ANA ADÉLIA JÁCOMO
DA REDAÇÃO
O deputado federal Júlio Campos (DEM) criticou hoje a senadora Ana Rita (PT/ES), que aprovou no Senado Federal a mudança do nome de uma das alas da Casa, antes chamada de “Senador Filinto Muller”, para “Senador Luiz Carlos Prestes”.
Mato-grossense, Muller nasceu em 1900, em Cuiabá, faleceu em um acidente de avião, em Paris, em 1973. Ele foi chefe da polícia política de Getúlio Vargas e, por diversas vezes, acusado de promover prisões arbitrárias e torturar prisioneiros.
Campos afirmou que está “indignado” e classificou a iniciativa da petista de “sorrateira”.
“Essa senadora é metida a católica, atua com movimento de igrejas, mas fez isso numa ação sorrateira. Foi um golpe rasteiro. Ela já tinha apresentado esse projeto há um tempo atrás e não conseguiu aprovar. Então, ela se uniu a outros senadores e aproveitou uma sessão vazia, dessas que não vai ninguém, para aprovar a medida”, afirmou.
Júlio Campos afirmou que considera Filinto Muller um “grande político”, que representou Mato Grosso no contexto nacional.
“Filinto Müller honrou o Congresso Nacional desde a fundação da República. Foi líder do PSD, líder do governo Federal, presidiu o Senado e o Congresso Nacional. Foi também líder da oposição no Governo de Jânio Quadros, vice-presidente do Senado por duas vezes e, quando morreu num acidente aéreo, foi sepultado com honras de Chefe de Estado, pois era General do Exército”, afirmou.
Segundo ele, em 2003, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) também tentou mudar o nome da ala, mas a maioria da Casa rejeitou.
“Filinto Müller criou duas universidades. Foi o homem que, com Darcy Ribeiro, conseguiu a aprovação para a criação da Universidade de Brasília e também da Universidade Federal de Mato Grosso. Portanto, não é uma figura estranha, que merece ter o seu nome retirado da história do Senado Federal”, pontuou.
Roberto CamposFoi o próprio Júlio Campos quem conseguiu nomear a ala com o nome de Muller, em 1995, após uma ampliação no Senado que criou novos gabinetes, quando ele era 1º secretário da Mesa Diretora.
“Não há justificativa para isso. Ele é o único mato-grossense homenageado no Senado. Já que conseguiram retirar o nome dele da ala, vou propor que homenageiem o Roberto Campos ou Jonas Pinheiro”, afirmou, referindo ex-senador Jonas Pinheiro e ao ex-ministro do Planejamento, e também ex-senador Roberto Campos, ambos de Mato Grosso e já falecidos.
Segundo o deputado, Ana Rita quer homenagear Luiz Carlos Prestes em detrimento a Muller. “Nada contra essa homenagear Prestes. Reconheço a importância dele na história política. Mas entendo que a mudança abrirá um precedente grave de alterações de nomes na estrutura do Senado”, disse.
Júlio reiterou que, no Governo Vargas, quando ocupava cargo no Ministério da Justiça, Filinto Muller trouxe para Cuiabá investimentos na área da educação, através do Liceu Cuiabano, do Cine Teatro Cuiabá, e da construção da sede do Banco do Estado.
“No governo do Presidente Médici, Filinto proporcionou obras de asfalto, através do Prodoeste, a Cuiabá, Rondonópolis . Goiânia, São Paulo e Campo Grande, além da abertura da rodovia Cuiabá-Santarém”, afirmou.