Cuiabá, Domingo, 20 de Julho de 2025
NEGÓCIOS
27.05.2017 | 08h50 Tamanho do texto A- A+

Família do ministro Gilmar Mendes fornece gado para a JBS

Ele confirmou reunião com Joesley Batista em que tratou de questão referente ao agronegócio

Reprodução

Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal

Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal

BELA MEGALE E CAMILA MATTOSO
DA FOLHA DE S.PAULO

 A família do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), é fornecedora de gados para a JBS, uma das maiores processadoras de carne do mundo e que acaba de ter um acordo de delação premiada homologado pelo tribunal.

A informação foi dada pelo ministro à Folha. No cargo, Gilmar pode ter de tomar decisões sobre a delação.

A reportagem questionou o ministro sobre encontro recente que teve com o empresário Joesley Batista, um dos sócios da JBS que gravou secretamente o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Gilmar confirmou a reunião, ocorrida, segundo ele, a pedido do advogado Francisco de Assis e Silva, um dos delatores da empresa. Joesley, de acordo com Gilmar, apareceu de surpresa ao encontro, que, diz o ministro, tratou de questão referente ao setor de agronegócio.

A conversa ocorreu fora do Supremo, no IDP, escola de direito em Brasília da qual o ministro do STF é sócio. A data da conversa, segundo Gilmar, é posterior a 30 de março, quando o tribunal realizou um julgamento sobre o Funrural, fundo abastecido com contribuições de produtores rurais à previdência.

Os ruralistas questionavam o pagamento ao fundo na Justiça e o STF manteve a obrigatoriedade. O ministro afirmou que votou contra os interesses da JBS.

A gravação de Joesley com Temer foi feita no dia 7 de março, no Palácio do Jaburu.

Gilmar afirmou que conheceu Joesley por causa de negócios na área de agropecuária. Disse que não o via havia mais de um ano, até o encontro recente, em Brasília.

"Minha família é de agropecuaristas e vendemos gado para a JBS lá (Mato Grosso)", afirmou, acrescentando que um irmão é quem negocia os valores com a empresa.

"Eu já havia o [Joesley] encontrado em outras ocasiões. A JBS tem um grande frigorífico em Diamantino (MT), minha terra, implantado pelo grupo Bertin no governo Blairo [Maggi, governador do Mato Grosso entre 2003 e 2010]".

Segundo o ministro, a relação comercial com a empresa não é motivo para ele se declarar impedido de participar das votações futuras relacionadas à JBS no STF.

"Não. Por quê? As causas de impedimentos ou suspeição são estritas", disse.

"[Se fosse assim] Eu não poderia julgar causas da Folha, Carrefour, Mercedes-Benz, Saraiva", acrescentou, fazendo referências a empresas com quem tem alguma relação comercial [no caso, empresas das quais é cliente].

As declarações foram dadas por ele à Folha antes das 13h, ao ser questionado sobre o encontro que teve com Joesley. Depois, em entrevista a jornalistas no STF, ele declarou que o plenário do tribunal tem de discutir os termos do acordo de delação da JBS, alvo de críticas por supostas fragilidades em relação a penas dos envolvidos.

Para Gilmar, não cabe apenas ao relator (no caso, o ministro Edson Fachin) homologar um acordo. "Me parece que nesse caso, como envolve o presidente, certamente vamos ter que discutir o tema no próprio plenário", disse.

Perguntado pela Folha se tem receio de ter sido gravado, assim como ocorreu com Temer e Aécio, o ministro do STF respondeu: "Não [tem receio]. Como lhe disse, a conversa se limitou a esse tema [Funrural]", respondeu.

Votação em março

Mendes argumentou que foi um dos seis ministros que votaram a favor de manter a cobrança das contribuições para o Funrural no dia 30 de março, indo contra o pedido dos ruralistas (incluindo a JBS) - o placar foi de 6 a 5.

"Votei contra os meus próprios interesses econômicos, pois minha família terá de pagar a contribuição atrasada."

"O advogado dele havia procurado para falar sobre o caso julgado pelo STF sobre o Funrural. O setor estava em polvorosa. Eu já havia recebido toda a bancada ruralista, que alegava a necessidade de modularmos efeitos da decisão", acrescentou Gilmar.

Ele afirmou também que o pedido de Joesley, posterior ao julgamento, foi para encontrar uma fórmula que permitisse o alongamento da contribuição.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/05/1887895-familia-de-gilmar-mendes-fornece-gado-para-a-jbs.shtml

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
2 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Sergio Cunha  27.05.17 11h28
Muito feliz no seu comentário meu caro ROBÉLI ORBE..VC ESTA CORRÉTISSIMO.
3
13
Robélio Orbe  27.05.17 09h12
Qual pecuarista que não fornece gado para a JBS? O ministro não possui gado, mas a sua família, criando gado para abate fornece a JBS. Qual o problema? A moda agora é criticar a JBS por atos ilegais praticados pelo sócios; qual grande empresário nunca pagou comissão aos dirigente financeiros para conseguir facilidades em empréstimos? Quem é empresário: pequeno, médio ou grande sabem das dificuldades para ter acesso ha financiamento para ampliar os negócios ou para capital de giro. Os sócios da JBS apenas aceitaram pagar comissão para ter acesso ao dinheiro fácil, foram espertalhões, como todo brasileiro se tivesse a mesma oportunidade. O ato é ético ou moral? Não! Mas, diferente dos políticos que receberam comissões e depositaram em contas na Suíça ou em paraíso fiscais, não gerando nenhum emprego, a JBS gerou mais de 200 mil postos de trabalho. Então, vamos dar nomes aos bois e criticar os políticos que praticaram os atos de suborno.
32
25