O hábito de tomar Sol é bastante comum na população brasileira. Muitas pessoas ficam horas à beira da piscina ou do mar na intenção de bronzear o corpo. Mas a prática esconde o risco: danos à pele e até o câncer, um dos mais fatais e comuns.
Em Cuiabá, onde a radiação ultravioleta é uma das mais intensas do País, a preocupação é ainda maior. E a falta de cuidados com a pele, por parte da população, é alarmante.
O médico dermatologista Bruno Olavarria, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), alerta que o número de pessoas que não utiliza o protetor solar de forma correta é alto.
“Nós fizemos uma pesquisa na sociedade, mostrando que 30% a 40% da população brasileira não usa filtro solar de forma correta, ou seja, a cada duas horas”, destacou.
A falta de cuidados com a pele pode causar envelhecimento precoce e manchas, além do temido câncer. Outra preocupação é com machucados mal cicatrizados, que também podem evoluir para um tumor.
“Se você sofre uma queimadura [do Sol] muito grave, naquela localização fica uma cicatrização, vamos dizer assim, defeituosa. Naquele local pode crescer um câncer de pele se o paciente tiver essa exposição constante ao Sol”.
A exposição ao Sol é mais preocupante entre 10h e 15h, quando há maior incidência do raio ultravioleta B, que é a radiação que afeta mais a superfície da pele, causando as manchas vermelhas de queimaduras.
No entanto, há uma ressalva quanto à exposição ao Sol, visto que a radiação solar também é benéfica para o fortalecimento dos ossos.
“A Sociedade Brasileira de Endocrinologia, que a gente respeita muito, recomenda [banho de Sol] por causa da produção de vitamina D. Não é que nós somos contra a atividade física, mas é bom procurar estar sempre de chapéu, de óculos escuros e usar filtro solar”, contrapôs.
Prevenção e Cuidados
Os cuidados com a pele podem ser um diferencial no tratamento de um câncer de pele.
Reprodução
Em cuiabá o índice ultravioleta é um dos mais altos do país
“Geralmente, quando a pessoa tem uma feridinha que não cicatriza, tem que ficar com a pulga atrás da orelha. Se essa feridinha não está cicatrizando e se ela está sangrando, o paciente tem que procurar um dermatologista”, alertou.
Já os casos mais graves podem ter outra origem.
“Outro fator são as pintas. Essas pintas escuras podem gerar o câncer de pele mais grave, que é o melanoma”.
Para que a pessoa saiba se corre o risco de estar com tumor na pele, além de ir ao médico, ela também pode fazer uma avaliação do corpo.
O médico orienta para alguns cuidados que a pessoa pode ter com o corpo se baseando em uma regra de quatro cuidados, conhecidos pelo nome ABCD.
“A de assimetria, B de bordas das pintas irregulares, C de tonalidades de cores diferentes e D de diâmetro maior que 6 milímetros. Às vezes ela é meio marrom, vai ficando preto escuro, meio azulado, ou aparece um branco dentro da pinta, que isso aí já é até um fenômeno de caso de câncer de pele mais avançado”, completa.
Além disso, a pessoa também pode recorrer ao uso de roupas e assessórios que oferecem proteção especial contra os raios ultravioleta.
"Há algumas camisetas de manga longa que já têm filtro solar e são aprovadas pela sociedade brasileira de dermatologia. São bloqueios físicos. Os filtros químicos absorvem o ultravioleta, já os físicos rebatem".
Tratamento
As radioterapias e as quimioterapias são as formas de tratamento mais comuns existentes no caso de câncer de pele. No entanto, de acordo com Bruno Olavarria, existem outros recursos promissores.
"Já estão em uso alguns medicamentos que são chamados biológicos, que são feitos no Inca [Instituto Nacional de Câncer], com medicamentos que são fornecidos pelo Governo. Já há alguns pacientes com melanoma mais avançado que estão usando", contou.
Quando descoberto ainda no início, o tratamento ao câncer de pele pode ter 100% de eficiência. Mas quando não é possível, o médico dermatologista alerta que os prejuízos no corpo do paciente podem ser irreparáveis.
“Quando não consegue esse tratamento de forma precoce, a gente pode sofrer alguns danos e até mutilações em alguns órgãos, como orelhas, nariz, dedos...”.
Tipos de câncer de pele:
Carcinoma basocelular - É o mais prevalente dentre todos os tipos de câncer. O chamado CBC surge nas células basais, que se encontram na camada mais profunda da epiderme (a camada superior da pele). Tem baixa letalidade e pode ser curado em caso de detecção precoce.
Os CBCs surgem mais frequentemente em regiões mais expostas ao Sol, como face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. Podem se desenvolver também nas áreas não expostas, ainda que mais raramente. Em alguns casos, além da exposição ao Sol, há outros fatores que desencadeiam o surgimento da doença.
Carcinoma espinocelular - É o segundo mais prevalente dentre todos os tipos de câncer. Manifesta-se nas células escamosas, que constituem a maior parte das camadas superiores da pele. Pode se desenvolver em todas as partes do corpo, embora seja mais comum nas áreas expostas ao Sol, como orelhas, rosto, couro cabeludo, pescoço etc. A pele nessas regiões normalmente apresenta sinais de dano solar, como enrugamento, mudanças na pigmentação e perda de elasticidade.
O CEC é duas vezes mais frequente em homens do que em mulheres. Assim como outros tipos de câncer da pele, a exposição excessiva ao sol é a principal causa do CEC, mas não a única. Alguns casos da doença estão associados a feridas crônicas e cicatrizes na pele, uso de drogas antirrejeição de órgãos transplantados e exposição a certos agentes químicos ou à radiação.
Melanoma - Tipo menos frequente dentre todos os cânceres da pele, com 6.130 casos previstos no Brasil em 2013 segundo o INCA, o melanoma tem o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade. Embora o diagnóstico de melanoma normalmente traga medo e apreensão aos pacientes, as chances de cura são de mais de 90%, quando há deteção precoce da doença.
O melanoma, em geral, tem a aparência de uma pinta ou de um sinal na pele, em tons acastanhados ou enegrecidos. Porém, quando se trata de melanoma, a “pinta” ou o “sinal” em geral mudam de cor, de formato ou de tamanho, e podem causar sangramento. Por isso, é importante observar a própria pele constantemente, e procurar imediatamente um dermatologista caso detecte qualquer lesão suspeita.
Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).
0 Comentário(s).
|