O deputado estadual Faissal Calil (Cidadania), que está de ‘malas prontas’ para migrar para o PL na próxima janela partidária, diz não temer que enfrente uma chapa da morte nas eleições para a Assembleia Legislativa em 2026.

O partido conta atualmente com dos deputados estaduais, Gilberto Cattani e Elizeu Nascimento. Embora Elizeu manifestou interesse em ir para o Novo, o partido pode ter a primeira-dama de Cuiabá, Samantha Íris como candidata.
Com nomes de peso, o deputado poderia ter sua reeleição dificultada na sigla, já que o número de vagas vai depender do quociente eleitoral que o partido atingirá. Entretanto, Faissal diz que enfrentará a campanha “de peito aberto”.
"Eu sei que é uma eleição difícil, mesmo quem for para a reeleição será muito difícil, mas eu acho que eu tenho que começar a caminhar de acordo com um partido que pense igual a mim”, disse em entrevista ao MidiaNews.
“Eu sou um político da direita, eu tentei filiar no PL em 2022 e não fui aceito, mas não por causa do meu posicionamento político, mas sim por ser uma pessoa forte, de mandato, isso aí poderia prejudicar uma chapa. Mesmo se for acirrada uma campanha, eu tenho que enfrentar de peito aberto”, completou.
Na entrevista, o deputado falou sobre as alianças para 2026 e o cenário estadual com as pré-candidaturas ao Governo do Estado e ao Senado. Faissal comentou também a gestão Abilio Brunini em Cuiabá, as obras do BRT e fez duras críticas à Energisa.
Confira os principais trechos da entrevista:
MidiaNews - O senhor já disse que sua ida para o PL em 2026 é certa. Não teme que isso possa dificultar sua reeleição, já que o PL deve vir com nomes fortes, como a primeira-dama Samantha e dois deputados, Elizeu Nascimento e Gilberto Cattani? Não seria uma "chapa da morte”?
Faissal Calil - Sim, a disputa no PL é sempre uma disputa bem acirrada, tem vários nomes bons.
Eu sei que é uma eleição difícil, mesmo quem for para a reeleição é muito difícil. A Samanta é um nome muito forte, é a primeira-dama do prefeito Abilio, que eu acho que é o maior expoente na política mato-grossense atualmente.
Mas eu acho que eu tenho que começar a caminhar de acordo com um partido que pense igual a mim. Eu sou um político da direita, eu tentei filiar no PL em 2022, eu não fui aceito, mas não por causa do meu posicionamento político, mas sim por ser uma pessoa forte, de mandato, isso aí poderia prejudicar uma chapa.
Mesmo se for acirrada uma campanha, eu tenho que enfrentar de peito aberto.
MidiaNews - Figuras importantes do PL aqui no Estado estão tendo uma proximidade muito grande com o vice-governador Otaviano Pivetta, caso do prefeito Abilio Brunini, da prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti, e do prefeito de Rondonópolis, Cláudio Ferreira. O senhor enxerga que essa proximidade possa se tornar uma possível aliança?
Faissal Calil - Veja bem, eles são gestores e precisam muito do Estado. Hoje as prefeituras estão quebradas praticamente, todas essas três precisam de orçamento.

E nesse elo financeiro qual é a parte mais forte? É o Estado. Então, também seria injusto desses três gestores do PL [Abilio, Flávia e Claudio] não participarem da partilha do bolo do Governo. Então, enquanto prefeitos eles têm que conversar sim com o Governo, tem que buscar melhorias para os seus municípios.
Essa questão de uma possível aliança, eu acho que isso aí só vai ser discutido em 2026. Mas eles, enquanto gestores, tem que manter essa proximidade. E não vejo essa proximidade com maus olhos, é natural da política.
MidiaNews – E sobre o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro a Otaviano Pivetta? O enxerga como um bom nome?
Faissal Calil - Bom, eu não tenho nada contra o Pivetta, só acho que o PL tem que ter uma candidatura própria. O Piveta ia filiar no PL? Ou vai ficar no Republicanos?
Então, nós temos que ter o candidato nosso próprio. É isso que eu defendo dentro do partido.
Acho que não é nada oficial ainda. Mas eu acho que, inclusive, os prefeitos dessas três cidades [Abilio, Flávia e Cláudio] que tiveram uma reunião lá em Brasília, se eles fossem apoiar outra agremiação que não o PL, natural que devolvam o dinheiro do fundo eleitoral que eles pegaram do PL, porque os três foram eleitos com o dinheiro do PL.
