Por 40 anos, Guida e Maia trabalharam em troca de comida. Apática, Guida estava abaixo do peso. Maia era agressiva. Elas dormiam acorrentadas, espremidas em um trailer com mais dois companheiros –dois camelos.
Há um ano, as elefantas asiáticas de um circo da Bahia ganharam um novo lar. Do espaço antes de 16 m² onde mal se moveram durante uma vida, hoje podem correr em uma área verde equivalente a 25 campos de futebol na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso.
Guida e Maia são, por enquanto, as únicas moradoras do Santuário de Elefantes Brasil, o SEB, que completou um ano no mês passado. A fazenda de 1.140 hectares –ou o equivalente a sete parques Ibirapuera– é o único espaço destinado à conservação de elefantes na América Latina.
O projeto, porém, enfrenta dificuldades financeiras e burocracia para receber novos moradores. O custo de cada uma das elefantas é de R$ 60 mil. E a fazenda ainda está sendo paga –avaliada em R$ 3,4 milhões, 40% já foram quitados. "Há meses em que não conseguimos [o valor] e por isso temos que negociar com com os fornecedores", diz a publicitária paulistana Junia Machado, idealizadora do santuário.
Uma retroescavadeira comprada recentemente, por exemplo, precisou ter seu pagamento revisto. Os custos são bancados por doações, principalmente de estrangeiros.
Guida e Maia ocupam hoje 11% da área da fazenda. O espaço para as duas foi progressivamente expandido para 18 hectares e ganhará mais dez até o fim do ano.
O território delas é cercado e adaptado com área médica, tanques de água e área de alimentação. A ideia é que, com o tempo, o perímetro cresça na medida em que elas aprendam a se alimentar sozinhas, na natureza.
Além de caro, o próprio processo de aumentar o espaço dedicado aos animais esbarra na burocracia. Cada hectare expandido ao longo deste ano dependeu de licenciamento e aprovação da Secretaria do Meio Ambiente de Mato Grosso.
Agora, a nova papelada é por conta de trazer mais elefantes, todos de outros países. Um levantamento pré-abertura localizou nove animais que poderiam ser levados ao santuário. A fazenda teria capacidade para receber até 50 elefantes.
A próxima candidata a moradora é Ramba, do Chile. "A Ramba está em uma área isolada no Chile, esperando. Ela está bem, mas elefante precisa de espaço e de companhia", diz Junia. A expectativa é trazê-la em dezembro. No mês seguinte, seria a vez de Peluza e Mara, da Argentina.
Os prazos, porém, dependem da análise do Ibama e do Ministério do Meio Ambiente, para a vinda ao país de animais estrangeiros.
Os animais que ficam no santuário não recebem visitas. Há projeto de que o lugar tenha espaço para visitantes, desde que os bichos não sejam perturbados.
"Será uma área pequena e isolada", diz a coordenadora. Enquanto isso, há intenção, ainda sem data, de instalar câmeras para o público acompanhar, via internet, a vida dos animais.
As mudanças em Guida e Maia com o novo lar são visíveis. Elas passam o dia explorando a área verde. "Às vezes as duas se separam. Quando voltam a se encontrar, é como se uma perguntasse à outra para onde ela foi. Às vezes uma dorme e a outra fica ao lado. É muito lindo vê-las juntas", diz Junia.
Guida ganhou 400 kg no período, e Maia mudou o comportamento de desafiar seus cuidadores.
"Guida, agora, é brincalhona e expressiva. Maia não é mais a 'garota má'. Sua energia externa e expressiva ainda está lá, mas é muito brincalhona e nunca tem tempo ruim", diz o diretor-técnico do santuário, Scott Blais. "Elas encontraram paz."
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11 Comentário(s).
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ANA MARIA 03.11.17 20h05 | ||||
gente, aproveitem , criem um zoologico nesse lugar, cobrem entrada para manter ... | ||||
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marcello 03.11.17 18h21 | ||||
unico comentario racional foi do stefano roberto,o restante,so hipocrisia | ||||
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Mariana Mutti 03.11.17 15h17 | ||||
Peçam dinheiro para os estrangeiros, que eu saiba a ONG recebe em dolar para cuidar desses bichos. Muito fora da realidade do pais esse santuário. Já temos muitos problemas. | ||||
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MARIA DA CONCEIÇÃO MARTINS CAMPOS 03.11.17 10h10 | ||||
Esta situação que criaram é muito séria e pode comprometer a economia de Mato Grosso. Se um desses animais ao menos espirrar, o mundo para de importar proteína animal -carne bovina, suína e aves- do Estado. Por causa de uma reportagem mal feita sobre a operação "carne fraca"da Polícia Federal - a operação foi certíssima e justa e trouxe resultados positivos , o errado foram as reportagens mal feitas a respeito- 31 paises deixaram de importar carne bovina brasileira, causando um estrago na economia, principalmente de MT. Sugiro que esta ONG da Senhora Júnia e seus amigos façam uma campanha e arrecadem fundos para enviar estes animais para a África ou Ásia, pois lá existem vários santuários para recebe-los é o habitat deles. A SEMA e o IBAMA agiram errado liberando as licenças para este propósito. | ||||
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Stéfano Roberto 03.11.17 09h43 | ||||
Só vejo haterismo nesses comentários. Se não estão dispostos a ajudar não tentem dissuadir uma ideia bacana. O que esses animais estão prejudicando vocês? Só sabem ficar nesses smartphones espalhando discórdia pelo mundo. Acordem! | ||||
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