Mais de um fato está acendendo a luz amarela no cenário das eleições brasileiras em 2022. São muitas as leituras. De um lado, a violência anunciada desde já entre as militâncias. Ressalvo que o termo militância não significa mais a ideia de simpatizantes. Mas mostra a ideia de facções eleitorais opostas e desgovernadas.
Não existem mais partidos. Logo, não existe mais comando nas eleições de 2022. Comparando com a matilha de lobos, não há mais lobos e lobas alfa no comando da ordem coletiva. Qualquer lobo vira protagonista. Lembrando que a organização das matilhas de lobos é rigorosíssima. Nenhum lobo tem autonomia fora do senso da matilha.
As eleições presidenciais e, por consequência, as eleições regionais não tem comando alfa. Os terrenos de caça e de água estão fora da ordem de sobrevivência das matilhas.
Qualquer um pode deliberar e invadir. O leitor perguntará quem são os líderes alfa? Normalmente qualquer organização política forma-se debaixo das normas dos partidos. Eles são a corporação de ideias e de comando na política e nos governos. No Brasil eles definharam desde 1997 na reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso pelo sistema de coligações. O presidencialismo de coalizão o formado desde então agora são frentes de interesses que destruíram as lideranças alfa e os objetivos estratégicos da política dos lobos.
O que pode acontecer daqui até as eleições em outubro próximo é absolutamente imprevisível. Desde a violência sem controle, até a completa apatia dos eleitores.
No mesmo terreno, o cenário do pós-eleição é tenebroso. Matilhas rivais guiadas pelo instinto dos oportunismos. Ninguém das duas facções será eleito com a legitimidade da vitória.
A menos que acenem desde já com a bandeira branca de um pacto nacional pela pacificação em torno de uma liderança que certamente não será alfa. Terá que se construir como alfa. Isso não se faz apenas com a vitória, porque as divisões coletivas internas hoje são feridas muito profundas.
Se o ganhador e o perdedor não fizerem um pacto de pacificação verdadeiro e efetivo entre si carregando junto toda a sociedade, o que veremos de 2023 em diante será a barbárie entre os lobos das matilhas.
Noutro artigo vou tratar dos cenários econômicos e políticos mundiais que interagirão com o Brasil nos próximos anos. Mas dependem de segurança jurídica brasileira e de segurança política como base do ambiente de relações e de negócios.
A janela do Brasil está aberta diante do mundo. Mas está fechada por dentro.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).
|
2 Comentário(s).
|
| João Moessa de Lima 23.07.22 16h54 | ||||
| Sr. Onofre Ribeiro boa leitura do senário mas muito triste e nebuloso com desfecho perigoso. | ||||
|
| aloisio 23.07.22 08h50 | ||||
| Nobre Professor, esse mesmo cenário era descrito em 2018 e até mesmo antes. O freio de acomodação desse “estado podre e fedorento” se chama or-ça-men-to - (também reeleição) - o cerne do poder é esse: que parte do orçamento é controlada pela ficção e como ela mantém um presidente na eternidade de sua cadeira, hoje, inclusive, com as bênçãos de instituições religiosas. Esse é o freio de arrumação, na democracia brasileira, tanto que, em boa parte, se não fosse isso o impeachment de Bolsonaro não teria esse número astronômico de mais de 140 pedidos e um presidente da Câmara sentado em cima. É utopia achar que elegendo esses operadores da política estamos resolvendo nossos problemas. Depois que nosso voto cai ou é registrado na urna, não temos mais controle sobre ele. Se o camarada em quem votamos não é ético, aí começa a farra! Que só é interrompida quando vamos pra rua e diz: "acabou a brincadeira!" | ||||
|