MÁRCIO CAMILO
DA REDAÇÃO
O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) abriu sindicância para apurar um suposto caso de negligência por parte da Clínica Femina – Hospital Infantil e Maternidade.
De acordo com uma denúncia, a unidade teria se negado a atender uma mulher grávida em trabalho de parto e com suposta eclâmpsia (hipertensão gestacional).
De acordo com a presidente do CRM, Dalva Alves das Neves, a sindicância foi aberta assim que o caso repercutiu na imprensa. “Em todos os casos que ganham repercussão, nós abrimos uma investigação para apurar os fatos”, disse.

"O processo pode gerar penas previstas no Código de Ética da Medicina, que podem ser desde uma exposição pública sobre a conduta falha do profissional, até a punição máxima que resulta na cassação do registro médico para exercer a função "
No entanto, a médica ressaltou que a denúncia tem que ser apurada com cautela e respeitando todas as etapas da sindicância.
“Se na sindicância for constatado que, realmente, houve a negligência, será aberto um processo para punir o profissional envolvido no caso”, disse.
De acordo com a presidente do conselho, esse processo pode gerar penas previstas no Código de Ética da Medicina, que podem ser desde uma exposição pública sobre a conduta falha do profissional até a punição máxima, que resulta na cassação do registro para exercer a função.
A pena para negligência consta no Artigo I, do código, que prevê punição ao profissional que omitir atendimento médico a pacientes.
Mary Juruna/MidiaNews
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Presidente do CRM-MT, doutora Dalva das Neves: inquérito vai apurar denúncias.
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Entenda o caso A denúncia repercutiu na imprensa depois que o cidadão Kadu Souza postou, em sua página, na rede social
Facebook, que ele e sua mulher, Fernanda Maia, foram “expulsos a pontapés” da Femina - clínica particular especializada em maternidade.
Segundo Souza, no último domingo (11), sua esposa começou a passar mal, “com pressão alta, dores fortes no estômago, perda de sangue e de líquido amniótico”.
O cidadão, que mora em Primavera do Leste (a 240 km de Cuiabá), disse que os hospitais da cidade não possuem estrutura para atender casos de emergência envolvendo grávidas.
Diante da situação, ele relatou que, em uma “atitude desesperada”, resolveu contratar uma ambulância Home Care e vir até Cuiabá para buscar atendimento para sua mulher na Femina.
Mas, na clínica, conforme ele,sua mulher não foi internada, sob a alegação de que não havia mais leitos.
Ele criticou, principalmente, a postura de uma médica (nome não revelado), que não teria feito nenhum tipo de exame na mulher para constatar a gravidade da situação.
“A certa doutora simplesmente se negou a nos atender, dizendo que já haviam ligado de Primavera pedindo vaga e ela disse que não, repetindo a seguinte frase: 'Eu já falei que não tinha vaga. Vocês não acreditaram e vieram parar aqui na porta. Eu não vou atender', escreveu Kadu Souza, no Facebook.
Segundo ele, a médica teria empurrado a maca de sua mulher para fora da clínica, insistindo que ali não haveria mais vagas na maternidade.
O casal, então, seguiu para o Hospital Santa Helena, unidade do SUS referência em UTI Neonatal.
Lá, segundo ele, a mulher finalmente foi atendida pelos médicos de plantão.
Segundo ele, foi constatado que o quadro de Fernanda Maia era grave e que era preciso retirar o bebê o quanto antes.
Souza informou que sua filha nasceu prematura de 30 semanas, mas passa bem, sem a necessidade de respirar com ajuda de aparelhos.
“Detalhe: o Hospital Santa Helena também não tinha vaga, mas lá fomos tratados como seres humanos. Na Femina, fomos tratados como pedaços de carne”, concluiu Souza, em sua página.
Outro ladoA reportagem do
MidiaNews tentou contato com a direção da Clínica Femina, mas, até a edição desta matéria, não obteve retorno das ligações.
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