Cuiabá, Quinta-Feira, 19 de Junho de 2025
303 ANOS DA CAPITAL
08.04.2022 | 09h00 Tamanho do texto A- A+

Conheça a história do “hotel de luxo” inacabado na Avenida do CPA

Haddad Park Hotel intriga moradores de Cuiabá há três décadas; local teria boate, shopping e sauna

Paula Shaira/ MidiaNews

O prédio foi projetado para ser um prédio de luxo e marcou a arquitetura da capital mato-grossese

O prédio foi projetado para ser um prédio de luxo e marcou a arquitetura da capital mato-grossese

LIZ BRUNETTO
DA REDAÇÃO

Uma das mais imponentes e originais edificações erguidas na capital mato-grossense, que hoje completa seus 303 anos, nunca chegou a ser concluída. Há mais de três décadas despertando a curiosidade de quem passa pela tradicional Avenida do CPA, o que poucos sabem é a grandiosidade escondida atrás dos muros que o rodeiam, envelhecidos pelo tempo e cobertos de grafites.

 

O edifício de 45 metros em formato circular abrigaria o luxuoso Haddad Park Hotel e começou a ser a erguido em 1987. O local abrigaria uma boate de dois andares, sauna, shopping com cobertura de vidro, bar, restaurante, piscina e um auditório com capacidade para 90 pessoas.

 

O projeto iria oferecer o que nenhum outro prédio da época poderia em Cuiabá.

 

“O projeto era, modéstia parte, inteligente. Tinha todas as condições que nenhum outro prédio em Cuiabá tinha”, disse ao MidiaNews o arquiteto cuiabano Mário Gomes Monteiro, de 77 anos, autor do projeto.

 

O último dos 12 andares do prédio, chamado de andar presidencial, contava com salas de reuniões, espaço familiar e para assessoramento. Tudo projetado para melhor acomodar as autoridades políticas, que poderiam entrar por baixo do prédio, ainda no nível térreo, em uma passagem que ligava a piscina ao corpo do hotel.

 

Reprodução/ Arquivo pessoal

Mário Gomes Monteiro

O arquiteto posando ao lado de poster do projeto em seu antigo escritório

Saudoso, Monteiro disse que esse foi um de seus melhores projetos.

 

“Foi o que eu mais detalhei, deu mais mão de obra, o que mais me ensinou. Porque fazer um prédio de apartamentos, você faz um e o resto é igual. Agora um hotel tem uma série de coisas que o diferenciam”, explicou.

 

“O projeto pronto seria muito bom e teria mais fãs do que mistério”, brincou sobre as lendas que cercam a inconclusão da obra.

 

Fora da caixa

 

Sem saber que participava de um concurso, o projeto de Monteiro venceu outros profissionais do Estado, e fora dele, por ter sido pensado “fora da caixa”.

 

“Nós não queríamos nada quadrado e você fez uma obra redonda”, disseram os irmãos Haddad – proprietários do prédio – ao arquiteto quando anunciaram sua vitória no então concurso.

 

Segundo Monteiro, existem várias categorias de hotéis de luxo, dentre elas os do centro da cidade e os de turismo. No caso do Haddad Park Hotel, como Cuiabá não é propriamente uma cidade turística, em que a vista deve se estender para a paisagem, lançou mão da possibilidade de se olhar para diferentes pontos da cidade em qualquer uma das 108 habitações.

 

“Eu poderia fazer prédio para que todos os apartamentos tivessem vistas diferentes, mas sempre vendo a cidade, e aí fizemos um prédio circular”, disse ele inspirado em outros projetos fora do habitual encontrados na época.

 

Monteiro explicou que o terreno era “relativamente pequeno” para uma construção desse porte, ao todo mil metros quadrados. Por detrás do inovador design havia uma minuciosa preocupação com a economia de espaço, iluminação e insumos, o que tornou a obra econômica. Tudo isso sem abrir mão do conforto que pretendiam oferecer aos hóspedes.

