Cuiabá, Terça-Feira, 17 de Junho de 2025
INVESTIGAÇÃO DO GAECO
25.03.2013 | 18h01 Tamanho do texto A- A+

Disputa por ouro motivou atentado contra empresários

MPE diz que mandantes contrataram cinco pistoleiros; crime aconteceu em 2012

Thiago Bergamasco

O promotor de Justiça Arnaldo Justino da Silva, um dos que atuaram na investigação do caso

O promotor de Justiça Arnaldo Justino da Silva, um dos que atuaram na investigação do caso

KATIANA PEREIRA
DA REDAÇÃO

O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual (MPE) ofereceu denúncia contra os empresários Filadelfo dos Reis Dias e Marcelo Massaru Takahashi.

Consta na denúncia que os acusados teriam, em meados de abril de 2012, arquitetado o assassinato dos empresários Valdinei Mauro de Souza, sócio do prefeito de Cuiabá Mauro Mendes, e Wanderley Facheti Torres, dono da Construtora Trimec.

Segundo o Gaeco, a motivação dos crimes seria uma desavença comercial envolvendo as vítimas e Filadelfo, referente à aquisição da Fazenda Ajuricaba, propriedade rural com alto potencial aurífero, localizada em Várzea Grande.

"Em razão de tal ameaça, embora tenha prosseguido sua vida normalmente, já se precavendo de que o pior poderia acontecer, a vítima Valdinei adquiriu um veículo Hilux, cor preta, com blindagem nível III-A"

Consta dos autos que Filadelfo e a vítima Valdinei Mauro de Souza eram sócios na empresa BMM Participações e Investimentos Ltda., sendo que em 2011 a sociedade veio a se dissolver.

O Gaeco apurou que, após a dissolução da sociedade, Filadelfo e a vítima Valdinei se desentenderam por motivos comerciais. Inclusive, o acusado teria ameaçado de morte o ex-sócio, no dia 09/01/2012, no interior da cafeteria “Franz Café”, na Praça Popular, no bairro Goiabeiras, em Cuiabá.

“Em razão de tal ameaça, embora tenha prosseguido sua vida normalmente, já se precavendo de que o pior poderia acontecer, Valdinei adquiriu um veículo Hilux, cor preta, com blindagem nível III-A, que passou a ser seu veículo de locomoção a partir de então”, diz trecho da denúncia.

Segundo o Gaeco, passados alguns meses, mais precisamente em abril de 2012, Valdinei compôs uma nova sociedade, agora com os empresários Mauro Mendes Ferreira e Wanderley Facheti Torres, ocasião em que os três passaram a negociar a aquisição da Fazenda Ajuricaba, a qual anteriormente havia sido objeto de negociações infrutíferas de Filadelfo.

"Embora estivesse tudo acertado sobre a compra da referida fazenda, os documento de aquisição seriam assinados somente na data de 13 de abril de 2012, contudo, desde o dia 04 do mesmo mês, os novos proprietários já iniciaram estudos sobre a garimpagem na propriedade. Após o início dos estudos auríferos, passou a ser de costume diário da vítima Valdinei ir até a propriedade para observar e fiscalizar o trabalho de seus funcionários, isto em torno das 16 horas", relatou o Gaeco.

Segundo as investigações, em razão de desacordos comerciais, Filadelfo já planejaria eliminar seu então desafeto Valdinei. "Sentimento este que foi sobejamente dilatado ao tomar conhecimento da compra da Fazenda Ajuricaba, ocasião em que resolveu colocar em prática o plano homicida, designando seu subordinado e ora indiciado Marcelo para que ele contratasse pessoas suficientemente “preparadas” e “qualificadas” para a empreitada homicida", afirmou o Gaeco.

"Homicídio mercenário "

"Revelam os autos que Marcelo era amigo do indiciado Josinei, sendo este pertencente a uma quadrilha fortemente armada e organizada, que cometia os mais terríveis crimes nestas terras mato-grossenses e em outros rincões"


Segundo a denúncia, Filadelfo e Marcelo teriam contratado para executarem o crime João Paulo Pereira, Josinei Moreira de Araújo, José de Oliveira Campos, Gelfe Rodrigues de Souza Júnior, André de Souza Neves - este último fugiu da Penitenciária Central do Estado (PCE), na semana passada.

