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23.09.2024 | 09h00 Tamanho do texto A- A+

Polícia mapeou transferências que ligariam vereador a facção

Paulo Henrique foi preso na última sexta-feira por, em tese, integrar organização criminosa

Câmara Municipal de Cuiabá

O vereador Paulo Henrique, que foi preso pela Polícia Federal

O vereador Paulo Henrique, que foi preso pela Polícia Federal

CÍNTIA BORGES
DA REDAÇÃO

As investigações da Operação Pubblicare encontraram movimentações financeiras que ligariam o vereador por Cuiabá Paulo Henrique (MDB) ao menos um integrante de uma facção criminosa que atua em Mato Grosso. Há a suspeita de que, por meio de terceiros, ele tenha recebido propina de uma empresa de Willian Aparecido Pereira da Costa, o "Willian Gordão", acusado de pertencer à facção.

 

Foram identificados outros elementos que corroboram o recebimento de vantagem indevida pelo vereador

O vereador foi preso na sexta-feira (20), durante a Operação Pubblicare, deflagrada pela Ficco-MT (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado) para investigar o suposto auxílio de servidores públicos a um esquema de lavagem de dinheiro oriundo de atividades ilícitas por meio de casas noturnas. 

 

A investigação apontou que uma das evidências da suposta vantagem indevida “indireta” está no fato de o Dallas Bar, empresa de Willian Gordão, fazer transferência mensais em favor de Polyana Alejandra Villalva, ex-mulher do sobrinho de Paulo Henrique, Leonardo Figueiredo Silva.

 

Segundo o que foi apurado, o Dallas Bar seria usado pela facção criminosa para lavar o dinheiro por meio da realização de shows nacionais. 

 

“Essas transferências mensais indicam o cumprimento de alguma obrigação que Paulo Henrique teria com Polyana, configurando, assim, o pagamento de uma vantagem indevida indireta ao vereador por reconhecimento aos serviços prestados ao grupo criminoso”, consta na decisão que determinou a prisão do vereador.

 

“Durante a análise do sigilo bancário de Paulo Henrique foram identificados outros elementos que corroboram o recebimento de vantagem indevida pelo vereador, através de diversas transações financeiras vinculadas ao grupo investigado, incluindo contas bancárias de empresas envolvidas no esquema de lavagem de dinheiro”, consta em decisão que autorizou a prisão de Paulo Henrique.

 

A Ficco-MT também encontrou outras transações envolvendo o vereador que levantaram suspeita.   

  

No pedido de prisão do emedebista, os investigadores deram destaque para sete transações entre a conta do Sindarf (Sindicato dos Agentes de Regulação e Fiscalização do Município de Cuiabá), sindicato que foi presidido por Paulo Henrique, e a empresa Expresso Car, de "Willian Gordão", totalizando R$ 67,9 mil, entre março e agosto de 2021.

 

A Polícia também identificou outras sete transações financeiras, totalizando R$ 15 mil, entre a conta pessoa do vereador e a empresa Expresso Lava Car e o Complexo Beira Rio Evetos, ambas de "Willian Gordão".

 

Em 2021, o vereador fez duas transações totalizando R$ 2 mil para a empresa Dom Carmindo, empreendimento que teria sido utilizado pelo investigado Rodrigo Leal em benefício da organização criminosa. Rodrigo Leal é ex-servidor da Câmara Municipal, promotor de eventos, e foi alvo da Operação Ragnatela, deflagrada em junho deste ano. 

 

Já em 2022, a Polícia identificou uma transação de R$ 2,5 mil para o Dallas Bar. 

 

Há ainda a compra de uma bolsa de luxo no valor de R$ 5,9 mil. "A referida compra foi efetuada com recursos oriundos do Sindarf, o que se verifica pelos valores recebidos da Organização Criminosa, conforme consta na conta bancária do sindicato do qual Paulo Henrique é presidente", apontou investigação.

 

Cheque em branco

 

Ao quebrar o sigilo telefônico do vereador, a Polícia encontrou imagens de cheques em branco em nome de "Gordão".

 

"Constatou-se ainda a existência de um comprovante de pagamento no valor de R$ 1,8 mil destinado a Willian Gordão, bem como imagens de um cheque em branco em nome deste último, presentes na galeria de imagens de Paulo Henrique, evidenciando a existência de vínculos financeiros solícitos entre ambos", diz a decisão.

 

Operação Pubblicare

 

A Operação Pubblicare investiga no núcleo de uma organização criminosa, formada por servidores públicos, grupo que é acusado de auxiliar membros de uma facção na lavagem de dinheiro, por meio da realização de shows e eventos em casas noturnas cuiabanas.

 

Aos investigados são imputados os crimes de corrupção passiva/ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa, juntamente com membros da facção indiciados durante a operação Ragnatela.

 

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