MidiaNews

Mário Gomes Monteiro

O arquiteto Mário Gomes Monteiro em entrevista ao MidiaNews

 

O projeto que custou até o ponto concluído, cerca de 80 mil cruzados – moeda da época –, foi fiscalizado e aprovado conforme as normas da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo).

 

O mistério continua

 

A pergunta que não cala: “Por que a obra nunca foi concluída?”, continuará ecoando entre as conversas de bar, fofocas entre vizinhos e comentários de quem passam em frente à edificação.

 

“O que está em pé foi feito com o dinheiro deles, depois disso eu não sei mais o que aconteceu. Sei que o prédio ficou parado e todo mundo pergunta se ele está para cair, se a Prefeitura foi contra”, afirmou Monteiro.

 

Monteiro desmente a lenda de que uma falha na estrutura teria causado o embargo da obra. Segundo ele, a edificação está em perfeitas condições e poderia ser retomada de onde parou.

 

“Não tem nada contra a estrutura. O que vai precisar é de dinheiro, boa vontade e enxergar o potencial da obra”, diz.

 

Seis irmãos de uma família turca, os Haddad, eram e ainda são, até onde se sabe, os proprietários do empreendimento. A reportagem tentou contato com a família, mas até o fechamento dessa matéria não conseguiu respostas conclusivas. Quatro deles teriam morrido nos últimos anos.

 

Apesar de o arquiteto torcer para ver a obra, que está com toda a parte estrutural concluída, finalizada, acha difícil vê-la inaugurada. “Gostaria muito, acho que eu soltaria até foguete”, brincou.  

 

“Ele [o edifício] provoca e não tem solução aparente, então o pessoal fica e vai continuar inventando coisas”.

 

O projeto teve a participacao do arquiteto Geraldo Mendes e de um desenhista, de sobrenome Santana, que fez o cartaz com o prédio em perspectiva, ambos já falecidos.

 

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GALERIA DE FOTOS

Haddad Park Hotel

Haddad Park Hotel

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Haddad Park Hotel

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COMENTÁRIOS
11 Comentário(s).

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AMADO DE OLIVEIRA FILHO  14.04.22 15h37
Um história que não tinha como acabar bem. Na época o Presidente da República era o Sr José Sarney que de planos em planos tinha até um time de Senhoras que passaram a serem chamadas Fiscais do Sarney. A moeda da época era o Cruzado. E, se corrigirmos 1 (um) cruzado de jan a dez de 1987 pelo IPCA (IBGE) quando começou a obra, vamos encontrar Cz$ 4,63, ou seja uma inflação de 363,4% somente naquele ano. OU SEJA... investimentos de médio e longo prazo era proibitivo, os empreendedores começaram um projeto necessário, porém, no momento histórico errado.
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Fernando Braga  10.04.22 21h02
Fiz uma disciplina em um curso de Engenharia de Segurança e esse prédio foi usado como tudo que não se deve fazer em uma obra. Se pegar fogo no térreo o prédio inteiro vai encher de fumaça e todos iriam morrer rapidamente, eu chamava de chaminé chique. Resumindo, não serve pra nada além de feio sempre foi exemplo de projeto mal feito. Tentaram copiar um projeto da Europa e o arquiteto "disse" que adequou a Cuiabá.
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José Maria germano da.silva   10.04.22 19h57
Trabalhei nesta obra não me lembro bem mais acho que o nome da construtora era metro3 construção tembem sempre passo em dele e fico me perguntando porque não concluíram esta obra acho que ainda tenho rigistro em minha carteira de trabalho com o nome da construtora
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DILMA GUIMARÃES DIAS CARVALHO   10.04.22 13h06
Agora endendi as janelas pra dentro: O hotel foi projetado para politico...
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Emerson leonardo  08.04.22 15h26
Parece que tem gente morando no edificio,,,vi roupas no varal...rsrsrsr
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