Cuiabá, Segunda-Feira, 3 de Novembro de 2025
PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS
03.11.2025 | 09h58 Tamanho do texto A- A+

Pesquisadores estudam a eficácia de planta amazônica com potencial para novos anticoagulantes

O estudo avalia o potencial antitrombótico dos alcaloides de uma espécie da família Rubiaceae, usada na medicina popular, visando desenvolver um novo fitoterápico brasileiro.

Arquivo/Pesquisadora

Pequeno arbusto de apenas 30 cm de altura, com grandes folhas ovaladas de cor verde escuro brilhantes e opostas.

Pequeno arbusto de apenas 30 cm de altura, com grandes folhas ovaladas de cor verde escuro brilhantes e opostas.

DA REDAÇÃO

Pesquisadores buscam nas propriedades farmacológicas da Psychotria ipecacuanha, conhecida popularmente como poaia, ipeca ou ipecacuanha, novas possibilidades terapêuticas para o tratamento de doenças cardiovasculares.

 

O estudo avaliou a atividade anticoagulante e antiplaquetária in vitro do extrato de P.ipecacianha, tradicionalmente utilizada na medicina popular por suas propriedades eméticas e antiparasitárias.

 

O equilíbrio da coagulação sanguínea, conhecido como hemostasia, é essencial para a manutenção da circulação e prevenção de hemorragias. Alterações nesse sistema podem resultar em tromboses e outras doenças cardiovasculares, que estão entre as principais causas de mortalidade no mundo.

 

Embora existam medicamentos eficazes para controlar essas condições, o alto custo e os efeitos colaterais ainda limitam o uso prolongado em muitas populações.

 

Nesse contexto, o projeto coordenado pela professora doutora Celice Alexandre Silva,  da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat),  em colaboração com os professores doutores Douglas Siqueira Chaves e Flavia Fratani, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), investigou o potencial da poaia (Psychotria ipecacuanha) como fonte de compostos naturais com ação anticoagulante, em busca de alternativas mais acessíveis e de origem vegetal.

 

O projeto faz parte do Edital Fapemat nº018/2022-Biológicas, fomentado pelo Governo do Estado, através da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), denominado “Ação Anticoagulante do Extrato Alcaloidico de Psychotria ipecacuanha (BROT.) – Stokes”.

 

Estudos anteriores identificaram nos extratos da planta dois alcaloides de destaque, emetina e cefalina, substâncias que apresentam reconhecidas atividades citotóxica, antiparasitária e expectorante.

 

Pesquisas recentes indicam que esses compostos interferem nos mecanismos de coagulação, especialmente na via intrínseca, reduzindo a formação de coágulos de forma dose-dependente.

 

A investigação científica propõe o fracionamento dos extratos da planta, com o objetivo de identificar as frações e moléculas responsáveis pela atividade anticoagulante. Essa abordagem poderá revelar se a ação biológica decorre de um único princípio ativo ou de uma combinação sinérgica de compostos.

 

Além da relevância farmacológica, o estudo reforça a importância da biodiversidade brasileira como fonte de inovação científica.

 

Espécies da família Rubiaceae, como Cinchona officinalis, Uncaria tomentosa e Genipa americana, já se destacaram historicamente na produção de medicamentos e no tratamento de diversas enfermidades.

 

A Psychotria ipecacuanha soma-se agora a esse grupo de plantas promissoras, abrindo novas perspectivas para o desenvolvimento de fármacos naturais voltados à saúde cardiovascular.

 

O foco dos estudos agora está no desenvolvimento de uma formulação para tratamento in vivo usando a emetina como substância ativa, além do extrato de Ipeca visando o desenvolvimento de um novo fitoterápico Brasileiro.

 

Na medicina popular brasileira e sul-americana, a Psychotria ipecacuanha, conhecida como poaia, ipecacuanha, raiz-de-ipeca ou poaia-do-cerrado, tem uso tradicional há mais de 300 anos, especialmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste.

 

Riscos e precauções

 

“A emetina, principal alcaloide ativo, é tóxica em doses elevadas. Pode causar náusea intensa, arritmias cardíacas e insuficiência respiratória. Por isso, o uso popular deve ser feito com extrema cautela e nunca como automedicação. Atualmente, seu uso medicinal é controlado por farmacopeias oficiais, e a coleta da planta em ambiente natural é restrita por ser uma espécie ameaçada de extinção em algumas regiões do Brasil”, ressalta a pesquisadora.

 

 

 

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