Desde criança gosto de escrever. Paixão que se intensificou com o ingresso no curso de Direito, diante do estudo da organização social e política do Brasil. Nesse caminho passei a publicar os rabiscos que inevitavelmente acabaram gerando certa repercussão, ainda mais na classe intelectual formadora de opinião.
São rabiscos de vontades, sentimentos de um coração aberto que me expõe a críticas inoportunas e, na maioria das vezes, infundadas: Criticam, por exemplo, a aplicação da crase, coisa que até hoje não entendo muito bem, e se esquecem de interpretar o conteúdo do texto.
Num dia desses, escreveram que eu fazia parte de um partido político de linha social-democrata. Ou seja, a influência do meu texto, segundo o anônimo comentário, era puramente oportunista e com interesses promíscuos. Veja a ignorância do sujeito. Sequer avaliou minha biografia. Se conhecesse saberia: Não faço parte de nenhum partido político.
Não que fazer parte de um partido seja proibido para um articulista. Penso que seja melhor assim. Escrever com liberdade e sem preocupação de desagradar o grupo. Dai toco a boca no que acho interessante e que me revolta: do prefeito que se omitiu diante da epidemia de dengue ou do concurso público cancelado por incompetência da equipe do governador. Em sentido contrário ao bate boca gramatical tem os que conseguem entender o que digo.
Não disse concordar. Disse entender! E por entender conseguem debater o problema colocando outros ângulos de verdade de forma a construir a dialética necessária para a conclusão do tema. De conclusões solucionamos a problemática levantada.
São pessoas que compartilham a labuta por um amanhã mais justo. Cidadãos que mostram a cara. Cumprimentam-nos no cotidiano e retribuem a certeza do dever cumprido.
Sentem falta de minha opinião quando me omito diante de alguns fatos: É que diante de algumas vergonhas é melhor ficar quieto do que sair metralhando palavras sem sentidos e carregadas de rancor.
Nos últimos dias, estava quieto. Remoendo a terceira candidatura do molusco. Afinal, ele aparece mais que ela. Fala por ela. Pensa por ela. E se pudesse, cortava o bilau para ser ela será necessário isso?
Amargou. Cheguei ao limite e cá estou a escrever novamente sobre meu temor generalizado que tenho acerca da Ditadura Branca. Não é mania de perseguição. Já me consultei com o psiquiatra.
Penso com convicção que caminhamos para um regime totalitário que viola severamente as garantias fundamentais. Garantias essas que foram custeadas pela morte de tantos nos tempos de farda.
De fato, de garantia fundamental no governo atual é da propina no bolso do corrupto do mensalão. É judiciário censurando jornal e blogueiro. É sigilo fiscal violado por ninguém sabe quem. É banco ganhando dinheiro do empréstimo consignado a juros extorsivos. É bolsa família incentivando a preguiça. É o Brasil apoiando fundamentalistas e a proliferação de armas nucleares. É a estatização de setores privados.
É José Dirceu sem punição. É convalescência à Evo Morales, ao besta do Hugo Chaves, ao grupo terrorista de narcotraficantes Farc. É a proteção do ditador hondurenho Manuel Zelaya. É desconhecer os efeitos nocivos do regime cubano e incentivar a exceção. É tudo isso e mais um pouco.
Até parece piada. Esses que estão ai pegaram em armas, seqüestraram, mataram e foram torturados pelo regime que combateram e que hoje tentam ressuscitar: Freud explica na Teoria de Édipo. Maquiavel é mais brilhante: O príncipe deve abdicar de seus princípios para se manter no poder.
E a razão que se extrai são pesquisas de popularidade com índices "jamais visto na história desse país" e milhares de votos que farão a candidata da situação ser chupada ao posto de primeira presidenta do Brasil. Depois que matamos a oposição, quem vai nos salvar? Brasil, ame-o ou deixe-o.
FABIANO RABANEDA é advogado em Cuiabá.