Cuiabá, Quinta-Feira, 3 de Julho de 2025
ATROPELAMENTO
17.04.2018 | 17h58 Tamanho do texto A- A+

Marido de médica diz a delegado que dormia na hora do acidente

Letícia Bortolini é acusada de atropelar verdureiro na noite de sábado na avenida Miguel Sutil

Reprodução

O acidente fatal aconteceu na noite de sábado (14) na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá

O acidente fatal aconteceu na noite de sábado (14) na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá

CÍNTIA BORGES
DA REDAÇÃO

O urologista Aritony de Alencar Menezes, marido da médica Leticia Bortolini – acusada de atropelar e matar um verdureiro no último sábado (16) – afirmou em depoimento na tarde desta terça-feira (17) que dormia na hora do acidente. Por isso, disse, não percebeu o impacto e nem prestou socorro à vítima.

 

O depoimento foi dado ao delegado Christian Cabral, da Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito (Deletran), que investiga o caso.

 

O médico estava como passageiro do Jeep Compass, conduzido pela esposa, que atingiu o verdureiro Francisco Lúcio Maia, 48 anos, na noite de sábado (14), na Avenida Miguel Sutil. O casal voltava do Festival Braseiro, festa com open bar de chopp ocorrida durante toda aquela tarde.

 

"Que tão logo saiu do estacionamento do local, o depoente pegou no sono e dormiu até chegarem na residencia de seu pai. Haja vista que havia um grande engarrafamento de veículos na saída do local", diz trecho do depoimento do médico ao delegado.

 

Ainda no depoimento, o médico disse que saiu do evento com a esposa às 19h30. Conforme seu testemunho, ela tomou o volante e não apresentava sinais de embriaguez.

 

Que, tão logo saiu do estacionamento do local, o depoente pegou no sono e dormiu até chegarem na residencia de seu pai

O médico conta que o casal foi para residência de seu pai, no Jardim Itália, para pegar o filho e seguir para casa. No caminho, diz que prosseguiu dormindo e só tomou conhecimento do acidente após a chegada dos policiais militares na casa do pai.

 

Ainda no depoimento, ele alega que a esposa não lhe contou em momento algum sobre o atropelamento.  

 

"Após uns cinco minutos, chegaram policiais militares, perguntando sobre a Letícia, ao que o depoente indagou o porquê, oportunidade em que os policiais informaram que o carro dela havia atropelado e matado uma pessoa. Que, somente nesse momento o depoente tomou conhecimento do acidente praticado por Letícia", diz em outro trecho.

 

"Os policiais lhes mostraram os danos causados no veículo no paralama e na porta do lado esquerdo do Jeep", consta. 

 

No dia do ocorrido, o médico foi conduzido por policias militares a prestar depoimento. Na delegacia ele saiu antes de ser ouvido. Ao ser endagado por que deixou a unidade policial, ele afirmou que, enquanto esperava a mulher do lado de fora, pessoas revoltadas com o atropelamento apareceram. Temendo um linchamento, o médico comunicou sua advogada, Clarissa Bottega, que deixaria o local.

 

Ele também conta que a esposa tem o hábito de tomar bebidas alcoólicas socialmente. 

Fabiana Mendes/ Olhar Direto

urologista Aritony de Alencar Menezes

Urologista chega a delegacia acompanhado dos advogados

 

Em outro trecho do depoimento, ele disse que não foi o responsável por deletar as contas das redes sociais da médica, pois não tem a senha. Entretanto, tentou apagar as suas páginas para evitar discurso de ódio.

 

Em sua conta do Instagram, a médica publicou fotos do Festival Braseiro.

 

Família da vítima

 

As filhas da vítima compareceram na tarde desta terça-feira na Deletran para acompanhar a oitiva do médico.

 

Revoltadas com a soltura da médica, por força de um habeas corpus na noite desta segunda-feira (16), uma delas partiu para cima do urologista, quando ele saía da oitiva com o delegado.

 

“Assassino. O senhor matou um trabalhador”, gritou uma pessoa.

 

Em outro momento, a advogada do médico também foi alvo da revolta das filhas. “Meu pai acordava às 3h da manhã para trabalhar. E uma mulher bêbada enche a cara e mata ele. Ele é humano”, gritou uma das filhas.

 

O caso

 

Francisco morreu enquanto tentava atravessar a Avenida Miguel Sutil com seu carrinho com verduras, por volta das 20h do sábado.

 

A médica conduzia um Jeep modelo Compass branco e estava na companhia apenas de seu esposo.

  

Uma pessoa que presenciou o acidente foi atrás do casal e viu o momento em que o carro entrou em um condomínio no Jardim Itália.

 

A Polícia foi acionada e a médica autuada por homicídio culposo no trânsito e omissão de socorro.

 

Na audiência de custódia, no domingo (15), a juíza Renata do Carmo Evaristo Parreira, da 9ª Vara Criminal, converteu a prisão em flagrante em preventiva.

 

Na segunda, o desembargador Orlando Perri concedeu um habeas corpus à medica, que deverá cumprir medidas cautelares. 

 

Leia mais sobre o assunto:

 

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3 Comentário(s).

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Maria  18.04.18 19h00
Não é qrer defender, mas se essas filhas agiram assim na delegacia imagina na hora do acidente ? O que elas seriam capazes de fazer com esse casal se eles tivessem parado pra dar socorro? Essa questão da omissão de socorro é muito complicada, ninguém imagina como uma multidão de pessoas pode se comportar ao ver alguém atropelado e o atropelador do lado prestando socorro, o risco do linchamento é muito grande.
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Thiago  18.04.18 10h16
Talvez em um futuro próximo a justiça seja igual a todos.
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dora aventureira  18.04.18 08h21
dora aventureira, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas