 mil empregos e abastece o mercado nacional.
A soja também ganhou espaço. E as lavouras se multiplicaram.
A cidade que nasceu cercada de lavouras tinha planos ambiciosos. Queria crescer de forma sustentável o primeiro passou foi aproveitar melhor a área destinada à agricultura e os produtores passaram a plantar também na entressafra. Foi então que surgiram culturas nada convencionais na região.
Assim começou o cultivo do girassol. E não demorou para Campo Novo do Parecis se transformar no maior produtor do Brasil.
Uma fábrica aproveita a matéria prima para a produção de óleo e farelo de girassol. O resultado superou as expectativas. Em 2014, a produção deve passar de 100 para 600 toneladas por dia.
Mas o sucesso da agricultura esbarra em algumas dificuldades.
“Eu vim para Mato Grosso em 1984, as estradas que existiam naquela época são as estradas que existem hoje. E o Mato Grosso naquela época produzia, sei lá, 2 milhões de toneladas, hoje produz quase 50 milhões de toneladas”, afirma Sérgio Stefanelo, produtor rural.
Outra grande preocupação da cidade é com a qualificação da mão de mão de obra.
O Instituto Federal de Mato Grosso oferece dois cursos técnicos e três cursos superiores, entre eles, o de agronomia, fundamental para a região.
“Hoje o nosso campus ele comporta 900 alunos e estamos muito contentes pelo IFMT Campus de Parecis ter esse desenvolvimento dentro desta região”, revela Francisco Américo da Silva, diretor do IFMT.
André veio de outra cidade de Mato Grosso, Arenápolis, para estudar agronomia e não pensa em sair.
“Foi uma boa oportunidade pra mim conseguir fazer um curso superior, além de ser uma faculdade federal também e também por estar inserido em uma região agrícola, onde tem muitas oportunidades de emprego”, conta André Ricardo Rodrigues, estudante de agronomia.
Eládio veio do Sul do Brasil em busca de emprego. Dois anos depois surgiu a oportunidade de fazer intercâmbios na Suíça e nos EUA. Na volta ficou na cidade de Cuiabá onde se formou em engenharia de segurança. E o destino o trouxe de volta para Campo Novo.
"Cuiabá é maravilhoso? É, mas oportunidades hoje em dia tem mais no campo que numa capital”, destaca Eládio Both, engenheiro de segurança.
“E adoro o clima, bem fresquinho. Á tardinha sempre dá para tomar um chimarrão, reunir as pessoas em casa, na frente de casa”, completa Evangreize Freitas Lara, biomédica.
E a agricultura também deu à cidade um recorde surpreendente. É de lá que sai mais da metade da pipoca produzida no Brasil.
Uma fábrica abastece o mercado nacional e ainda exporta para África, Ásia, Emirados Árabes e Estados Unidos.
“A gente começou aqui com três, quatro funcionários, hoje temos 32, e um projeto para ampliar para o próximo ano, duplicar a nossa capacidade estática de recebimento”, ressalta Elson Rudimar de Carvalho, gerente.
E haja pipoca. Ela está em todas as casas, acompanhada de tereré, o mate gelado consumido na região Centro-Oeste.
E a bacia esvazia rapidinho. Lá vai a mãe pra cozinha preparar a segunda rodada de pipoca.
E pra quem gosta mesmo, todo ano, no mês de abril tem o festival da pipoca. Agora, o município quer entrar para o Guinness Book, o livro do recordes. Para isso, construiu um pacote de pipoca gigante, com seis metros de altura.
"A gente fez o maior saco de pipoca do mundo pra tentar bater o recorde do Guinness Book que estava na Croácia”, explica Antônio De La Bandeira, coordenador do festival.
E quando chega o fim de semana, os moradores ainda podem usufruir do lugar para aliviar o stress. É uma terapia.
"É um lugar abençoado. É um paraíso muito próximo de casa. Você não gasta muito pra tá num lugar maravilhoso como esse e você pode tá totalmente em segurança. É tudo de bom”, afirma Sônia Regina Almeida Carvalho, administradora de empresa.
Clique
AQUI para ver o vídeo do programa.
População administra escola pública com piscina e excelente padrão de ensino Nem parece que estamos no Brasil. Uma cidade jovem e muito bem estruturada com Índice de Desenvolvimento Humano superior à média nacional. Bem vindo a Lucas do Rio Verde, Mato Grosso. Os pioneiros vieram do Sul do país no fim da década de 1980 para plantar soja e fizeram uma revolução no meio do Cerrado.
Reprodução
|
 |
Parece um clube, mas é uma escola pública. Aliás, todas as escolas municipais são assim: têm até piscina semiolímpica.
