Cuiabá, Quinta-Feira, 26 de Junho de 2025
MORTE DE CRIANÇA
15.06.2017 | 08h00 Tamanho do texto A- A+

“Fui coagido pela Polícia a dizer que envenenei o achocolatado”

Adônis Negri foi denunciado pelo MPE por homicídio qualificado por emprego de veneno

Alair Ribeiro/MidiaNews

O zelador Adônis Negri, diz que sua vida acabou após ser preso

O zelador Adônis Negri, diz que sua vida acabou após ser preso

THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO

O zelador Adônis José Negri, de 65 anos, negou ter colocado veneno em um achocolatado da marca Itambé, que resultou na morte de uma criança de 2 anos, em Cuiabá.

 

O caso aconteceu em agosto do ano passado, no bairro Parque Cuiabá.

 

Em entrevista ao MidiaNews, na terça-feira (13), ele afirmou que o suposto assaltante Deuel de Resende Soares, de 27 anos - que teria vendido o produto envenenado para o pai da criança – alegou para a polícia que furtou o achocolatado da sua residência para se livrar do crime.

 

Sem citar nomes, Adônis relatou ainda que foi coagido pela Polícia Civil a assumir a responsabilidade do fato.

 

E eu inocente, acabei dizendo que fui eu, mas eu não tenho nada a ver com isso aí, eu fui coagido. Ia apanhar? Eu não. Pode puxar minha ficha aí, não tenho nenhum processo nas costas, sou inocente

“Imagina só, no dia em que me prenderam, eu estava dormindo em casa e fui acordado com 12 policiais encapuzados me algemando. Quando cheguei na delegacia falaram assim para mim: pode falar que foi você que pôs o veneno que não vai dar nada não”, disse.

 

“E eu inocente, acabei dizendo que fui eu, mas eu não tenho nada a ver com isso aí, eu fui coagido. Ia apanhar? Eu não. Pode puxar minha ficha aí, não tenho nenhum processo nas costas, sou inocente”, afirmou.

 

O Ministério Público Estadual (MPE) denunciou o zelador no último dia 22 de maio por homicídio qualificado com emprego de veneno.

 

Segundo a denúncia do MPE, o veneno foi colocado por Adônis no achocolatado para se vingar de Deuel de Resende, que estava furtando sua casa e comendo alimentos de sua geladeira.

 

Ainda conforme o MPE, o assaltante caiu na armadilha, furtou o produto, mas o vendeu para o pai da criança, que acabou consumindo a bebida envenenada.

 

Adônis chegou a ser preso na época do fato, mas foi solto logo depois. O assaltante também foi detido na ocasião. Não há informações se Deuel já foi liberado e nem se há uma denúncia contra ele no MPE.

 

Adônis Negri disse que a prisão “acabou” com a sua vida.

 

“Eu me sinto constrangido, envergonhado, inclusive, a minha filha, que mora no Paraná, até hoje não fala comigo, porque só acreditou no que saiu na mídia. Fui condenado por todos, sem ter o direito de apresentar minha defesa”,  afirmou.

 

“Na delegacia não permitiram que eu tivesse o acompanhamento de um advogado. Me coagiram para assumir uma coisa que eu não fiz. Todo mundo só ouviu um lado da história”, disse.

 

O advogado Raul Brandão, que faz a defesa do zelador, disse que vai apresentar na próxima semana uma resposta à acusação do MPE, para mostrar a inocência do seu cliente.

 

“Para você ter uma noção, ele nunca sequer comprou achocolatado da Itambé, o que ele sempre comprava, porque era mais barato, era da Italac. Inclusive, a Polícia Civil apreendeu um desses achocolatados da Italac na casa dele e a Politec concluiu que não tinha veneno no produto”, disse.

 

“Vamos mostrar que ele é inocente, que não há provas que possam incriminá-lo por esse fato. Os produtos que foram apreendidos na casa dele não tinham nenhum envenamento”, pontuou.

 

No laudo da Politec, encaminhado pelo advogado ao MidiaNews, ficou constatado que o achocolatado que o menino bebeu estava envenenado com carbofurano, que é utilizado para matar ratos. O veneno foi colocado dentro do produto com uma seringa.

 

Já com relação ao achocolatado apreendido na casa do zelador, a perícia não constatou nenhum tipo de envenamento.

 

Veja trecho do laudo da Politec com relação aos produtos apreendidos na casa do zelador:

 

 

A morte

 

A criança de dois anos deu entrada na Policlínica do Coxipó no dia 25 de agosto de 2016.

 

A mãe informou que estava em casa com o filho, no Bairro Parque Cuiabá, quando a criança teria dito que estava com fome.

 

Ela, então, deu-lhe uma caixinha de achocolatado, que foi comprado pelo marido.

 

Ela disse que a reação foi imediata e o menino passou mal, desmaiando em seguida.

 

O menino chegou a ser reanimado pelos médicos, mas morreu cerca de uma hora depois de ter dado entrada na unidade hospitalar.

 

Outro lado

 

Sobre a acusão de Adônis com relação a suposta coação da Polícia Civil, a instituição afirmou que o caso foi investigado, comprovado que havia veneno no produto e identificada a autoria.

 

Na nota, a instituição também relatou que o inquérito já está na Justiça e não pertence mais a Polícia Civil.

 

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Professor  16.06.17 08h25
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dauzanades  15.06.17 19h30
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dauzanades  15.06.17 18h35
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Farol de Alexandria  15.06.17 18h20
Para mim a situação é simples... é só pensar assim: e se o bandido tivesse bebido o achocolatado ao invés de vender? E se morresse? Seria justo? Talvez... afinal, o bandido é bandido... mas a pessoa que quer matar alguém, que faz alguma coisa com vontade livre para matar alguém ou que tenta matar alguém? Essa pessoa está certa? Penso que não....
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edy marcos  15.06.17 11h36
É fato que a criança morreu, mas o que não pode é prender inocente. Eu não confio nos métodos empregados pela justiça brasileira. Eu fico pensando será que foi e se não foi? Esses interrogatórios tem que ser gravado, sempre acompanhado, a justiça, a verdade não precisa de injustiça. É por essa e outras que prefiro uma polícia técnica, cientifica, bem a parelhada, bem treinada, astuta, inteligente, humana...Nós os de bem não precisamos de injustiça. Não estou dizendo quem errou, estou dizendo que o certo é melhor para todos, pois onde há injustiça o espirito da verdade cobra.
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