A Secretaria de Estado de Educação implantou em Mato Grosso o Ensina Brasil, programa inspirado em uma iniciativa norte-americana, que permite o intercâmbio entre universitários recém-formados e alunos da rede pública.
Segundo o secretário da Pasta, Marco Marrafon, Mato Grosso foi o pioneiro no Brasil e a aceitação dos profissionais da Educação tem sido "excelente".
“Há um crescimento de experiência, de aprendizagem até da própria rede. A gente conversou com os diretores, que fizeram uma adesão voluntária ao programa, e o índice de satisfação é muito alto”, disse.
Em entrevista ao MidiaNews, Marrafon afirmou que o programa é inovador, humanista e traz a possibilidade de crescimento para os recém-formados, responsáveis por dar as aulas, e para os alunos.
“Esses jovens recém-formados aprendem e melhoram muito quando eles têm um contato com a periferia, com a realidade de pessoas mais carentes, transformando em pessoas melhores. E, de outro lado, também as comunidades carentes acabam por aprender mais, visualizar melhor a possibilidade de obter sucesso, de crescer com o intercâmbio. Então, acima de tudo, é um programa de intercâmbio de experiência, de inovação. Todos ganham”.
Nesta entrevista, o secretário explicou como nasceu o programa, como tem sido a implantação e os avanços que pode trazer para o Estado.
Confira os principais trechos da entrevista:
MídiaNews - O senhor acaba de implantar em Mato Grosso o Ensina Brasil, programa que surgiu nos Estados Unidos, com o nome de Teach For America. Gostaria que falasse um pouco sobre a raiz desse programa nos Estados Unidos e como ele foi trazido para cá. E também como conseguiu implantá-lo aqui em Mato Grosso.
Marco Marrafon - Quando houve a grande crise no sistema de educação dos Estados Unidos, uma das saídas construídas foi justamente que jovens estudantes das melhores universidades dos Estados Unidos cumprissem uma etapa na educação básica, um ciclo curto de um ano, como se fosse um serviço civil voluntário.
MídiaNews - Após se formarem?
Marco Marrafon - Logo após se formarem. São formados. Eles recebiam um treinamento específico para estar em sala de aula. E isso gerou muitos benefícios para a educação americana.
Estudantes universitários de primeira linha como de Harvard, Cambridge, Stanford, Berkeley, Columbia, das diversas áreas, das matemáticas, linguagem, passaram um período na escola pública da educação básica.
Isso gera uma ponta, um programa de inovação, um programa de liderança, que trouxe um grande momento de integração social.
Esses jovens estudantes, geralmente que tiveram uma oportunidade histórica de estudar em grandes universidades, aprendem e melhoram muito quando têm um contato com a periferia, com a realidade de pessoas mais carentes, transformando em pessoas melhores.
E de outro lado, também as comunidades carentes acabam por aprenderem mais, visualizarem melhor possibilidade de obter sucesso, de crescerem com o intercâmbio.
Então acima de tudo é um programa de intercâmbio de experiência, de inovação. E isso é um jogo de ganha-ganha. Todos ganham.
A pessoa que se dedica um ano voluntariamente a participar disso, tal como aqui, recebe uma bolsa mínima. O nosso caso específico a gente trouxe via o Consórcio Brasil Central [associação pública formada por cinco Estados do Norte, Centro-Oeste e o Distrito Federal que atua em várias áreas]. É um contrato direto que a Seduc faz com os estudantes.
E essa experiência é pioneira no Brasil, não havia. O Teach For America de lá expandiu para o mundo inteiro. Está em 52 países e não tinha chegado no Brasil.
MídiaNews - O Teach For America é de que ano?
Marco Marrafon - No final dos anos 80, início dos anos 90.
MídiaNews - E no Brasil, o primeiro Estado que implantou?
Marco Marrafon - Foi Mato Grosso. Hoje está implantado em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. É importante deixar claro que não se trata de um programa que vai alterar as regras de aprendizagem, a escolha dos professores no modo como sempre esteve, no modo tradicional.
