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TALENTO DA TERRA
10.10.2020 | 14h00 Tamanho do texto A- A+

Humorista critica cultura de MT "muito centralizada" em Cuiabá

Ator de origem mato-grossense diz que pretende levar projeto de teatro para a sua Guiratinga

Reprodução

O humorista Ataíde Arcoverde, que já trabalhou em diversos programas da Rede Globo

O humorista Ataíde Arcoverde, que já trabalhou em diversos programas da Rede Globo

JOAO PEDRO MONTEAGUDO
DA REDAÇÃO

O ator mato-grossense Ataíde Arcoverde é um rosto conhecido dos programas de humor da Rede Globo. Aos 66 anos, o comediante – que já interpretou vários personagens, como o mordomo Salsichção, do programa "Zorra Total" – fala com conhecimento de causa sobre cultura, humor e a arte de representar.

 

Na última semana, ele participou da live do MidiaNews, na qual defendeu uma cultura mato-grossense menos centralizada em Cuiabá.

 

“Eu digo na área mesmo do folclore, de cultura, de tradições, ela é muito centralizada no cuiabano. O Estado de Mato Grosso vai lá da Amazônia, do Pará e desce”, afirmou o ator.

 

Ainda na live Ataíde revelou que, embora “guiratinguense”, ele nasceu mesmo no interior de Goiás, vindo para Mato Grosso com um mês de vida. Guiratinga, a propósito, está nos planos do ator, que sonha em criar na cidade um projeto voltado ao teatro.

 

Leia os principais trechos da live:

  

MidiaNews - Como o senhor enxerga a valorização da arte em Mato Grosso?

 
Ataíde Arcoverde - Isto é opinião minha. Você tocou numa ferida "brabíssima", mas não é uma ferida pro mal não, é um ponto de vista meu. A cultura mato-grossense, eu digo não na arte de pintura, de esculturas, de culinária, mas eu digo na área mesmo do folclore, de cultura, de tradições, ela é muito centralizada no cuiabano. O Estado de Mato Grosso vai lá da Amazônia, do Pará e desce. Você tem que levar em consideração as pessoas que chegaram. Quem vai embora daqui para outro Estado, Mato Grosso acabou para elas. Agora para quem está chegando aqui e está construindo coisas, é a cidade e o Estado dela. E acredito que as pessoas não têm esse sentimento de pertencimento. E isso, consequentemente, reflete muito mais na cultura daqui. Temos que valorizar a nossos costumes e tradições, independente do município do nosso Estado.

   

MidiaNews - Em sua opinião, qual a função do artista?

   

Ataíde Arcoverde - Eu acho que a função do artista é canalizar tudo o que você pode trazer de bom para o seu público. Eu tenho um respeito muito grande pelos meus personagens. Desde aqueles que não falavam quase nada e eu fiz muito sucesso, mesmo os de hoje que eu falo muito e continuo agradando no Multishow fazendo o “Sr. Lupércio”, fazendo “Matusalém” no “Xilindró”.

  

MidiaNews - Conte sobre a sua trajetória e início da carreira.

   

Ataíde Arcoverde - Eu nasci em Rio Verde, em Goiás. E vim logo com um mês para Guiratinga e sou mato-grossense de adoção, de coração, lógico!  Fui para o Rio de Janeiro há muito tempo e trabalhei com os melhores! Graças a Deus tive a generosidade de trabalhar com o Chico Anysio, Os Trapalhões, com o Jô Soares, e todos os maiores, só não trabalhei com o Oscarito nem o Golias. Com todos os outros eu trabalhei, com Grande Otelo, o Costinha... Eu era o caçula deles todos no programa "Chico Anysio Show", "Os Trapalhões"... E fiz alguns filmes, na verdade vários.

   

MidiaNews - Em qual projeto vem trabalhando atualmente e poderia dar algum spoiler dos próximos?

  

Ataíde Arcoverde - Agora estou no Multishow fazendo “Xilindró”, a “Vila”, “Treme Treme” e o programa do Leandro Hassum, “A Casa Paraíso”, que a gente deve entrar em estúdio ano que vem, janeiro de 2021.

 

MidiaNews - Tem algum plano ou projeto de expandir a cultura em Guiratinga?

  

Ataíde Arcoverde - Eu estou louco para montar em Guiratinga uma quinzena de teatro a nível mato-grossense e nacional, com professores de fora. Estou “meio que pirando nisso”. Mas eu gosto! Eu tenho pensado: está na hora de fazer um bom curso, um workshop de teatro, com professores de alto nível para fazermos coisas geniais. Esse é o meu plano além de gravar para a televisão.

  

MidiaNews - Qual a sua análise sobre a evolução do humor no Brasil? A forma como era antes e como se faz hoje.

  

Ataíde Arcoverde - É tudo uma questão do tempo, de cada coisa no seu tempo. Umas evoluem e outras emburrecem. Por exemplo: antigamente, quando eu comecei a fazer humor, o Mussum fazia piada de negros, de coisas bem populares, o Zacarias também fazia este tipo de humor. Na verdade todos os comediantes da época faziam. Mas a visão era outra, não era uma visão pejorativa, eram características que os humoristas enfatizavam espontaneamente e rendiam risos do público. Hoje em dia não. Hoje fazer humor é muito complicado, é muito difícil.

  

MidiaNews - Teatro, televisão e cinema. Qual mais te agrada? E qual tipo de personagem gosta de interpretar?

  

Ataíde Arcoverde - Eu já transcendi esse tipo de coisa pelo simples fato que todo o ator que já tem consciência do seu trabalho e da sua capacidade. Ele é um organismo que tem que estar predisposto a receber com toda dignidade do mundo aquele personagem, seja ele um travesti, seja ele um padre, seja ele um corrupto, seja ele um ladrão... A minha função como ator é dar vida a um personagem e mostrá-lo o mais fiel possível com a realidade da natureza humana: se ele é cruel, ele tem que ser cruel, se ele é sarcástico, se ele é nojento, tem que incorporar essas características. É tudo uma questão de trabalho.

   

Eu acho que a função do ator é ele mostrar a beleza e a verdade daquele trabalho que ele está fazendo. O grande ator ele tem que trabalhar e ter dignidade com os personagens, respeitar o personagem.

 

Veja live na íntegra:

 

 

 

 

 

 

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PAULO CESAR  11.10.20 17h01
Tudo se concentra em Cuiabá, não só a cultura, até mesmo os investimentos, ficando para o interior apenas a conta para pagar.
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