Cuiabá, Quarta-Feira, 16 de Julho de 2025
TRANSPORTE
18.01.2020 | 14h03 Tamanho do texto A- A+

Empresa tenta na Justiça do Amazonas recuperar linhas em MT

Juiz de Manaus acatou pedido da Verde Transportes em um processo de recuperação judicial

Victor Ostetti/MidiaNews

O presidente da Ager, Fábio Calmon

O presidente da Ager, Fábio Calmon

DA REDAÇÃO

A empresa Verde Transportes, uma das mais afetadas pela licitação do transporte intermunicipal realizada pelo Governo do Estado, está usando uma decisão da Justiça do Amazonas para tentar reaver o espaço perdido no mercado de Mato Grosso.

 

A decisão, concedida no ano passado âmbito de uma ação de recuperação judicial do Grupo Soltur Solimões Transportes e Turismo, obriga a Ager (Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos Delegados) e a Secretaria de Estado de Infraestrutura a repassarem à Verde Transportes imediatamente todas as linhas que a empresa adquiriu da Transjaó, que pertence ao grupo em recuperação.

 

A Verde - que durante décadas atuou no transporte intermunicipal com um contrato precário – perdeu parte de suas linhas depois que a Secretaria de Estado de Infraestrutura lançou o processo licitatório que dividiu o setor em oito mercados. Primeiro o Governo realizou uma licitação emergencial e agora está concluindo a definitiva, cujo resultado deve sair neste ano.

Considerando o não cumprimento até a presente data, determino que a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Estado de Mato Grosso proceda a imediata retificação

 

A venda das linhas da Transjaó para a Verde havia sido anulada pelo Governo do Estado, que considera ilegal a negociação.

 

Porém o juiz Rosselberto Himenes, da 6ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho da Comarca de Manaus, determinou, na ação de recuperação judicial da Sotur, que os termos da negociação entre a Transjaó e a Verde sejam considerados válidos, obrigando o Governo a permitir a operação da empresa nas linhas negociadas.

 

Em um primeiro momento, tanto a Ager quanto a Sinfra não acataram a decisão, argumentando que a legislação proíbe a negociação de linhas no sistema, além de citar a licitação em andamento.

 

Porém, em uma intimação assinada em 29 de outubro, o magistrado reiterou a decisão, sob pena de o presidente da Ager, Fabio Calmon, responder por crime de desobediência.

 

"Considerando o não cumprimento até a presente data, determino que a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Estado de Mato Grosso proceda a imediata retificação dos dados cadastrais, com alteração do quadro de tarifas, horários e demais instrumentos correlatos, para que passe a constar exclusivamente o nome da empresa Verde Tansportes (...) sob pena de majoração de multa diária ao presidente e Direito da Ager/MT por desobediência, bem como seja mantida a exploração dos serviços públicos até que sobrevenha regular processo de licitação".

 

Alvo do MPE

 

A Verde Transportes é um dos alvos de uma ação por improbidade administrativa em que o Ministério Público Estadual pede que 22 pessoas físicas e jurídicas devolvam R$ 322 milhões aos cofres públicos pela suspeita de atuar para atrasar a licitação do setor, pagando propina a integrantes do governo Silval Barbosa. Só da Verde, o MPE pede a devolução de R$ 75.144.009,60.

 

O representante da empresa, Éder Augusto Pinheiro, também é alvo da ação. Em relação a ele, ao ex-procurador do Estado Francisco de Lima Andrade Filho e ao Setromat (Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros do Estado de Mato Grosso), o MPE pede que devolvam o total de R$ 161.294.235,35.

 

A Verde e Éder Pinheiro foram alvos da Operação Rota Final, que investigou a suposta ação de um grupo de empresários para barrar a licitação do transporte.

 

Recurso no TJAM

 

A Ager já recorreu ao Tribunal de Justiça contra a decisão do juiz de primeira instância. No agravo, a agência alega incompetência para acatar a ordem e cita má-fé da Verde Transportes.

 

“Merece cotejo ainda por entender relevância temática e por fidelidade a este juízo informar que a empresa Verde Transporte através do protocolo processual de n° 596470/2018 requereu junto ao órgão competente Sinfra a transferências das linhas da empresa Transportes Jáo, processo que teve seu regular processamento, inclusive com parecer da Procuradoria Geral do Estado acerca dos feitos e teve como desfecho final o indeferimento do pleito pelas várias razões jurídicas que compete ao órgão competente se manifestar”, consta no agravo.

 

Ainda no recurso, a Ager anexou uma decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, reiterando a impossibilidade de transferência de linhas.

MidiaNews

 Éder Augusto Pinheiro

O empresário Eder Agusto Pinheiro, representante da Verde Transportes

 

“As empresas concessionárias não podem regular, via alteração contratual, e às suas conveniências particulares, com substrato relação contratual expirada, a transferência de serviços públicos, porquanto é necessário passar pelo crivo do poder concedente, sob pena de burlar o procedimento licitatório que regulamenta a atividade”, consta em decisão do TJ.

 

A reportagem apurou que o agravo da Ager ainda não foi julgado pelo Tribunal de Justiça amazonense.

 

 

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
5 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Juscelino Ribeiro  19.01.20 12h17
O que precisa acontecer, é o poder público responsável fazer com critérios e seriedade no processo de licitação. O mesmo ocorre no transporte coletivo urbano, onde por muitos anos , as mesmas empresas estão ai prestando serviço de péssima qualidade ao usuário. A verde mesmo tem várias empresas , só muda a marca.
1
1
RAFAEL CESAR  19.01.20 10h35
Oque deveria ser feito é abrir para qualquer empresa que queira fazer as linhas possam fazer ao.seu modo, e o cidadao que vai decidir qual empresa ele quer andar nao o ESTADO, se a empresa X estiver so com sucata e a empresa Y estiver com frota moderna cabe ao cidadao decidir qual oninus andar sem falar que se tivessemos 20 empresas concorrendo entre si alem de elevar a qualidade o preço tambem seria muito mais barato.
3
2
Nascimento  19.01.20 05h54
Não sou advogado, mas acredito que em linhas intermunicipais dentro do estado de MT, o poder judiciário de outro Estado não tem e não deve interferir.
8
0
O atalaia  18.01.20 17h22
O que ocorre é que as empresaa que atuam.hoje no mercado de transporte inermunicipalsao praticmcamente as mesmas e suas sucessoras que aruavam no início do seculo Xx, e os empresàrios se acham donos do serviço, assumindo vez por outra a condição de reguladores e fiscalizadores, ignorando o poder administrarivo do Estado. E, pior, ainda encontram no poder judiciário, amparo e proteção ao que chamam de diretos de pioneirismo...
16
9
Carolzinha  18.01.20 15h21
Esse presidente da AgER é muito competente. O irmão dele também! Agilidade e compromisso é a sua marca!
13
12