Quantas faixas clamam o desespero de famílias a procura do seu bichinho de estimação, que de repente desapareceu? Qual foi o último valor declarado como recompensa que você viu? Quantas criancinhas e marmanjões sofreram ou sofrem depressivamente com o sumiço do Chulin?
Nas faixas são valores baixos, médios e altos, além, altíssimos. Ontem vi uma no desvio para o Tijucal oferecendo R$ 2 mil. Diante desta realidade me perguntei: se os ‘procurantes’ pagam somas consideradas ‘estrondosas’, quanto essa economia gira anualmente?
Qual o percentual dos casos resolvidos? Qual a faixa etária com maior incidência de sumiço? Qual a estatística registrada pelas unidades de saúde relativa às sequelas deixadas pelo sumiço do au-au? Em fim, bateu uma preocupação porque esse mercado vem crescendo mais e mais a cada dia.

"Entre as criticas constantes, ouvi dizer, em audiência pública, que o CCZ estar sendo utilizado para matança de animais, ou seja, um “centro de extermínio”."
O que está acontecendo? O amor animal é imensurável? Se não há cadastro de animais desaparecidos, se o bichinho não foi parar no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) - por que não tem mais carrocinha-, qual o destino?
De imediato lembrei que os preços das raças estrangeiras são assombrosos e, por conta disso, vários golpes surgiram a reboque. Já existem, inclusive, quadrilhas especializadas em sequestrar os peludos. Será se alguém já ofereceu recompensa quando sumiu algum ente seu? Um filho, por exemplo? Nunca vi. E você?
Só sei que faixas e mais faixas são expostas em ruas, avenidas, logradouros, que chamam a atenção pelas cifras anunciadas. Enquanto essa aura de ser ‘chique’ por oferecer grana à caça animal, centenas de crianças estão lá nas entidades de proteção esperando por um pai e mãe, uma família. Não estão elas ‘sumidas’ de nossos olhos? Qual o preço para essa procura?
Em São Paulo, os denunciantes que colaborarem com as investigações policiais, seja na identificação ou na localização de suspeitos de crime e de foragidos da Justiça, passarão a ganhar uma quantia em dinheiro caso passem alguma informação considerada relevante.
O informante terá sua identidade mantida em sigilo. Outros estados também? E aqui? Ou seja, até os governos pagam para achar bandido.
Na sequência das indagações lembrei-me dos animais domésticos abandonados nas ruas de Cuiabá. Para eles, nada de anúncio.
Numa audiência pública constatei que não existem políticas públicas voltadas para a proteção à saúde e bem estar; que o prefeito cuiabano não tem demonstrado qualquer interesse, mesmo havendo um Centro de Zoonose que, inclusive, é alvo do Ministério Público do Estado (MPE).
Entre as criticas constantes, ouvi dizer, em audiência pública, que o CCZ estar sendo utilizado para matança de animais, ou seja, um “centro de extermínio”.
Prefeito, tu tá sabendo dessa cachorrada zizio?.
Já pensou se o oficial tivesse poder para dizer: “O senhor está preso por ter abandonado seu melhor amigo na rua!”. Corre, sêo prefeito, porque o bicho tá pegando.
Depois, não vá achar ruim quando a Promotoria de Justiça decidir soltar os cachorros para cima de Vossa Excelência.
UBIRATAN BRAGA é jornalista, radialista e publicitário em Cuiabá.