O comerciante Carlos Alberto de Oliveira, pai de André Luis Alves de Oliveira – morto em uma operação policial no bairro CPA II, em Cuiabá – não ficou satisfeito com a decisão do Ministério Público Estadual (MPE) em denunciar pelo homicídio e pedir a prisão preventiva somente do major da PM Waldir Felix de Oliveira Paixão Júnior.
Para Carlos Alberto, outros policiais também participaram da morte de André e também devem pagar pelo crime.
Ele ainda cobrou uma punição ao secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp), Rogers Jarbas, que, conforme ele, teria ordenado a execução. Em nota, a Sesp negou o ato (leia a nota ao final da matéria).
“O major não matou meu filho sozinho. O governador está precisando intervir nessa situação e rever as pessoas que ele coloca para administrar o Estado, porque o secretário esteve lá sim, eu vi, sou testemunha. Tentaram me tirar do local, mas quando eu voltei, estava aberto, ninguém poderia entrar, mas o secretário chegou, entrou e logo depois houve os dois disparos que mataram meu filho. A gente não pode tapar o sol com a peneira”, criticou o comerciante, durante coletiva de imprensa com o promotor de Justiça Jaime Romaqueli, na sede do MPE.
Segundo o MPE, após assassinar o soldado da Polícia Militar Élcio Ramos, de 29 anos, André foi morto, pelo major Félix, por vingança.
O militar foi denunciado pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e fraude processual.
O outro filho do comerciante e irmão de André, Carlos Alberto de Oliveira Júnior, foi denunciado por participação na morte do soldado e encontra-se preso no Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC).
Para o pai, entretanto, o filho preso está sendo “sacrificado” pelo Ministério Público por um crime que não cometeu.
“Ele não atirou em ninguém. Está pagando pelo crime que o irmão fez. O irmão era quem deveria estar preso por isso, mas foi covardemente assassinado”, alegou.
Conforme o MPE, Carlos Alberto Júnior foi coator do assassinato contra o soldado, pois segurou o parceiro dele, o PM Wanderson José Saraiva, para o irmão André Luiz assassiná-lo.
Major denunciado
Conforme o promotor de Justiça Jaime Romaqueli, as investigações apontaram que André já havia se rendido quando foi assassinado pelo major. Registros feitos pela imprensa também mostram André se rendendo ao policial.
Romaqueli ainda apontou que os laudos da Politec (Perícia Oficial de Identificação Técnica) comprovaram que André foi agredido e atingido por dois disparos de pistola calibre 40 quando se encontrava ajoelhado ou sentado no chão.
Rogério Florentino/OlharDireto
Registros feitos pela imprensa também mostram André se rendendo ao policial
O processo foi enviado para a juíza Maria Aparecida Ferreira, da 12ª Vara Criminal da Capital, que vai analisar se acata o pedido de prisão preventiva e se aceita ou não a denúncia contra o major.
Relembre o caso
Na tarde do dia 2 de agosto de 2016, os soldados Élcio e Wanderson José Saraiva foram designados para uma diligência no bairro CPA II, em Cuiabá, a fim de investigar uma suposta comercialização ilegal de armas de fogo.
Os militares - que eram lotados no Setor de Inteligência do 24ª Batalhão - marcaram um encontro no Terminal do CPA com os suspeitos do crime, os irmãos André Luiz Alves de Oliveira e Carlos Alberto de Oliveira Júnior, fingindo serem pessoas interessadas em comprar a arma.
No local, teriam sido orientados pelos irmãos a acompanhá-los até o local onde a arma estaria guardada.
Ao chegar à casa, entretanto, teria ocorrido uma “discussão” entre eles. O PM Élcio Ramos acabou sendo assassinado por André Luiz.
O caso mobilizou centenas de policiais militares e civis. Logo depois, André Luiz apareceu morto.
Outro lado
Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública disse que as investigações não apontaram que a chegada do secretário Rogers Jarbas e demais autoridades no local do crime tenham relação com a morte de André Luiz de Oliveira.
Leia a nota na íntegra:
Em relação à acusação proferida pelo líder comunitário Carlos Oliveira, a Secretaria de Estado de Segurança Pública vem a esclarecer que o inquérito policial presidido pelo delegado Alexandre Vicente, que já foi concluído e encaminhado ao Ministério Público Estadual indiciando o major Valdir Félix de Oliveira, não apresentou nenhuma correlação entre a chegada do secretário Rogers Jarbas e demais autoridades no local do crime com a morte de André Luiz de Oliveira ou do policial militar Élcio Ramos Leite.
Durante a investigação policial, o delegado ouviu autoridades, jornalistas e particulares que estavam no local e o secretário chegou após a morte de ambos.
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