Versão chilena de Abilio Diniz, Horst Paulmann avança no Brasil

Os empresários Horst Paulmann, fundador do grupo chileno Cencosud, e Abilio Diniz, líder do Grupo Pão de Açúcar, nasceram no mesmo ano, em 1936. Mas as coincidências entre eles vão além.

Ambos transformaram as suas empresas, originárias de pequenos negócios criados por seus pais nos anos 50, em líderes do varejo da América da Latina. E os dois hoje figuram na lista das personalidades mais ricas do mundo.

Com uma fortuna avaliada em US$ 10,5 bilhões, Paulmann ocupa atualmente o 75º lugar no ranking dos bilionários da revista Forbes e é o segundo homem mais rico do Chile.

Segundo informações disponíveis na internet, o empresário é dono de um piso inteiro do Hotel Grand Hyatt de Santiago do Chile, onde vive, e é membro do conselho consultivo latino-americano do Deutsche Bank. Nascido na Alemanha, Paulmann recebeu nacionalidade chilena apenas 2005, por meio de um projeto de lei aprovado pelo Congresso.

A Cencosud, da qual ele detém 64% do capital, registrou vendas líquidas de US$ 12,2 bilhões em 2010, com presença no Chile, Argentina, Peru e Brasil, onde acaba de fazer a sua quinta aquisição no setor de supermercados, a rede carioca Prezunic.

Abilio Diniz é dono de uma fortuna avaliada em US$ 3,4 bilhões. Isso o coloca no 323º lugar na lista da Forbes e na 9ª posição entre os mais ricos do Brasil. O Grupo Pão de Açúcar foi reerguido por ele nos 80 e 90, depois de uma disputa societária com os irmãos, que quase levou a empresa à falência.

Hoje Diniz divide o seu controle com o grupo francês Casino, que passará, em 2012, a ser majoritário na empresa. O grupo comandado pelo empresário fechou o ano de 2010 com uma receita líquida no Brasil de R$ 32 bilhões (ou o equivalente a U$ 18 bilhões).

Trajetória e ingresso no setor de supermercados

Paulmann nasceu em Kassel, na Alemanha e migrou para o Chile ainda na adolescência, em 1949, após a Segunda Guerra Mundial. Em 1952, sua família comprou na cidade de Temuco a Quinta de Recreo Las Brisas. O negócio viria a ser transformado por Horst e seu irmão Jurgen, após a morte do pai, em um supermercado, dando origem ao Cencosud. Hoje, além do varejo de alimentos, que responde por 52% do faturamento, a empresa também atua em shopping centers e no varejo de material de construção
Abilio é o filho mais velho do imigrante português Valentim dos Santos Diniz, que abriu uma pequena doceira em São Paulo, em 1948. Por volta de 1952, 'seu' Santos, como era conhecido, já possuía outras duas filiais na cidade.

Diniz começou a trabalhar com o pai aos 12 anos e, em 1959, abriu o que viria a ser o primeiro supermercado de uma rede que hoje possui 130 hipermercados, 203 supermercados, 67 mercados de bairro, 73 postos de combustíveis e 147 drogarias.

Por coincidência, os dois empresários abriram, na década de 70, hipermercados com a marca Jumbo: Diniz em 1971 e Paulmann em 1976. Em 1989, o hipermercado Jumbo foi reformulado por Diniz e deu origem ao que seria a rede Extra, hoje a maior divisão do Grupo Pão de Açúcar.

Mas, enquanto Diniz focou o crescimento do Grupo Pão de Açúcar no Brasil, o maior mercado consumidor da América Latina, o Chile ficou pequeno demais para Paulmann.

Disputa pelo mercado brasileiro

A Cencosud está avançando no Brasil, onde entrou em 2007 com a aquisição da rede de supermercados GBarbosa, no Nordeste. No ano passado, o grupo chileno adquiriu a rede Bretas, de Minas de Gerais, e mais outras duas redes menores, a Super Família e Perini. Segundo comunicado divulgado em seu relatório anual, o Cencosud iniciou em 2010 "um novo ciclo de crescimento no Brasil" e investiu US$ 875 milhões nas três aquisições realizadas ao longo do ano.

Mas, apesar das aquisições, os chilenos ainda continuam distantes do Grupo Pão de Açúcar, a maior empresa de varejo no Brasil, com vendas brutas de R$ 33,2 bilhões em 2010. Diniz consolidou a liderança de sua companhia com as aquisições do Ponto Frio e da Casas Bahia nos últimos dois anos.

Em 2010, segundo a Associação Brasileira de Supermercados, o Cencosud faturou R$ 3,5 bilhões no Brasil. Mesmo com o Prezunic, que faturou R$ 2,4 bilhões em 2010, o grupo chileno continua atrás do Carrefour e do Walmart.

Mas, ao que tudo indica, Paulmann tem ambições maiores. Ao saber que Diniz que estava costurando a fusão do Grupo Pão de Açúcar com o Carrefour no Brasil, o empresário teria declarado que também teria interesse em fazer negócio com os franceses, segundo a imprensa chilena.