A bacharel em Direito Janaina Sá, viúva do agente do socioeducativo Alexandre Miyagawa, de 41 anos, e principal testemunha de sua morte na noite desta sexta-feira (1) em Cuiabá, contestou a versão do vereador Marcos Paccola (Republicanos), autor dos disparos.
Em conversa com o MidiaNews, Janaina relatou que Alexandre, conhecido como "Japão", morreu de forma banal. "Ele nem soube por que morreu, coitado”, lamentou.
O episódio aconteceu no cruzamento das ruas Filinto Müller e Arthur Bernardes, na região central de Cuiabá.
Na entrevista, Janaina admitiu que dirigia o carro em alta velocidade na contramão e que Alexandre estava armado, porém garante que ele não apontou a pistola para ninguém.
Ela relatou que os dois estavam indo ao Choppão e, como não havia vaga nas proximidades, resolveu estacionar em outro ponto.
Após cruzar a Filinto Müller em alta velocidade, ela disse que resolveu parar para fazer "xixi" em uma distribuidora de bebidas que fica na esquina.
“Ele [Alexandre] falou: ‘Amor, espera”. Falei que não ia esperar porque estava louca para ir ao banheiro. E saí andando. Ele saiu do carro colocando a arma dentro do coldre, com um celular em uma mão e, na outra mão, a carteira”, afirmou.
Janaina conta que, nesse momento, percebeu que Paccola estava se aproximando. E que o marido estava vindo atrás dela, com o celular em uma mão, a carteira na outra e arma no coldre.
“Depois só escutei os disparos. E quando percebi, o Alexandre já estava no chão”, disse ela.
Janaina conta que imediatamente foi para cima de Paccola. “Você é louco?”, questionou.
Neste momento, ainda segundo a versão dela, o vereador perguntou qual era a relação entre os dois.
“'É meu marido, eu respondi”. Em seguida, conforme Janaina, o vereador - que é tenente-coronel da PM - afirmou que atirou porque viu um homem indo na direção dela.
“Não sei se [Paccola atirou] por ele [Alexandre] ter descido rápido, eu ter descido rápido do carro, alguma situação assim. Não sei o que ele pensou. E mataram o Alexandre com quatro tiros. Eu ouvi dois e depois fiquei surda, cega e muda. Eu queria levantar ele do chão”, relatou, emocionada.
A viúva fez uma foto que, segundo ela, provaria que Alexandre não tirou a arma em nenhum momento antes de ser morto. A foto mostra Alexandre caído no chão, com a pistola na cintura, dentro do coldre.
“Eu tirei uma foto dele caído no chão. A foto mostra certinho a arma dentro do coldre. Ele não apontou a arma para ninguém. Não tirou a arma para ninguém. Não teve ordem de prisão. O que ele [Paccola] viu era eu andando rápido e o Alexandre atrás de mim”.
A bacharel afirmou ainda que o vereador se mostrou bastante "frio" depois de ter matado seu marido. "Comecei a perguntar por que ele fez isso. Por que. Ele falou que havia salvado uma mulher que estava sob ameaça”.
Antes de conversar com o MidiaNews, Janaina gravou vídeos nos stories de seu Instagram.
Veja:
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3 Comentário(s).
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Carlos 03.07.22 11h35 | ||||
Cruzou uma avenida como essas em alta velocidade na contramão colocando outras vidas em riscos por causa de vagas de estacionamento ou fazer o tal xixi, isso jamais iria acabar bem. Outro dia outro caso de um jovem morto no trânsito, e infelizmente assim vai. O trânsito não mata, quem mata são as pessoas irresponsáveis que apenas dizem depois que não era a intenção. | ||||
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Fatima Cristina Chocair 03.07.22 08h48 | ||||
Estou perplexa com esse assassinato. | ||||
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Pedro 02.07.22 21h08 | ||||
Que a justiça seja feita em sua plenitude e totalidade. A gentes do estado não podem executar ninguém. Não vivemos na barbárie. Vivemos em uma sociedade organizada, e esta organização precisa se mostrar por parte do judiciário. | ||||
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