THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO
Desconhecida até então pela maioria dos cuiabanos, a "púrpura trombocitopênica idiopática", que vitimou, no último dia 24 a professora de Educação Física, Jennifer Boff, de 24 anos, é mais frequente em mulheres de 20 a 40 anos de idade. A informação é da hematologista Paloma Borges dos Santos Valk, que atende no Hemocentro e Hemossan, em Cuiabá.
“A doença afeta predominantemente as mulheres em idade fértil, durante a 2ª e 4ª décadas de vida, mas pode ocorrer em ambos os sexos e em qualquer idade. A incidência atual não foi determinada com precisão, mas uma estimativa aponta para uma prevalência de, aproximadamente, um em cada 10 mil pessoas, na população em geral”, explicou a médica.
De acordo com a hematologista, a púrpura idiopática é uma doença autoimune, caracterizada pela redução de plaquetas no sangue.

"A doença afeta predominantemente as mulheres em idade fértil, durante a 2ª e 4ª décadas de vida, mas pode ocorrer em ambos os sexos e em qualquer idade"
Ela não tem cura, mas também não é transmissível e, se descoberta a tempo, é tratável.
No caso da professora Jennifer Boff, a doença foi diagnostica tarde demais.
Ela chegou a ficar 15 dias internada, mas não resistiu às causas da doença e faleceu.
Conhecida como "Barbie", a jovem trabalhava em uma academia de Cuiabá e era natural de Rondonópolis (212 km ao Sul de Cuiabá).
SintomasOs principais sintomas da doença são o aparecimento de manchas vermelhas na pele, dor na região das manchas, inchaço nas pernas e sangramento pelo nariz, gengivas, intestinos ou trato urinário.
A pessoa com esses sintomas deve consultar o clínico geral ou um hematologista, para fazer um exame de sangue e diagnosticar o problema, de forma a iniciar o tratamento adequado.
A hematologista Paloma Borges explicou que o tratamento da doença não é uniforme e, muitas vezes, baseia-se na experiência dos médicos e nos protocolos institucionais.

"A incidência atual não foi determinada com precisão, mas uma estimativa aponta para uma prevalência de, aproximadamente, um em cada 10 mil pessoas, na população em geral"
Embora o objetivo principal do tratamento da púrpura seja gerenciar a contagem de plaquetas para prevenir episódios de sangramento, muitos fatores contribuem para a decisão de tratamento.
Por exemplo: sangramentos e sua gravidade, idade, comorbidades, a tolerância de eventos adversos do tratamento, o estilo de vida do paciente e suas expectativas, bem como a ansiedade.
“ O tratamento da púrpura tem o objetivo de garantir um nível seguro de plaquetas, prevenir complicações hemorrágicas e minimizar os efeitos colaterais”, disse a médica.
EsperançaIzabela Aparecida Rodrigues Dias, de 23 anos, é uma das mulheres diagnosticadas com púrpura em Cuiabá que segue uma vida normal, com acompanhamentos anuais do hematologista.
Ao
MidiaNews, ela contou que desenvolveu a patologia logo após seu nascimento. Para ela, diante do ocorrido com a professora Jennifer Boff, “estar viva é uma sorte”.
“Ao nascer, ainda no centro cirúrgico, foi percebido que eu sangrava pelos poros. Além dos sangramentos, minha pele de recém-nascida apresentava placas avermelhadas (tipo alergia) e manchas roxas, além do meu peso não ser ideal para um bebê”, disse.
Reprodução/Facebook
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Izabela Dias não toma mais remédio para púrpura há 10 anos
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Para conseguir diagnosticar a doença, Izabela teve de realizar vários exames.
“Comecei o tratamento após um dia de nascida. O meu hematologista, Augusto Régis (falecido recentemente), e outros especialistas fizeram vários exames, incluindo o de coagulação do sangue, que diagnosticaram a doença”, explicou.
“Até aos cinco anos de idade, fiz tratamentos para a púrpura, com corticoides e exames anuais para verificação das plaquetas. Após os cinco anos de idade, foi notado que a púrpura estacionou”, completou.
No entanto, Izabela teve como sequela da doença várias alergias, as quais convivem com elas até hoje.
Na época, para poder contê-las e não trazer mais complicações, ela teve que realizar um tratamento com um homeopata.
“Esse tratamento, por meio da homeopatia, se chama quelação, que eram coquetéis de remédios por via venosa. Eu permanecia na clinica por um dia e voltava para a casa”, contou.
“Também fazia exames anuais de sangue e um no qual era cortado um pedaço do meu cabelo e mandado para o EUA, para análises clinicas, pois no Brasil não havia tal tecnologia em 96”, disse.
Na adolescência, a jovem teve mais uma preocupação com a patologia. “Após a primeira menstruação, o hematologista fez exames, viu que poderia ocorrer hemorragias e me passou anticoncepcional por seis meses para cortar o sangramento”, explicou.
Atualmente, Izabela conta que segue uma vida normal.

"Tenho uma vida normal, curso duas faculdades, trabalho, namoro, vou a baladas, viajo e procuro me manter mais próxima possível dos meus familiares e amigos"
“Faço o acompanhamento das plaquetas porque cresci ouvindo dizer que não poderia me cortar. Então, penso em balancear as plaquetas para, no futuro, quando estiver grávida, eu não venha a ter complicações com hemorragias. Fora isso, tenho uma vida normal, curso duas faculdades, trabalho, namoro, vou a baladas, viajo e procuro me manter mais próxima possível dos meus familiares e amigos”, afirmou.
Outra mulher que vive uma vida normal, após ser diagnostica com a doença em Cuiabá, é a funcionária pública Lidiane Oliveira Caldas, de 35 anos.
Em 2006, ela disse ter percebido o aparecimento de várias manchas roxas em seu corpo e resolveu procurar um médico.
Reprodução/Facebook
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Lidiana Oliveira segue uma rotina normal, após diagnóstico da púrpura
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Feito o exame de sangue, foi descoberto que as suas plaquetas estavam muito baixa e que ela havia desenvolvido a púrpura.
“Com o diagnóstico da doença, comecei o tratamento e precisei retirar o baço. Após isso, passei a ter um acompanhamento com um hematologista para seguir uma vida normal”, contou.
No entanto, em 2009, Lidiane começou a ter complicações com a patologia, por conta da gravidez da sua primeira filha.
A preocupação era de que ela poderia ter uma hemorragia e vir a perder o bebê.
“No meu sexto mês de gravidez, eu não conseguia manter as minhas plaquetas em um nível normal, e a minha bebê teve que ser retirada antes do nono mês”, disse.
Por conta dessas complicações, Lidiane teve que retomar o tratamento com mais rigor. Mas agora, tudo já está normalizada.
“É importante que pessoas, principalmente as mulheres, que são mais afetadas com essa doença, tenham bastante cuidado. Caso algum sintoma seja notado, procure um médico, que com certeza tudo será solucionado”, completou.
Entenda o caso
A professora morreu na segunda-feira (24), vítima da púrpura trombocitopênica.
Ela trabalhava em uma academia em Cuiabá e começou a sentir os sintomas há 15 dias.
A patologia ocorre quando pequenos vasos sanguíneos se juntam ou vazam embaixo da pele.
Nas redes sociais, amigos da jovem informaram que ela estava bem há pelo menos 15 dias. Depois, começou a sentir os sintomas e procurou ajuda médica.
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