É um programa de inovação e muito específico, com um campo restrito de estudantes. Então nós temos hoje 35 recém-formados, que estão em escolas como a Rafael Rueda, como a Pascoal Ramos, José Magno....
Marcus Mesquita/MidiaNews
Segundo secretário, 10 escolas de Mato Grosso já contam com o programa Ensina Brasil
MídiaNews - Só em Cuiabá?
Marco Marrafon - Não, tem em Cuiabá e em Várzea Grande.
MídiaNews - Quantas escolas?
Marco Marrafon - Em torno de 10 escola. Nós temos recém-formados egressos das melhores universidades do Brasil, das melhores universidades de São Paulo, da PUC do Paraná, da PUC de São Paulo, de Minas Gerais, da Bahia, Politec, que é da USP.
Então a gente espera que, com esse programa, tenhamos primeiramente um programa inovador, em que eles recebem, para poder se manter, o piso da educação básica, como um professor de contratação temporária. Ou seja, não há ganho a mais, a contratação é direta pela Seduc.
Eles receberam uma formação muito intensa para poder entrar em sala de aula. Um modelo inovador que promove, acima de tudo, formação de melhores pessoas em sua plenitude, através da integração cultural.
Quando você traz um estudante que é do interior do Paraná e ele vem conhecer a realidade da periferia de Cuiabá, ele se torna uma pessoa melhor.
De outro lado também há um crescimento de experiência, de aprendizagem até da própria rede. A gente conversou com os diretores, que fizeram uma adesão voluntária ao programa, e o índice de satisfação é muito alto. Eles já estão há três meses em sala de aula. É um programa que muito nos orgulha, porque nos leva ao pioneirismo no Brasil.
Recentemente houve um congresso do Teach For All, que são 52 países, que fazem esse intercâmbio, e apenas o Estado de Mato Grosso foi convidado a estar presente. Não foi possível a nossa ida, mas pelo menos o fato de ter recebido o convite, representando o Brasil, já é um motivo de orgulho para todos nós.
MídiaNews - Onde foi esse encontro?
Marco Marrafon - Em Israel. Tel Aviv.
MídiaNews - E são quantos desses recém-formados por escola?
Marco Marrafon - Varia um pouquinho de escola para a escola. Geralmente são dois ou três recém-formados por escola. A gente, de maneira alguma, interfere na grade curricular, ou nas vagas dos professores. A quantidade é muito pequena porque é um programa excepcional, um programa temporário, de inovação.
MídiaNews - E eles dão aulas para que séries?
Marco Marrafon - Geralmente no final do Ensino Fundamental, início do Ensino Médio.
MídiaNews - Então durante um ano esses recém-formados vão estar acompanhando os alunos?
Marco Marrafon - Acompanhando os alunos, fazendo práticas inovadoras, dialogando com os profissionais da Educação. Integração que na grande maioria das escolas tem sido muito positiva. Os professores têm trocado experiências, têm feito um processo de integração muito interessante.
MídiaNews - E como foi esse processo de escolha dos recém-formados?
Marco Marrafon - A gente fez um edital. Primeiramente um decreto, depois um edital. Foi universal, todos os recém-formados, ou mesmo já formados por algum tempo maior, do Brasil inteiro, puderam participar, inclusive de Mato Grosso. Ou seja, teve característica da universalidade.
Aí foi feita uma bateria de provas e seleções, inclusive com entrevistas. E, ao final, eles foram direcionados para um curso de formação para poder minimamente estar em uma sala de aula.
Uma formação muito intensa. Eu estive participando da formação em São Paulo. Chegou a ter períodos contínuos de mais de 30 dias direto, quase regime de internato, para fazer a formação. Para fazer a preparação para que pudessem enfrentar as dificuldades no ensino, mas também as dificuldades da vida, de uma vida mais difícil, como a gente encontra nas comunidades mais carentes.
MídiaNews - Esse período de formação foi em São Paulo então?