“O aluno, se estuda de manhã, vem frequentar as aulas à tarde para que ele possa participar das competições estaduais que têm, as etapas estaduais, e quem sabe, buscando alguém, algum atleta que possa representar o estado a nível nacional também”, conta a professor de educação física Eltron Alves Moreira.
Aos poucos, aprender vai deixando de ser uma tarefa difícil. Na prática, a aula de ciências vira uma horta, e os alunos ajudam a construir o conhecimento. Quando bate a fome, ninguém reclama do almoço.
Já o lanche vem de uma padaria, construída especialmente para abastecer todas as escolas públicas. Além dos pães, a equipe da padaria também prepara outros alimentos que diversificam e enriquecem a merenda escolar, como, por exemplo, o macarrão de legumes, a torta de legumes, biscoito de fubá e a famosa ‘cuca’ que é recheada de frutas.
“Como muitas pessoas provêm da região Sul, nós adotamos a cuca dentro do cardápio da merenda escolar, visto que é um alimento bastante aceito pelos alunos. No caso dos macarrões caseiros, um é enriquecido com beterraba e o outro com abobrinha”, conta a coordenadora da padaria Vânia Haraki.
Tudo isso sem custo nenhum para os alunos.
“Qual é a mãe que não quer o filho estudando numa escola dessa? Todos querem, né? Às vezes as pessoas falam: ‘mas aquela lá é uma escola particular’. A gente diz não, é uma escola do município”, afirma Rejane Vieira, presidente do conselho de pais.
“Eu tenho a hora de estudar, eu tenho a hora de brincar, eu tenho a hora de poder refletir em tudo que os professores me ensinam, em tudo que eu posso aprender na escola, eu tenho a hora da criatividade, que eu posso poder inventar brincadeiras e tal”, diz Thaís Tamara da Silva Santos, estudante.
Em Lucas do Rio Verde, só é sedentário quem quer. A cidade tem 16 praças, todas muito bem equipadas e com professores de educação física.
“A gente veio do Maranhão. Lá não tem essa estrutura que essas praças aqui tem”, conta a operadora de produção Josiane dos Santos Silva.
Qualidade de vida bancada pelo dinheiro que brota no campo. O bom desempenho das lavouras abriu novos campos de oportunidades e deu um sinal verde para o futebol.
No estádio Passo das Emas, em Lucas do Rio Verde, o único time criado e financiado pelo agronegócio teve uma conquista histórica para Mato Grosso. Com apenas nove anos de atividade, conseguiu chegar à Série B do Campeonato Brasileiro. O Luverdense agora é motivo de orgulho.
Já para um casal de nordestinos, a vitória veio com a conquista de sonhos que eles trouxeram na bagagem.
“Hoje a gente conseguiu realizar o sonho da casa própria que faz dois anos já. Temos nosso carro, temos moto. Bem, a gente vive bem aqui, tranquilo, sossegado”, afirma Deiwson Rafael Vasconcellos, do setor de manutenção.
Com a chegada das indústrias, as vagas de emprego se multiplicaram. E a população também. Hoje Lucas do Rio Verde tem cerca de 50 mil habitantes.
O crescimento da população, ainda que planejado, traz consigo desafios que precisam ser enfrentados, como o aumento da criminalidade. A tecnologia entrou como aliada da polícia no combate à violência e ao tráfico de drogas. Hoje, 18 câmeras estão espalhadas pela cidade em pontos estratégicos para ajudara identificar quem anda fora da lei.
Outra preocupação é com o desmatamento provocado pelas lavouras. Os produtores estão recuperando as nascentes com o plantio de espécies nativas.
Globo Repórter: Como é que foi o seu trabalho na sua propriedade aqui?
Otávio Galo, produtor rural: Aqui não foi muito fácil, porque na época isso tudo era soja, área de plantio de soja, e aí você tem que comprar as mudas das árvores, que tem um custo e manter para elas chegar desse porte você tem que roçar.
Globo Repórter: Vale a pena?
Otávio Galo: Vale a pena, com certeza.
E assim os moradores vão superando os desafios e criando raízes. Muitos já nem pensam mais em visitar os parentes em outros estados. Foram os parentes que se aproximaram.
Luciana de Souza Bauer, diretora da escola: Hoje, Lucas do Rio Verde já é a nossa casa, nossa família, já trouxemos conosco mais parentes. Hoje tenho meus irmãos no estado do Mato Grosso, todos trabalhando também e muito bem graças a Deus.
Globo Repórter: Vai ficar por aqui?
Luciana de Souza Bauer: Vou ficar por aqui.
Clique
AQUI para ver o vídeo.