Cuiabá, Sábado, 4 de Outubro de 2025
CRIME ORGANIZADO
15.07.2009 | 09h30 Tamanho do texto A- A+

Julier: "MT vive nova era com o fim do Império Arcanjo"

Juiz federal, que chefiou Operação Arca de Noé, vê nova dinâmica de Segurança no Estado

BRUNO GARCIA
DA REDAÇÃO

Sem citar uma vez sequer o nome do bicheiro João Arcanjo Ribeiro, acusado de comandar o crime organizado no Estado, durante entrevista ao MidiaNews, na terça-feira (14), o juiz federal Julier Sebastião avaliou que, depois da realização da Operação "Arca de Noé", há oito anos, Mato Grosso passou a viver uma nova situação.

"Quem viveu aquela época, antes dessa intervenção da Justiça Federal e da Segurança Pública, sabe bem a diferença. Tínhamos um governador de fato [referindo-se a João Arcanjo]. Hoje, isso não existe: o nosso governador de fato é o governador de direito", disse Julier Sebastião.

O juiz federalé um dos coordenadores da Operação Pluma, que, no começo do mês, desarticulou uma quadrilha especializada em grilagem de terras da União, no Leste de Mato Grosso. O grupo era composto de políticos, servidores públicos e oficiais da Polícia Militar. O caso encontra-se, no momento, em fase de conclusão de inquérito na Polícia Federal e, após a conclusão, será encaminhado ao Ministério Público Federal.

A Operação Arca de Noé, desencadeada pela Justiça e Polícia Federal, deflagrada no final de 2001, deu inicio à desarticulação do "império" criado por João Arcanjo. Conhecido na época como "Comendador", em função da outorga de um título por parte da Câmara Municipal de Cuiabá, ela era detentor de um poder paralelo no Estado, com grande potencial econômico, além de exercer forte influência na sociedade.

Arcanjo foi preso em 2001, em Montividéu, capital do Uruguai. Ele acumula, até agora, 24 anos e quatro meses de condenação por crimes de sonegação fiscal, contra o sistema financeiro, evasão de divisas, formação de quadrilha, contrabando, contravenção e posse ilegal de arma. Atualmente, ele está preso na Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande (MS).

Ação exemplar

Julier Sebastião avaliou a Operação Arca de Noé, que é considerada por muitos como o maior feito da Justiça Federal no Estado, como "uma ação exemplar", por parte dos órgãos envolvidos, na repressão ao crime organizado. "Em uma avaliação básica, posso afirmar que essa ação foi exemplar. Hoje, o Estado é completamente diferente daquele Mato Grosso que existia antes da intervenção especifica contra o crime organizado", afirmou.

O juiz federal ainda salientou a mudança nas características da criminalidade no Estado, apontando que a preocupação na Segurança Pública passou a ser outra. Agora, voltada a questões de criminalidade urbana e a violência decorrente de convivência humana. "Na época, a preocupação era a de salvar vidas, combatendo diretamente a criminalidade organizada, aquela que matava pessoas nas vias públicas, tinha bandos que financiavam o poder político e assim por diante", relembrou.

Questionado se o Estado estaria, de certa forma, "imune" de organização criminosas, o juiz disse acreditar que, no mesmo estilo da comandada por João Arcanjo, não impera mais no Estado. "A criminalidade moderna é presente em todo mundo. Hoje, aqui no estado, especificamente, do ponto de vista da criminalidade organizada, essa do estilo mafioso, de ligações nacionais e internacionais, já é um aspecto, basicamente, encerrado", considerou.

Avanços

Julier citou avanços na Segurança pública, ao apontar que atos ilegais, que antes faziam parte do cotidiano das pessoas mato-grossenses, já não estão mais presentes no dia-a-dia, pelo menos, na mesma freqüência.

"Não temos mais cassinos a céu aberto, jogatinas, mortes de aluguel, decorrentes dessas atividades. As factorings, que na Era Arcanjo foram uma espécie de exemplo do poder criminoso, agora, operam dentro da legalidade, em sua grande maioria. Quer dizer, due-se outra dinâmica à questão da Segurança no Estado", completou.

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COMENTÁRIOS
7 Comentário(s).

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Rodrigues do Prado  16.07.09 00h54
Dr. Julier: Mato Grosso precisa de homens como vossa execelência,para aparelhar nossa polícia e pagar bem melhor. E pelo que vejo, sua pessoa tem determinação e os contribuites e todo seio social só iria a ganhar com sua contribuição junto ao governo.Ate arriscaria duas pasta que lhe cairiam como uma luva Casa Civil e Segurança publica, o sr. sabe quem é quem nestes comandos dos homens das butinas
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ALACIR DE MIRANDA SCHURING  15.07.09 21h40
E DR. JULLER ISSO E NA ESFERA FEDERAL DE MT., PORQUE NO ESTADO DE MT. RECENTIMENTE FIQUEI E ESTOU DECPICIONADO ATE 1967 EM MT. NAO TINHA JUSTIÇA FEDERAL OS FUNCIONARIOS FEDERAIS DE MT. IA ATE A JUSTIÇA ESTADUAL REVENDICAR OS SEUS DIREITOS FUI RECENTIMENTE TENTAR LOCALIZAR SETENÇA DECRETADA PELA VARA NO PROCESSO 5357/1962 A FAVOR DE AGAPITO CRECENCIO SCHURING QUE CONSTA NO CORREIOS.
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Josué Ponts  15.07.09 21h34
DR. JULIER FIQUE ONDE O SENHOR ESTÁ. DEUS TE GUINDOU A UM CARGO PARA SER AGENTE DE MUDANÇA E TRANSFORMAÇÃO EM NOSSA SOCIEDADE. ARCANJO SÓ É UMA PEÇA NESTE QUEBRA-CABEÇA. DESMONTE O ESQUEMA POLÍTICO QUE SEMPRE O AJUDOU. NÃO SE MISTURE COM POLÍTICA E PRINCIPALMENTE COM POLÍTICOS. DEUS É GRANDE E MAIOR É SEU NOME QUE SE PERPETUARÁ PARA SEMPRE. PENSE...........
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ELEONORA MENDES  15.07.09 14h32
O JULIER TEM QUE SER CANDIDATO A QUALQUER CARGO PARA AJUDAR A MELHORAR A POLÍTICA, LIVRAR DOS RALFS E LUTEROS DA VIDA.
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naovotoemmaisninguém  15.07.09 13h06
A mudança de fato ocorreu. Mas para pior. O dinheiro sumiu da praça, um monte de lojista quebrou, a criminalidade aumentou significativamente, especificamente aqueles pequenos furtos, marginais bem porcaria!!!
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