O Ministério Público Estadual protocolou, na 1ª Vara Criminal de Cuiabá, a relação das testemunhas de acusação que serão arroladas para o julgamento do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, acusado de mandar matar o empresário Sávio Brandão, que era dono do jornal
Folha do Estado, em setembro de 2002.
O dia do julgamento não está marcado, mas deverá ocorrer no mês de julho, conforme disponibilidade de vagas no Tribunal do Júri.
A lista é composta de quatro pessoas: o senador Pedro Taques (PDT); o delegado Luciano Inácio da Silva, que investigou o assassinato de Sávio Brandão; a irmã de Sávio, Luíza de Barros Lima; e o então diretor-geral da Folha, Ciro Braga Neto.
Segundo o promotor criminal João Augusto Gadelha, são testemunhas e informantes essenciais para o julgamento.
Segundo ele, a escolha do senador Taques é importante, no contexto do julgamento, pois, na época do crime, ele era procurador da República em Mato Grosso e atuou em vários processos de combate ao crime organizado. Entre eles, a Operação Arca de Noé, que desarticulou o "império do crime" chefiado por João Arcanjoi.
“A presença do senador será importante porque ele poderá fornecer informações que não constam nos autos sobre Arcanjo e como funcionava o crime organizado em Mato Grosso”, disse Gadelha.
Outra testemunha considerada importante é o ex-diretor-geral do jornal, Ciro Braga Nego, que, dias antes, teria recebido a visita de representantes do ex-bicheiro, alertando o empresário para que parasse de fazer algumas reportagens “inoportunas”.
O promotor Gadelha solicitou, também, cópias dos julgamentos dos outros quatro condenados pelo assassinato do empresário – os ex-policiais miltares Hércules de Araújo Agostinho e Célio Alves de Souza, condenados como executores, e João Leite e Fernando Belo, que atuaram como intermediários no crime. Este último foi morto há tiros em 2009.
A próxima etapa será a manifestação do advogado Zaid Arbid, que defende Arcanjo, no sentido de elaborar a lista das testemunhas de defesa do ex-bicheiro.
ManobrasO julgamento ocorre quase 11 anos depois e seis anos após a sentença de pronúncia – na qual o acusado dever ir a júri popular -, mas a demora se deve a inúmeros recursos por parte dos advogados de defesa.
No mês passado, o Supremo Tribunal Federal esgotou todas as possibilidades de adiamento e enviou o processo para a 1ª Vara Criminal de Cuiabá para marcar o julgamento.
Entre os argumentos que a defesa de Arcanjo vinha utilizando está o de que o crime, ocorrido em 30 de setembro de 2002, não constava no tratado de extradição de Arcanjo, formulado entre o Brasil e o Uruguai.
À época, as acusações contra o ex-bicheiro eram por formação de quadrilha, sonegação fiscal, descaminho e lavagem de dinheiro.
Esta última acabou não sendo aceita pela Justiça uruguaia porque a prática não é prevista como crime no país.
O crimeSávio Brandão foi executado na tarde do dia 30 de setembro, quando visita as obras da nova sede de seu jornal, na Rua Tereza Lobo, no bairro Consil.
Foram disparados tiros de pistola 9mm, que atingiram a cabeça do empresário.
Sávio estava em companhia de um engenheiro da construtora contratada para erguer o novo prédio.
Segundo testemunhas, dois homens ocupando um moto o aguardavam numa esquina da rua e se aproximaram do empresário já atirando.