O zelador Adônis José Negri, de 65 anos, negou ter colocado veneno em um achocolatado da marca Itambé, que resultou na morte de uma criança de 2 anos, em Cuiabá.
O caso aconteceu em agosto do ano passado, no bairro Parque Cuiabá.
Em entrevista ao MidiaNews, na terça-feira (13), ele afirmou que o suposto assaltante Deuel de Resende Soares, de 27 anos - que teria vendido o produto envenenado para o pai da criança – alegou para a polícia que furtou o achocolatado da sua residência para se livrar do crime.
Sem citar nomes, Adônis relatou ainda que foi coagido pela Polícia Civil a assumir a responsabilidade do fato.
“Imagina só, no dia em que me prenderam, eu estava dormindo em casa e fui acordado com 12 policiais encapuzados me algemando. Quando cheguei na delegacia falaram assim para mim: pode falar que foi você que pôs o veneno que não vai dar nada não”, disse.
“E eu inocente, acabei dizendo que fui eu, mas eu não tenho nada a ver com isso aí, eu fui coagido. Ia apanhar? Eu não. Pode puxar minha ficha aí, não tenho nenhum processo nas costas, sou inocente”, afirmou.
O Ministério Público Estadual (MPE) denunciou o zelador no último dia 22 de maio por homicídio qualificado com emprego de veneno.
Segundo a denúncia do MPE, o veneno foi colocado por Adônis no achocolatado para se vingar de Deuel de Resende, que estava furtando sua casa e comendo alimentos de sua geladeira.
Ainda conforme o MPE, o assaltante caiu na armadilha, furtou o produto, mas o vendeu para o pai da criança, que acabou consumindo a bebida envenenada.
Adônis chegou a ser preso na época do fato, mas foi solto logo depois. O assaltante também foi detido na ocasião. Não há informações se Deuel já foi liberado e nem se há uma denúncia contra ele no MPE.
Adônis Negri disse que a prisão “acabou” com a sua vida.
“Eu me sinto constrangido, envergonhado, inclusive, a minha filha, que mora no Paraná, até hoje não fala comigo, porque só acreditou no que saiu na mídia. Fui condenado por todos, sem ter o direito de apresentar minha defesa”, afirmou.
“Na delegacia não permitiram que eu tivesse o acompanhamento de um advogado. Me coagiram para assumir uma coisa que eu não fiz. Todo mundo só ouviu um lado da história”, disse.
O advogado Raul Brandão, que faz a defesa do zelador, disse que vai apresentar na próxima semana uma resposta à acusação do MPE, para mostrar a inocência do seu cliente.
“Para você ter uma noção, ele nunca sequer comprou achocolatado da Itambé, o que ele sempre comprava, porque era mais barato, era da Italac. Inclusive, a Polícia Civil apreendeu um desses achocolatados da Italac na casa dele e a Politec concluiu que não tinha veneno no produto”, disse.
“Vamos mostrar que ele é inocente, que não há provas que possam incriminá-lo por esse fato. Os produtos que foram apreendidos na casa dele não tinham nenhum envenamento”, pontuou.
No laudo da Politec, encaminhado pelo advogado ao MidiaNews, ficou constatado que o achocolatado que o menino bebeu estava envenenado com carbofurano, que é utilizado para matar ratos. O veneno foi colocado dentro do produto com uma seringa.
Já com relação ao achocolatado apreendido na casa do zelador, a perícia não constatou nenhum tipo de envenamento.
Veja trecho do laudo da Politec com relação aos produtos apreendidos na casa do zelador:
A morte
A criança de dois anos deu entrada na Policlínica do Coxipó no dia 25 de agosto de 2016.
A mãe informou que estava em casa com o filho, no Bairro Parque Cuiabá, quando a criança teria dito que estava com fome.
Ela, então, deu-lhe uma caixinha de achocolatado, que foi comprado pelo marido.
Ela disse que a reação foi imediata e o menino passou mal, desmaiando em seguida.
O menino chegou a ser reanimado pelos médicos, mas morreu cerca de uma hora depois de ter dado entrada na unidade hospitalar.
Outro lado
Sobre a acusão de Adônis com relação a suposta coação da Polícia Civil, a instituição afirmou que o caso foi investigado, comprovado que havia veneno no produto e identificada a autoria.
Na nota, a instituição também relatou que o inquérito já está na Justiça e não pertence mais a Polícia Civil.
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5 Comentário(s).
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Professor 16.06.17 08h25 |
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dauzanades 15.06.17 19h30 |
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dauzanades 15.06.17 18h35 |
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Farol de Alexandria 15.06.17 18h20 | ||||
Para mim a situação é simples... é só pensar assim: e se o bandido tivesse bebido o achocolatado ao invés de vender? E se morresse? Seria justo? Talvez... afinal, o bandido é bandido... mas a pessoa que quer matar alguém, que faz alguma coisa com vontade livre para matar alguém ou que tenta matar alguém? Essa pessoa está certa? Penso que não.... | ||||
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edy marcos 15.06.17 11h36 | ||||
É fato que a criança morreu, mas o que não pode é prender inocente. Eu não confio nos métodos empregados pela justiça brasileira. Eu fico pensando será que foi e se não foi? Esses interrogatórios tem que ser gravado, sempre acompanhado, a justiça, a verdade não precisa de injustiça. É por essa e outras que prefiro uma polícia técnica, cientifica, bem a parelhada, bem treinada, astuta, inteligente, humana...Nós os de bem não precisamos de injustiça. Não estou dizendo quem errou, estou dizendo que o certo é melhor para todos, pois onde há injustiça o espirito da verdade cobra. | ||||
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