Então, acho que os três têm que seguir a candidatura imposta pelo PL. Normal, foi o partido que investiu neles. Não há um racha na direita, tudo é questão de construção. Se o Pivetta vier para o PL, vai ser bem-vindo.
MidiaNews – Acha que há um racha na direita com essa briga entre Mauro Mendes e Eduardo Bolsonaro?
Faissal Calil - Quem falou que o Mauro Mendes é de direita? Mauro Mendes ‘taxou o Sol’, isso aí não é ser de direita. As condutas do governador não condizem com a de um político da direita.
Yasmin Silva/MidiaNews
Faissal Calil defendeu candidatura própria do PL ao Palácio Paiaguás
E todo mundo sabe que depois das eleições de 2024, onde a direita demonstrou a sua força e que nós conseguimos eleger os nossos candidatos nas principais cidades de Mato Grosso, Mendes vem querendo encostar na figura do Bolsonaro e falar que é de direita.
Você percebe uma total mudança de chave do governador em seus posicionamentos depois de 2024. Antes ele estava postando foto com o Lula, então a gente da direita não vê o Mauro Mendes como de direita.
Então não há racha. E ele falar que Eduardo Bolsonaro está de longe da realidade, acho que ele não acompanha a política nacional. O Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos por causa da nossa realidade vivenciada hoje em dia, que é de sermos perseguidos pelo STF. Todo mundo sabe disso.
MidiaNews- Seus candidatos ao Senado são os mesmos apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Mendes e José Medeiros?
Faissal Calil - Só vou seguir Medeiros, que aí eu tenho certeza que nós estaremos elegendo um senador da direita.
Nesse aspecto, a gente não pode errar. ‘Ah, mas tem um segundo nome, pode ser fulano, beltrano’. Eu, a princípio, vou caminhar somente com Medeiros porque sei que qualquer abuso de poder que tiver no STF, a gente vai precisar do Senado e eu sei que ele não vai falhar.
MidiaNews - O senhor ainda não tem um segundo nome? Seria Antônio Galvan, Janaina Riva?
Faissal Calil - Apoiei o Galvan no passado, mas eu não tenho nada definido ainda.
MidiaNews - O senhor foi coordenador da campanha do prefeito Abilio. Como é sua relação com o Alencastro hoje? Dá algum “pitaco” na administração?
Faissal Calil - Eu não sou consultado em nada e nem participei da transição. Abilio não tem indicação minha de nenhum secretário, nenhum adjunto, eu simplesmente rezei a cartilha da direita em apoiar e unir a direita. Então eu fui o único deputado de Cuiabá a apoiar o Abilio desde o primeiro turno.
O Abilio tem feito uma gestão com uma dificuldade financeira, a gente vê que Cuiabá só no repasse do ICMS perdeu mais de R$ 100 milhões por ano. Isso aí está dando uma dificuldade muito grande.
Mas agora está com ele, esperamos que ele faça uma ótima gestão e estamos aqui para somar, assim que ele precisar de alguma consultoria, algum conselho, eu estou à disposição.
MidiaNews - O prefeito Abílio tem reclamado bastante sobre a questão de emendas, ele falou que a Assembleia não tem sido muito parceira. O senhor já chegou a enviar alguma emenda para Cuiabá? O prefeito já te pediu recursos?
Faissal Calil - Já, lógico. Só que o Governo não paga. Mandei R$ 1 milhão na Sinfra para ele fazer a questão do asfalto, porque eu acho que a Prefeitura de Cuiabá tem que ter uma indústria de asfalto própria, vai ser mais barato.
E mandei R$ 5,2 milhões na Saúde. Eu fui o deputado que mais mandei emendas, só que infelizmente nenhuma dessas emendas foram pagas ainda pelo Governo.
Mas, de 24 deputados, eu sou o 23º no recebimento de emendas. Os últimos colocados é Faissal e Lúdio porque a gente não tem nenhum alinhamento com o Governo, mas a gente faz a nossa parte.
Então agora o Abilio reclamar dos deputados, bom, não sei os demais, mas da minha parte, o que ele pediu eu tirei do interior pra mandar pra Capital.
