A delegada Alana Cardoso, que foi citada pela juíza Selma Arruda como suspeita de ter feito “barriga de aluguel” na Operação Fortis, da Polícia Civil, afirmou que o caso é “sério” e que precisa ser “esclarecido”, mas que só vai comentar sobre o assunto após reunião com superiores.
A suspeita da magistrada foi encaminhada através de ofício para a Corregedora-Geral do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), desembargadora Maria Aparecida Ribeiro.
A “barriga de aluguel” é uma tática ilegal feita quando números de pessoas comuns são listados como se pertencessem a alvos de investigações policiais.
Neste caso, segundo a juíza, a delegada teria solicitado a interceptação ilegal de dois telefones, um pertencente à Tatiana Sangalli Padilha e outro a Caroline Mariano dos Santos, ambas ligadas ao ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques.
“Como é algo muito sério, muito grave e que atinge diretamente a Polícia Civil, prefiro conversar com os dirigentes da instituição sobre de que forma a instituição vai se posicionar", disse Alana Cardoso ao MidiaNews.
“É importante esclarecer, mas estou pedindo só um pouco de paciência. Não estou dizendo que não vou me declarar, nada disso, estou pedindo um pouco de paciência, porque isso é muito sério. Não é só minha honra, é a probidade de uma instituição”, afirmou.
O ofício
Segundo as informações da magistrada, os números da Tatiana Sangalli e Caroline Mariano foram inseridos no segundo pedido da “Operação Forti”, em fevereiro de 2015, comandada pela Inteligência da Policia Judiciária Civil e que investigava crimes ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho de Mato Grosso (CVMT).
“É possível verificar que existem indícios de que os terminais telefônicos (65) 9998-1122 e (65) 9208-6867 foram inseridos pela autoridade policial, delegada Alana Derlene Souza Cardoso. Esta delegada ocupava, na época, o cargo de Diretora de Inteligência da Policia Judiciária Civil, diretamente ligada à Secretaria de Segurança Pública, cujo titular era o promotor de justiça Mauro Zaque de Jesus. Foi ela a coordenadora da Operação Fortis, da SESP. O ocorrido denota, a princípio, típico caso da chamada “barriga de aluguel”, que induziu tanto o Ministério Público quanto o juízo a erro”, diz trecho do documento proferido pela juíza Selma Arruda no último dia de 25 de maio.
Neles, Tatiana seria vulgo “Dama Lora” e Caroline como sendo “Amiguinha”. Porém, logo depois, as duas foram retiradas das prorrogações das interceptações telefônicas da operação.
Selma Arruda também explicou que nunca foram enviados os áudios das duas vítimas. “Esclareço que, em relação à Operação Fortis, os áudios dos demais investigados foram remetidos regularmente ao juízo, restando não enviados apenas os desses dois alvos, eis que o relatório aponta que não houve conversa no período”, explica a magistrada.
O ofício foi encaminhado também ao Ministério Público Estadual (MPE), a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) e a Corregedoria da Policia Civil.
Escutas ilegais
Na última semana, o ex-comandante da Polícia Militar Zaqueu Barbosa e cabo PM Gerson Ferreira Gouveia Júnior foram presos acusados de operar uma suposta rede de interceptações telefônicas clandestinas que funcionaria com a conivência do Palácio Paiaguás.
Tudo teve início com a denúncia feita ao Ministério Público Federal (MPF), pelo promotor de Justiça Mauro Zaque.
Ex-secretário de Estado de Segurança Pública, ele sustenta ter recebido uma denúncia anônima, com documentos, que evidenciavam a prática ilegal.
Ainda de acordo com o promotor, o caso foi levada ao conhecimento do governador Pedro Taques (PSDB) em setembro de 2015. Taques, no entanto, nega tal afirmação.
Na lista dos grampeados ilegalmente constam adversários políticos do Governo, servidores públicos, jornalistas e advogados. Os primeiros nomes revelados foram o da deputada estadual Janaina Riva (PMDB); do advogado José do Patrocínio; do desembargador aposentado José Ferreira Leite; dos médicos Sergio Dezanetti, Luciano Florisbelo da Silva, Paullineli Fraga Martins, Helio Ferreira de Lima Junior e Hugo Miguel Viegas Coelho.
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