“Revelam os autos que Marcelo era amigo do indiciado Josinei, sendo este pertencente a uma quadrilha fortemente armada e organizada que cometia os mais terríveis crimes nestas terras mato-grossenses e em outros rincões, tendo ficado acertado que a ação criminosa deveria ser empreendida de modo a parecer se tratar de mero crime contra o patrimônio seguido de morte desejava – um homicídio mercenário”, diz trecho da denúncia.

Consta nos autos que os contratados para o assassinato obtiveram todas as informações sobre a fazenda e a rotina dos trabalhadores e dos proprietários através do indiciado Ailson Dias da Paz, que era caseiro da Fazenda Ajuricaba, desde antes da venda e lá permaneceu como caseiro do local após as negociações relativas à alienação da mesma.

Os autos revelam que foram roubados cerca de 100 quilos de ouro bruto, um detector de metal, SD, V2, 200, aparelhos celulares, uma aliança em ouro, tudo pertencente a Valdinei Mauro de Souza, Wanderley Facheti Torres e aos funcionários da fazenda. 

 Disparos e blindagem

Segundo relatou o Gaeco, a poucos metros da entrada da fazenda, os indiciados se depararam com as vítimas chegando em um veículo Toyota Hilux, de cor preta, que era dirigido por Valdinei e tinha Wanderley como carona.

"Embora tenham percebido se tratar do veículo de Itacir, as vítimas seguiram viagem, pois perceberam que se tratava de pessoas estranhas, contudo não desconfiaram e prosseguiram sem observar a movimentação do referido carro". diz o Gaeco.

"Após passarem pelo veículo Hilux, percebendo tratar-se das vítimas, os indiciados manobraram o veículo em que estavam e seguiram a caminhonete até a entrada da fazenda. Consta nos autos que já na entrada da propriedade os indiciados fecharam a passagem da HILUX e desceram do carro ordenando que as vítimas descessem do veículo, o que não foi atendido por elas. Diante disso, os indiciados iniciaram a desferir uma sequência de tiros no veículo das vítimas, contudo, em razão da blindagem, elas não foram atingidas, instante em que rapidamente manobraram o automóvel e lograram em evadirem-se do local sem ferimentos", relataram os promotores.

Segundo o Gaeco, o crime de homicídio somente não foi consumado pelo bando em razão da blindagem do veículo Hilux, que havia sido adquirido por Valdinei, diantede ameaças anteriores feitas por Filadelfo. Segundo os promotores, os executores do delito foram todos reconhecidos pelas vítimas.

Denúncia

Diante do exposto, os promotores de Justiça Samuel Frungilo, Luciano Freiria de Oliveira, Marco Aurélio de Castro, Arnaldo Justino da Silva e Sérgio Silva da Costa denunciaram todos os indiciados, por duas vezes, pelos crimes de homicídio - por motivo torpe e mediante paga ou promessa de recompensa -, com emprego de armas, concurso de agentes e restrição de liberdade das vítimas.

Foram indiciados: Filadelfo dos Reis Dias, Marcelo Massaru Takahashi, João Paulo Pereira, Ailson Dias da Paz, Josinei Moreira de Araújo, José de Oliveira Campos, Gelfe Rodrigues de Souza Júnior e André de Souza Neves

Também foi requerida a prisão preventiva de todos os acusados. A Justiça acolheu denúncia oferecida pelo MPE.

Prisões e habeas corpus

A Justiça decretou a prisão preventiva de oito pessoas envolvidas na tentativa de homicídio dos empresários Valdinei Mauro de Souza e Wanderley Fachetti Torres.

Os empresários Filadelfo dos Reis Dias e Marcelo Massaru Takahashi foram presos no domingo (24) pelo Gaeco, mas conseguiram a liberdade nesta segunda-feira (25), após a concessão de um habeas corpus do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

Os promotores de Justiça afirmaram que, logo que confirmarem a decisão do TJMT, vão analisar os motivos indicados para estudarem um eventual recurso.

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