Marco Marrafon - Foi em São Paulo. Todos foram para lá. O Brasil inteiro se reuniu lá e houve essa formação direta, mas eles fazem também a formação continuada. Eles são acompanhados pela Secretaria e a gente tem o processo não só de acompanhamento, mas também de promover diálogos, debates, com grandes estudiosos para que eles possam estar sempre atualizando sua presença em sala.
Marcus Mesquita/MidiaNews
Para o secretário, o Ensina Brasil é um programa humanitário de inovação, integração e trocas culturais
MídiaNews - E para que esse programa continue para sempre no Estado, na Educação, passado o primeiro.
Marco Marrafon - Exato. Sempre ele vai ser uma situação excepcional, e de pouco alcance no sentido de número, de recém-egressos.
Mas a gente acredita que novas turmas devem vir. E que a gente possa ter uma cultura de integração, uma cultura de inovação, e esse programa é fundamental para inovar e formar lideranças na educação pública.
Nós queremos formar jovens cidadãos que sintam a necessidade. Hoje quem é aluno dos recém-formados, dos “ensinas” que é como a gente os chama, um dia pode dizer: “Meu sonho é também ser um ‘ensina’, ir para outro Estado e também dar aula para os estudantes carentes e que precisam da rede pública”.
Então ele tem esse caráter de inovação, formação de lideranças públicas e curto alcance, porque na realidade é uma situação de exceção. É um projeto piloto.
MídiaNews - Então, quer dizer, é uma semente que está sendo implantada?
Marco Marrafon - Exatamente. É uma semente de integração de povos acima de tudo. É uma semente de formação de tolerância, é uma semente de formação de trocas culturais, porque acima de tudo nós formamos pessoas nas duas pontas, pessoas mais plenas em sua humanidade.
Ele tem um olhar fortemente humanista de preocupação com esse estudante da escola pública, que quer ter esperança, que quer sentir inovação, que quer viver novos ares.
E, ao mesmo tempo, um olhar humanista de integração de culturas entre o recém-egresso de uma universidade de outro Estado, que vai estar um período, ainda que curto, mas convivendo com os demais profissionais da Educação num aprendizado recíproco.
Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).
3 Comentário(s).
|
Gilliard Hortêncio 21.06.17 19h39 | ||||
Quando você está doente qual profissional você procura um engenheiro ou um médico? Nada contra os engenheiros mas eu os procuro quando quero construir uma casa, já quando estou doente eu procuro um médico. Mas o governo de Mato Grosso oferece para dar aula para as escolas da periferia pessoas que não são professores, é isso esse "projeto" ensina Brasil que fala nesta matéria, ou seja, segundo o governador Pedro Taques o problema da educação do nosso estado é porque nossos professores são formados nas áreas que lecionam, aí ele tem a ideia "genial" de contratar uma pessoa formada em gestão pública para dar aula de português, outra formada em administração para dar aula de matemática. Tudo isto para economizar as custas dos filhos dos pobres que moram nas periferias já que estes tais "ensinas" recebem menos e trabalham mais que um professor que é formado, não se iludam, o governo está escaneado as comunidades mais pobres tirando um direito fundamental que é a educação. Voltando ao início do meu comentário, se você quando está doente deve ser atendido por um médico, quando necessita de uma escola deve ser atendido por um professor. | ||||
|
Vereador Felipe Wellaton 19.06.17 18h25 | ||||
Novos modelos de educação, parceira com universidades e programas internacionais! Educação é o caminho para a nação! Parabéns ao secretário Marrafon, coragem para fazer as transformações! | ||||
|
Amanda 19.06.17 08h16 | ||||
Falar inglês abre muitas portas de oportunidades profissionais, de viagens e de lazer! Quando buscamos o conhecimento de forma individual, como aprender inglês online, o resultado é multiplicado muitas e muitas vezes! Depois de muita pesquisa encontrei um site (http://alcanceafluencia.com/) que mostra como aprender inglês incrivelmente rápido! Ele fornece treinamentos sobre aprendizagem acelerada, Teste para Estilo de Aprendizagem, Estudos Gratuitos, Ebooks, Guias e Dicas para Aprender inglês com Música! Fantástico! O melhor que já vi! | ||||
|