Cuiabá, Quarta-Feira, 5 de Novembro de 2025
ENTERRADA VIVA
10.09.2018 | 08h46 Tamanho do texto A- A+

MPE aguarda laudos de exames para decidir destino de bebê

Indígena, que agora tem 3 meses, aguarda futuro em um abrigo público, em Canarana

MPMT/Reprodução

Bebê indígena (detalhe) foi enterrada viva por parentes no quintal da casa da bisavó

Bebê indígena (detalhe) foi enterrada viva por parentes no quintal da casa da bisavó

DA REDAÇÃO

O Ministério Público Estadual, por meio da Promotoria de Justiça de Canarana, aguarda conclusão de estudo psicossocial, bem como resultado do exame de paternidade para definir o destino da bebê indígena, que atualmente encontra-se num abrigo público, no município de Canarana.

 

A criança foi enterrada viva no dia 05 de junho de 2018, no quintal da casa da bisavó Kutsamin Kamayura, logo após seu nascimento.

 

Ela foi resgatada após quase seis horas e levada para uma UTI, em Cuiabá. A bebê, que tem agora com três meses, está bem de saúde e aguarda um novo lar.


De acordo com o promotor de Justiça que acompanha o caso, Matheus Pavão de Oliveira, existem duas ações com relação ao caso da criança, em andamento: uma criminal e outra civil.

Não há uma vedação expressa que proíba parentes de visitá-la. O que tem hoje, obviamente, são restrições com relação a avó e bisavó, que são acusadas de um crime gravíssimo

A criminal apura se realmente a avó da bebê Kutsamin Kamayura e a bisavó Tapoalu Kamyurá são as autoras do crime, conforme denúncia do Ministério Público.

 

Já a que tramita na esfera civil apura, em síntese, quem seria o parente ou não parente mais adequado para ter a guarda da criança.

 

“Foram solicitados estudos antropológicos e psicossociais para analisar o caso. Assim que forem finalizados vamos avaliar a situação da bebê e ver qual é pessoa mais adequada para obter esta guarda”, explica.

Conforme ele, a criança está num abrigo público, porém, mantém contato familiar.

 

“Não há uma vedação expressa que proíba parentes de visitá-la. O que tem hoje, obviamente, são restrições com relação a avó e bisavó, que são acusadas de um crime gravíssimo. No mais, a mãe pode visitar, o avô paterno, o pai, entre outros parentes. O pai, inclusive, manifestou interesse em ter a guarda da bebê, porém, nada será decidido antes da conclusão do estudo e do resultado do exame de DNA”, diz o promotor de Justiça.

 

Sem vínculo maternal

Ele explica que, ao contrário do que foi noticiado na imprensa local, a mãe da bebê não tem ido amamentar e nem dar banho na criança, apesar de o Ministério Público estimular um contato familiar materno que vá fazer bem para a criança.

 

“Infelizmente este contato próximo não aconteceu. A mãe vai de forma irregular ao abrigo, ela não tem este contato tão íntimo e afetivo que era o esperado e que foi noticiado na imprensa. Temos tentado restaurar este vínculo materno, mas até hoje isso ainda não aconteceu naturalmente”, 

A mãe vai de forma irregular ao abrigo, ela não tem este contato tão íntimo e afetivo que era o esperado e que foi noticiado na imprensa

Com relação a guarda da bebê, ele diz que as possibilidades são variadas.

 

“A regra-geral é que se evite ao máximo a adoção, para que se mantenha sempre o vínculo familiar, com a mãe, com o pai, tio, avô, alguma pessoa que tenha vínculo afetivo e sanguíneo com a criança. Adoção é sim uma possibilidade, mas não é nossa prioridade primeira. A intenção é tentar manter esse vínculo familiar e se não for possível tentar uma adoção no seio indígena, mantendo a tradição cultural indígena. Após o estudo psicossocial vamos insistir para que algum familiar seja capacitado para exercer efetivamente a guarda da criança”, afirmou.

O promotor de Justiça ressalta que as duas famílias da criança, materna e paterna, manifestaram interesse na guarda.

 

“Porém, não basta falar, tem que demonstrar que possui interesse e condições de ter a guarda. Essa é a razão de ter um estudo psicossocial pormenorizado, adequado para aferir com precisão quem tem condições de ter a guarda da menor, até mesmo para não colocá-la numa situação de risco novamente”, disse.

O estudo foi solicitado para a equipe técnica do Fórum de Canarana que vai analisar o caso com cuidado e dar um relatório conclusivo apontando quem seria aquele parente mais adequado para exercer a guarda da criança.

 

“Tão logo seja concluído, tanto o exame psicossocial, quanto o exame de DNA, o Ministério Público vai analisar o caso com muito cuidado para ver quem é o parente adequado para exercer a guarda da criança. A partir disso tudo é que se vai decidir o destino da bebê. É um caso delicado e que exige muita cautela. Vamos analisar, sem nenhuma pressa, para só então dar um parecer favorável ou não para reintegração familiar ou se necessário, ainda, para fim de adoção”, explica o promotor de Justiça.

 

Estado de saúde

Conforme ele, a saúde da bebê é considerada estável, porém, pelo fato de ter permanecido muito tempo enterrada, há uma requisição médica para levar a criança à Brasília, onde passará por uma neuropediatra a fim de verificar se a menor não ficou com alguma sequela.

 

Avós livres

A avó e a bisavó conseguiram um habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça e estão em liberdade. Ambas, porém, têm algumas restrições, entra elas visitar a criança, que está proibido por ordem judicial.

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