Cuiabá, Quarta-Feira, 16 de Julho de 2025
VALE-ALIMENTAÇÃO
07.09.2013 | 08h52 Tamanho do texto A- A+

Proibido, comércio de ticket não é reprimido em Cuiabá

Loja na Capital, localizada na Rua Barão de Melgaço, promove a venda do benefício

Reprodução

Empresa anuncia os cartões com os quais “trabalha”; venda pode render demissão por justa causa

Empresa anuncia os cartões com os quais “trabalha”; venda pode render demissão por justa causa

ALECY ALVES
DIÁRIO DE CUIABÁ
A venda de crédito de cartões do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), um benefício mantido por empresas públicas e privadas com subsídios e incentivos fiscais federais, acontece abertamente em Cuiabá, em uma loja na rua Barão de Melgaço, centro, mesmo sendo uma atividade ilegal.

Nessa rua, estão dispostas sobre um pequeno balcão diversas máquinas de cartões de crédito nas quais são debitados os valores do benefício, com um deságio (ou juro) que varia de 12% a 15%, conforme apurou o Diário.Na empresa, supostamente “credenciada”, há mais de 10 modelos de vale-alimentação e refeição. O entra e sai de pessoas vendendo “crédito” do PAT é constante.

Por meio de um cartão de visita distribuído no balcão, é anunciada a compra: “Compramos tickets - Dinheiro na hora”. Nele estão cinco números de telefones pelos quais o trabalhador pode se informar e negociar a venda. Também é nesse cartão que está a lista de “vales” credenciados.

Compram, por exemplo, crédito do cartão Alelo, que entre os beneficiários estão funcionários dos bancos do Brasil e Bradesco e da Caixa Econômica. Também integra a lista a Cabal Brasil, empresa argentina que se associou com entidades cooperativistas brasileiras para criar os vales alimentação e refeição, que atendem funcionários de bancos da rede Bancoob (banco cooperados do Brasil).

Para aqueles trabalhadores que vendem o benefício há mais tempo, o tratamento parece íntimo e de confiança mútua. “Vou te pagar agora e você pega o cartão depois porque tem muitos cartões pra eu passar”, explicou uma funcionária em um diálogo presenciado pela reportagem. “Sem problemas”, respondeu a bancária.

Essa mesma trabalhadora, questionada pela reportagem sobre a venda do benefício, disse que não vê nenhuma irregularidade ou ilegalidade nisso. Mas a venda pode render, inclusive, demissão por justa causa.

Outra trabalhadora, que também não quis se identificar, disse que recebe quase R$ 400 de vale-refeição, mas prefere comer no restaurante popular da Prefeitura, onde pagar R$ 1,50 pelo prato. Assim, diz, economiza mais de R$ 300 por mês, dinheiro que, segundo ela, completa a renda da família em outras áreas.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) informou, por meio da assessoria de imprensa, que a comercialização é vedada conforme a portaria 3/2002, que baixa instruções sobre a execução do Programa de Alimentação do Trabalhador. E que o comprador e vendedor respondem pelo ato, entretanto, a fiscalização caberia à Secretaria da Receita Federal do Brasil.

O Diário tentou fazer contato com o dono da loja que compra os créditos, mas ele não foi localizado, tampouco retornou os recados deixados com atendentes da empresa.

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olmedo  07.09.13 11h07
Isso é crime. Deve ser preso quem vende e quem compra. A empresa compradora deve ser multada e fechada. As pessoas que vendem não tem a mínima informação de onde vem esse dinheiro. Pois bem, o auxilio de alimentação e o vale teransporte, são valores pagos pelos contribuintes. A empresa ao fornecer estes valores ao empregado está tranferindo os valores que ao invés de recolher aos cofres públicos, para investimentos no social, pagam aos empregados e estes por sua vez vendem descaramdamente. É lamentável esses mesmos foras da lei exigirem que o Brasil mude. Como mudará se há pessoas destes nipe entre nós. Ainda bem que é a minoria.
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