MidiaNews - Essa mudança na partilha do ICMS entre os municípios, que diminuiu a arrecadação de Cuiabá e que o prefeito Abilio tanto reclama, o senhor defende que a AL analise isso novamente e que altere o modelo atual?
Faissal Calil – Tem que ser revisado urgentemente. Quando nos foi passado, nos passaram com uma forma de meritocracia e agora depois com o estudo dos auditores fiscais municipais, nós ficamos sabendo que o rombo tanto em Cuiabá, como em Rondonópolis e Várzea Grande foi muito grande.

E por exemplo, Cuiabá nesses últimos três anos perdeu R$ 380 milhões, Rondonópolis perdeu R$ 220 milhões e Várzea Grande R$ 91 milhões. Essas três cidades aí representam mais de um terço de toda a nossa população e com essa nova lei, 68% da população está sendo impactada de forma negativa, enquanto os outros 32% está sendo favorecida.
Ou seja, favoreceu pequenos municípios em detrimento dos grandes centros, exatamente onde há os principais serviços de saúde, por exemplo.
O que a gente quer reestabelecer é uma justiça tributária. Se nós arrecadamos a maior parte do bolo, está certo que, proporcionalmente, nós temos que receber também a maior parte do bolo.
MidiaNews - Uma coisa que tem afetado bastante Cuiabá e os cuiabanos é o trânsito com as obras do BRT. A Assembleia tem discutido bastante isso, o presidente Max Russi tem falado que a Assembleia tem fiscalizado, mas parece que não tá andando e agora o prefeito Abilio sugeriu a troca do modal de BRT para ART. O que acha disso?
Faissal Calil - Bom, eu defendo a conclusão imediata dessas obras, ninguém aguenta mais. Independente do modal, quero ver funcionando. A gente não aguenta mais ver o trânsito parado, o estresse, tempo perdido dentro de carro.
É Águas Cuiabá, é BRT, é obra de viaduto que começou a fazer na Miguel Sutil, ninguém aguenta mais.
MidiaNews - Pouco tempo atrás o senhor criticou a Energisa por impor barreiras à expansão da energia solar em MT. Isso ainda está acontecendo? Que barreiras são essas?
Faissal Calil - Bom, a barreira com relação à energia solar é que eles estão indeferindo os projetos de micro geração, falando que a energia solar está sendo o motivo de apagões aqui em Mato Grosso, isso não é verdade.
O que está causando apagões aqui Mato Grosso é a falta de manutenção da própria Energisa e a falta de investimento nas subestações para aguentar maior potência. Inclusive, a falta de potência no interior está prejudicando inclusive o desenvolvimento, trazer indústrias para cá.
Eles têm uma empresa deles de energia solar chamada Reenergisa e protocolaram todos os pedidos de instalação de energia solar na rede deles para eles mesmos. Aí quando outra pessoa vai protocolar a respostas é ‘não, tem excesso de energia solar então estou indeferindo’.
Na verdade, está em excesso de energia solar porque eles mesmos fizeram para eles, isso é reserva de mercado. Ela é distribuidora, ela é geradora, isso não pode, ofende a concorrência e é desleal.
O Faissal continua com o mesmo posicionamento, esperando encerrar o prazo que a Energisa deu na Câmara Setorial de Energia Elétrica, que seria dezembro. Se a gente ver que não melhorou até dezembro, a única solução é fazer uma CPI.
MidiaNews - O senhor é a favor da renovação da concessão por mais 30 anos?
Faissal Calil - Qual que vai ser a contrapartida para o estado de Mato Grosso? Pra gente aguentar a Energisa por mais 30 anos aferindo lucro líquido de 1 bilhão por ano.
Nenhuma? O Mato Grosso do Sul já foi renovado, quando nós descobrimos que Mato Grosso do Sul foi renovado, nós fomos lá em Brasília, conversamos com o ministro e ele está segurando ainda.
Tem a previsão no contrato de renovação sem licitação, mas eu quero saber, e assim como toda a população, o que vai melhorar, o que Mato Grosso vai ganhar com isso? Então faça uma licitação, traga uma outra empresa que vai dar melhores condições, mais investimentos, melhorias nessa ou nessa área.
Eu quero saber o que a Energisa vai fazer pelo nosso estado. É só isso, qual vai ser a contrapartida. Que faça uma nova licitação que seja ampla e participe outras distribuidores de energia do país, é isso que eu defendo.
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